DIÁRIO DE BORDO, 21 de Fevereiro de 2012

 

 

O mar está cada mais incerto e perigoso. Prega-nos grandes surpresas. Todos os dias pensamos não ser possível imaginar situações piores do que as que acabamos de enfrentar. Mas passado pouco tempo, às vezes poucos minutos, eis-nos perante nova situação, que excede as anteriores.


A dívida pública portuguesa é invocada regularmente para justificar a situação de estagnação em que o país se encontra, e a política chamada de austeridade (o termo mais adequado seria  plano de despojamento)  imposta aos portugueses. Aos portugueses das classes médias e baixas. Aos das altas não parece que tenha sido assim tanto. Aliás parece mesmo que quase nada. Entretanto querem convencer-nos que devemos muito porque temos andado a viver muito bem, acima das nossas possibilidades. A bordo da Argos temos dúvidas que isso seja assim. Na realidade há entre nós quem pense  que se tem gasto mal em Portugal, mas que não foram propriamente as famílias e os indivíduos comunzinhos.


Parece que a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o banco público português, pronto-socorro, está à beira de perder tanto dinheiro com as suas sucursais em França e com o Banco Caixa Geral em Espanha, como com o BPN. Uns cinco mil milhões de euros. Em Espanha parece que o dinheiro foi-se sobretudo no imobiliário. A CGD terá investido em força na altura em que estoirou a bolha imobiliário. Emprestou muito e teve poucos depósitos. O mercado espanhol foi sempre muito fechado, mas de repente abriu as portas, e lá se foi uma mais uma data de massa. Parece que emprestaram muito, e tiveram poucos depósitos. Seria interessante, melhor dito, é muito importante conhecer em pormenor como é que isto aconteceu. Qual o peso no bolso do contribuinte português, que é quem vai cobrir o défice da CGD? E a dívida pública, em quanto vai aumentar devido a este regabofe?


Na realidade, os bancos dão cabo de nós. Sobre o mui falado e jamais resolvido BPN, parece que a última é que a venda aos angolanos foi ilegal. Para a gente alguma vez perceber as voltas e reviravoltas é muito importante conhecer quem tinha dívidas ao BPN. Se a lista dos devedores vier a público com certeza que ajudará a perceber pelo menos grande parte do negócio. Esperamos que a auditoria à dívida avance, e brevemente. 

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