agenda cultural de 27 de Fevereiro a 4 de Março de 2012

 

 

 

 

 

 

por Rui Oliveira

 

 

 

   1. Na Segunda-feira 27 de Fevereiro, os sons da música dita clássica podem invadir a cidade quer vindos dum dos seus mais velhos “reservatórios” na colina do Chiado, o São Carlos, quer oriundos do lado do rio nesse foco “novo” que é o CCB, pois :

 

   Às 18h dessa Segunda, num ciclo “Viagens na Minha Terra II” em regime de Foyer Aberto (de entrada livre) o Teatro Nacional de São Carlos convidou a conhecida violoncelista portuguesa Irene Lima e o maestro e pianista João Paulo dos Santos para tocar de Gabriel Fauré a Sonata nº 2 em Sol maior op. 117 (1921), de Olivier Messiaen  Louange à l’Éternité de Jésus (do Quatuor pour la fin du temps (1941), de Fernando Lopes-Graça  Página Esquecida (1955) e de Luís de Freitas Branco  Sonata para violoncelo e piano (1913).

 

 O tema de Lopes-Graça Página Esquecida tocado por Bruno Borralhinho violoncelo e Luísa Tender piano em Belgais, 2009

 

   Às 21h da mesma Segunda 27 de Fevereiro  tem lugar no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém o concerto pelo Quarteto Lacerda de lançamento do seu CD de homenagem ao “pai do quarteto de cordas” Joseph Haydn (cujo bicentenário da morte o mesmo celebrara em 2009).

   O grupo, composto por Alexander Stewart violino, Regina Aires violino, Paul Wakabayashi viola e Luís André Ferreira violoncelo, escolheu obras de três períodos distintos da criatividade do compositor austríaco a saber, o primeiro composto, Quarteto de cordas em Si bemol maior, op. 1 nº 1, um do período “Sturm und Drang”, Quarteto de cordas em Ré maior, op. 20 nº 4 e o último completo, o Quarteto de cordas em Fá maior, op. 77 nº 2.

 

O Quarteto Lacerda toca aqui com uma composição onde Regina Aires substituía Marcos Lazaro um outro quarteto de Haydn (op. 64) em 2009

 

 

 

   2. Nos primeiros dias de Março, ou seja Quinta-feira 1, Sexta-feira 2 e Sábado 3, às 21h30, o Maria Matos Teatro Municipal em colaboração com Gulbenkian Música traz de novo à sua Sala Principal a companhia vanguardista nova-iorquina Nature Theater of Oklahoma para ali desvendar o segundo episódio da saga “Life and Times”, um projecto ambicioso em dez episódios que conta a história de vida de uma mulher da classe média americana, em forma de teatro musical, registada em 16 horas de conversas telefónicas que faz um pouco lembrar À la Recherche du Temps Perdu de Marcel Proust.

   Se o Episode 1 (apresentado em Janeiro de 2011) nos transportou até à infância, agora o  Episode 2 revela-nos as suas aventuras nos anos da pré-adolescência: a primeira paixão, as amizades turbulentas, o primeiro cigarro fumado às escondidas. Na sua inteligente e divertida manipulação dos códigos do teatro musical americano, os Nature Theater of Oklahoma escolheram para este episódio o formato do coro (e do chorus line) onde, ao som de sintetizadores, dançam e cantam em garridos fatos de treino, para tentar reproduzir os mais banais pormenores da adolescência.

   Com a direcção (e concepção) de Pavol Liska e Kelly Copper e texto a partir de uma conversa telefónica com Kristin Worrall, a música original é de Robert M. Johanson e Julie Lamendola e a interpretação de Elisabeth Conner, Anne Gridley, Fumiyo Ikeda, Robert M. Johanson, Julie Lamendola e Alison Weisgall.

 

 

 

   3. O Centro Cultural de Belém (CCB) volta a trazer a Lisboa um dos mais conceituados pianistas da atualidade, Stephen Kovacevich, que ali actuará na Quinta-feira 1 de Março, às 21h no seu Pequeno Auditório. No mundo dos espectáculos desde o seu primeiro recital em Londres, no Wigmore Hall, há mais de cinquenta anos, este californiano de origem materna croata tem recebido inúmeros prémios da crítica internacional, sobretudo para as suas interpretações de Beethoven, Mozart, Schubert e Brahms (Grammy 1993 para o Concerto nº1, Diapason D’Or 1993 para o Concerto nº2).

   Neste dia o seu programa de concerto será :

 

Ludwig van Beethoven Bagatelles, op. 126

                                            N.º 1 em Sol maior: Andante con moto                                                    
                                            N.º 2 em Sol menor: Allegro                                                     

                                            N.º 5 em Sol maior: Quasi allegretto

                                            N.º 6 em Mi bemol maior: Presto

                                        Sonata para piano n.º 31, em Lá bemol maior, op. 110               

                                             I. Moderato cantabile molto espressivo

                                            II. Allegro molto

                                           III. Adagio ma non troppo – Fuga: Allegro ma non troppo


Franz Schubert
– Sonata para piano, em Si bemol maior, D. 960                

                                                    I. Molto moderato

                                                   II. Andante sostenuto

                                                  III. Scherzo: Allegro vivace con delicatezza

                                                  IV. Allegro ma non troppo


Nota: Por défice informático só é possível ouvir a interpretação deste artista através deste link http://www.youtube.com/watch?v=vaGJYsfV_bo&feature=related onde Stephen Kovacevich toca as mesmas Bagatelles nºs 5 e 6 de Beethoven do concerto no CCB.


         

 

   4. Na mesma Quinta-feira 1 de Março estreiam duas peças de teatro de índole diversa a que merece prestar-se atenção.

 

   No São Luiz Teatro Municipal, na sua Sala Principal às 21h, inicia uma permanência até Domingo 4 (às 17h30) a peça (co-produzida com o Colectivo 84/C-ao Danado) de Mickael de Oliveira inspirada na Oresteia de Ésquilo e intitulada Boris Yeltsin.

   A peça (diz o programa) propõe uma leitura da realidade baseada na ideia de ‘super-poder’ e da ‘super-ficialidade’ … com que é utilizado pelos representantes das nossas instituições(e aí afasta-se do texto inspirador, ficando o paralelo no juízo de futilidade sobre as decisões políticas que só provocam desastres…). É um espectáculo à volta desta arbitrariedade individual, princípio do prazer egoísta, que condiciona o princípio da realidade dos que compõem a massa, cuja utopia se concretiza legitimamente na aquisição dos desejos e objectos que sempre pertenceram aos nossos super-heróis e que agora se encontram ao seu alcance. E é sobre uma história familiar, em que os complexos de luxo – morais, físicos e intelectuais – que desenvolvemos em relação ao mundo, como verdadeiras doenças contaminantes, encaminham as nossas tragédias”.

   A encenação é de Nuno M Cardoso e são intérpretes  Albano Jerónimo, António Durães, Luísa Cruz e Mafalda Lencastre, entre outros. 

 

   Ali perto, no Teatro da Trindade, é estreada às 21h nessa Quinta 1 de Março, a peça O Libertino  de Eric Emmanuel-Schmitt (autor celebrado pelas peças Pequenos Crimes Conjugais e Hotel dos Dois Mundos) numa encenação (e tradução) de  José Fonseca e Costa com  cenografia de Costa Reis e luz de Eduardo Serra (curiosamente o único Director de Fotografia de Cinema português vencedor dum Óscar da Academia de Hollywood e que aqui aceitou iluminar pela primeira vez uma peça de Teatro).

   Interpretam-na José Raposo (Diderot), Maria João Abreu (Mme Therbouche), Teresa Madruga, Filomena Cautela, Diana Costa e Silva e o Tiago Aldeia. Permanece em palco até 8 de Abril.

   Sinopse : “ Diderot, um inveterado mulherengo, retira-se para descanso num castelo, onde está a ser desenhado por Madame Therbouche, uma suposta retratista que lhe pede que o deixe pintar “tal como a natureza o fez vir ao mundo”. Inesperadamente é solicitado para escrever o artigo sobre Moral para a Enciclopédia, obra a que já se vem dedicando há muito tempo… Enquanto escreve não param as solicitações que dão o mote a uma tarde louca, cheia de interrupções, por parte da sua mulher que se queixa das suas infidelidades, por parte da sua filha solteira, desejosa de engravidar de um homem mais velho e por parte da filha do amigo Barão, deliciosa jovem muito mais sabida do que parece…”  

 

 

 

   5. Neste início de fim-de-semana dois espectáculos musicais interessantes mobilizarão (eventualmente) públicos diferentes.

 

   a) O Teatro Nacional de São Carlos (porventura em compensação pelo seu cancelamento orçamental das óperas Madama Butterfly, Turandot, Francesca da Rimini, Turandot, Don Pasquale) decidiu a encomenda de óperas (para produção sua) a quatro compositores portugueses e exibe-as na Sexta-feira 2, às 20h e no Sábado 3 de Março, às 16h no seu Salão Nobre sob o título “Amor – Traição – Morte – 4 Pequenas Óperas Contemporâneas”.

   Assim, sob a direcção musical de João Paulo Santos, com encenação de Luis Miguel Cintra  e a participação da Orquestra Sinfónica Portuguesa, serão ouvidas em estreia absoluta as óperas :

INÊS MORRE
  de Sofia Sousa Rocha  (libreto Miguel Jesus)

FADO OLISIPONENSE  de Luís Soldado  (libreto Rui Zink)

MANUCURE (delírio futurista a partir de Mário de Sá-Carneiro) de Edward Luiz Ayres d’Abreu

A VIDA INTEIRA  de Tiago Cabrita  (libreto António Carlos Cortez a partir de poema de Ruy Belo)

 

   A interpretação estará a cargo dos cantores/actores Sara Braga Simões, Maria Luísa de Freitas, Marco Alves dos Santos, Mário Redondo e João Merino.

 

   b) A Fundação Calouste Gulbenkian, nesses mesmos dias de Sexta-feira 2 às 19h e Sábado 3 de Março às 16h, põe à disposição do público familiar no Grande Auditório a ópera em um acto (cantada em português)  “Bastien e Bastienne”, que Wolfgang Amadeus Mozart compôs quando contava apenas doze anos de idade.

   Inspirada em Le Devin du Village de Jean-Jacques Rousseau, o singspiel (ópera com texto declamado) “Bastien und Bastienne, K. 46b”, uma obra de contornos satíricos, é uma das primeiras provas inequívocas do génio músico-teatral do compositor de Salzburgo que, “simplifica sem aplanar as questões da natureza e do coração, tão caras ao músico/filósofo e que tanto impacto tiveram na sociedade da época“. Nela  Bastienne é uma jovem pastora apaixonada por Bastien, cujo coração anda distraído com uma representante da nobreza. O desespero conduz Bastienne até ao mago Colas que, com os seus poderes mágicos e de persuasão, conduzirá o par amoroso a um fim reconciliador (é esta a súmula da intriga).

   Encenada por Marie Mignot, nela intervêm a Orquestra Gulbenkian dirigida pelo maestro Jorge Matta e os cantores Luiza Dedisin soprano, Carolina Figueiredo meio-soprano e Manuel Rebelo baixo. Para esta encenação Marie Mignot decidiu explorar a vertente da magia implícita no enredo  e, para o fazer, vai explorar os recursos técnicos do Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian. Brincando com a fronteira entre o espaço da representação, este Bastien e Bastienne  «promete truques e surpresas que valorizam o papel da maquinaria de cena como fonte de inspiração e instrumento de magia».

 

Nota : Por défice informático só é possível ouvir a interpretação dum espectáculo similar através deste link : http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=cjcW4JrXic4&NR=1onde onde Les amours de Bastien et Bastienne  de W.A. Mozart são representados para a TVArte pela Orquestra da Ópera de Rouen (dir. musical: Laurence Equilbey)

 

 

 

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Cordas sobresselentes

 

 

 

      A 27 de Fevereiro (Segunda-feira), na Sala dos Espelhos do Palácio Foz, às 19h30 e com o apoio da Juventude Musical Portuguesa, há um Recital de piano “Fados ao Piano” por Andréa Luísa Teixeira,  pianista-camerista da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás e actualmente doutoranda em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa. A entrada é livre.

 

   Também a 27 de Fevereiro, no Institut Français de Portugal, às 19h, chega ao fim o Ciclo Cinemas do Mundo com “Un Homme qui Crie” (2010), um filme do realizador chadiano Mahamat-Saleh Haroun que marcou presença em Cannes em 2010 vencendo o Prémio do Júri e recebendo três nomeações (Palma de Ouro, Grande Prémio e Melhor realizador), além de outros prémios.

   Com um elenco onde se destacam Youssouf Djaoro, Dioucounda Koma, Emil Abossolo M’bo, Hadjé Fatimé N’goua, Marius Yelolo e Djénéba Koné, o filme é um retrato dramático do conflito de gerações numa cidade cercada. Numa sinopse pode dizer-se :

   “Adam (Youssouf Djaoro) foi campeão de natação e, agora que já passou dos sessenta anos, é responsável pela piscina de um hotel de luxo em N’Djamena, a capital do Chade. O hotel é comprado por empresários chineses quando tropas rebeldes se aproximam da cidade. Os novos patrões querem substituir Adam pelo seu filho Abdel (Diouc Koma), proposta que o pai recebe muito mal por ser uma humilhação social. Ao mesmo tempo, o Governo exige que a população contribua para a guerra com dinheiro ou jovens soldados. Mas Adam não tem dinheiro, apenas um filho…” 

 

Trailer em : http://www.dailymotion.com/video/xdxfrc_2010-bande-annonce-un-homme-qui-cri_shortfilms

 

   Ainda a 27 de Fevereiro tem lugar em A Barraca, às 21h30, mais um dos Encontros Imaginários criados (e moderados) por Helder Costa que o descreve deste modo :  “Os convidados são Miguel de Vasconcelos, personificado por Adérito Lopes ( julgo que ele está muito satisfeito por retirarem o feriado  do 1º de Dezembro, o que ajudará a que o seu papel caia no esquecimento), Catarina da Rússia, a célebre Imperatriz reputada por ser mecenas de Artes, dando origem ao Museu Hermitage, e também pela sua vida privada de intensa e exemplar actividade sexual (representada por Vânia Naia), e Robespierre, “l’Incorruptible” da Revolução Francesa, implacável na utilização da guilhotina que também haveria de o liquidar (na pessoa de Ruben Garcia).

 

   Por último, exibe-se a 27 de Fevereiro na MusicBox, às 22h, a banda de hard rock de Los Angeles House of Lords de James Christian, num concerto adiado desde Novembro passado para divulgar o seu novo album “Big Money”.

 

 

   A 28 de Fevereiro (Terça-feira), no Instituto Cervantes e no rescaldo de mais um encontro Correntes d’Escritas concluido a 27/2 na Póvoa do Varzim, terá lugar uma mesa redonda com a participação de Manuel Moya (Espanha), Care Santos (Espanha), Valeria Luiselli (México), Alfonso Cruz (Portugal), Ana Paula Tavares (Angola), tendo como moderadora Helena Vasconcelos.

   Nesse mesmo dia, inaugura-se no Instituto a exposição De tinta e luz. Um olhar à alma das letras hispano-americanas” com a obra de Daniel Mordzinski, o fotógrafo dos escritores, que trabalha há mais de trinta anos num ambicioso projeto, o “atlas humano” da literatura espanhola e latino-americana.

 

   Ainda a 28 de Fevereiro, as novas instalações do Hot Clube de Portugal ( Praça da Alegria, nº 48), cerca das 22h00, acolhem o lançamento do CD “DocTetos”, que marca a estreia discográfica de António José de Barros Veloso, pioneiro do moderno piano de jazz entre nós. Em palco, numa sessão de entrada livre e gravada pela Antena2, estarão alguns dos músicos que participaram nos 12 duetos que compõe este seu primeiro CD: Art Themen, Bernardo Sassetti, Bruno Santos, Carlos Barretto, Filipe Melo, Gonçalo Sousa, João Moreira, Katt Tait, Laurent Filipe, Maria Anadon, Maria Viana e Marta Hugon.

 

   Lembramos nesta data (28/2) que no dia seguinte, 29 de Fevereiro (Quarta-feira), encerra na Galeria Módulo na Calçada dos Mestres a exposição de Carlos Alberto Correia, intitulada “Grande Paisagem, onde este volta a utilizar a fotografia sendo as diferentes paisagens transferidas para uma das faces de pequenos paralelipípedos de latão.

   Sobre esta exposição diz o artista: “Grande Paisagem, uma instalação que consiste na apresentação de um conjunto de peças que criam um percurso dinâmico onde o observador se sinta atraído. Estas peças, em latão, douradas, com força espacial e com uma imagem fotossensível colocam o espectador numa situação de grande intimidade. Somos convidados a aproximarmo-nos porque estas micro – paisagens requerem tempo para um momento de contemplação. Paisagens que se proclamam de grandes, que no entanto são redimensionadas a uma pequena escala. A noção de uma paisagem bela, com profundidade, assente num suporte dourado com a pretensão de o lugar ser enaltecidos e contemplado”.

 

 

 

   No dia 29 de Fevereiro (Quarta-feira), o Teatro Nacional de São Carlos celebra num Foyer Aberto (de entrada livre), às 18h, um Aniversário Rossiniano (os 220 anos do nascimento de Gioachino Rossini) em que o Coro do Teatro Nacional de São Carlos sob a direcção musical de  Giovanni Andreoli, com a colaboração da soprano Isabel Biu e do pianista Kodo Yamagishi, irá executar um programa cujo pormenor é ainda desconhecido.

 

   Também a 29 de Fevereiro, há no Jardim de Inverno do São Luiz Teatro Municipal, a partir das 17h30, um Dia Extra – A Arte de fazer Ciência , em colaboração com o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, porque : “ As ciências e as artes vivem em territórios muitas vezes sobrepostos, nascem de um mesmo apetite voraz de apropriação e expressão do mundo. Olhar, observar, formular hipóteses, traçar analogias, propor metáforas: não há conhecimento que não resulte da nossa curiosidade, do nosso empenho em decifrar o mundo, da nossa capacidade para lhe encenar traduções”.

   Nesse sentido é aberto o Jardim de Inverno a um conjunto de instalações de Herwig Turk / Paulo Pereira e de Pedro Miguel Cruz capazes de alterar profundamente as nossas convicções sobre as fronteiras entre arte e ciência. Uma hora depois (às 18h30), estes autores, moderados por Carlota Simões, abordam o tema, as obras e, mais filosoficamente, a infinita permeabilidade entre os dois domínios.

   A título de exemplo eis a cartografia inesperada do mundo de Pedro Miguel Cruz em Empires decline – revisited :

                    (ver vídeo e texto explicativo em http://vimeo.com/11506746 )

 

   Ainda a 29 de Fevereiro, das 21h30 às 23h30, reinicia-se no Teatro Ibérico (prolongando-se até 4 de Março) a exibição da AMALGAMA Companhia de dança com o espectáculo Tablao do fado que pretende marcar a fusão essencial do fado e do flamenco, “passando de raspão pelo
tango”
.

   Sob a orientação técnica de Carlos Arroja, conta com a dança de Cláudia Santos, Filipe Nunes, Flávio Silva, Jonas Lopes, Margarida Silva e Sandra Battaglia (que dirige o projecto) e a voz da fadista Cidália Moreira.

 

   A 29 de Fevereiro inaugura-se no Museu Nacional de Arte Contemporânea ou Museu do Chiado a exposição, apoiada pelo Goethe Institut, de Noé Sendas intitulada “Long Distance Relationships  {German diaries & Crystal girls, 2012}” que perdurará apenas até 4 de Março.

   Sobre ela a artista revela : “Em Long–distance Relationships interessa–me pensar nos momentos de pausa efectuados no meio de uma viagem. Situações em que, sentados à mesa de um quarto, quebrados e hipnotizados pelo cansaço, demoramos o olhar em algum pormenor do espaço que nos envolve. Com o lápis na mão e o caderno sobre a mesa recapitulamos de memória o dia já passado, enquanto que o nosso olhar se torna expectante e projectamos o próximo troço de viagem”. E nos German diaries ela debruça-se sobre os seis diários inéditos que Samuel Beckett compilou ao longo da sua viagem pela Alemanha em 1936-37, que são um testemunho do encontro do escritor com uma literatura e filosofia europeias, em particular alemãs, tão diversas e registam o crescente interesse de Beckett pelas artes visuais num período de ruptura histórica em que a tradição europeia livre e de vanguarda na arte alemã começa a ser restringida de forma compulsiva, por uma representação especificamente nacionalista.

 

   A 29 de Fevereiro e a 1 de Março, a Comuna recebe às 21h30 a produção do Teatro Anónimo “Comédia Teatral de Improviso” onde os actores entram em palco sem qualquer texto ou cena memorizada e através de uma série de jogos teatrais, cujas regras são explicadas antes, criam situações, locais, relações e/ou personagens a partir de sugestões dadas pelo público. Os espectadores são assim uma parte activa no próprio espectáculo, que é único e irrepetível.

   Sob a direcção artística de Marco Pedrosa e Alexandre Ferreira, os actores Alexandre Ferreira, Hugo Rosa, João Cruz, Joana Gama, Juan Pereira, Marco Pedrosa, Nuno Barbosa, Rodrigo Machado, Rui Moreira e Telmo Mendes constituem uma equipa rotativa, subindo ao palco em equipas de 4, com experiência em teatro e/ou stand-up comedy.

 

   Ainda a 29 de Fevereiro, às 22h, tem no Cinema São Jorge um concerto que os You Can’t Win, Charlie Brown dão para angariar fundos para uma viagem ao Texas, já que o sexteto lisboeta foi a única banda portuguesa a ser selecionada para participar no South By Southwest 2012 (por muitos considerado o maior e melhor festival de música no mundo). O concerto conta com a participação especial da bateria siamesa dos Paus.

 

   E também a 29 de Fevereiro, na Sala dos Espelhos do Palácio Foz, às 19h, numa iniciativa da Antena 2 da RDP e com o apoio da Juventude Musical Portuguesa, há um Concerto dos laureados do Folefest, o Festival e Concurso de Acordeão de Castelo Branco, cujo programa não foi ainda divulgado.

 

 

   A 1 de Março (Quinta-feira) no hall do Centro de Reuniões do Centro Cultural de Belém, às 22h, há mais uma das sessões Dose Dupla Jazz a dois com entrada livre que será por excelência a noite do jazz tradicional e do swing. Encontram-se ali a cantora nortenha Isabel Ventura, intérprete idiossincrática dos standards clássicos com o pianista (e cantor) anglo-português George Esteves, cuja voz lembra a dos grandes crooners norte-americanos.

 

   Também a 1 de Março, às 21h, no Teatro Estúdio Mário Viegas, a Companhia Teatral do Chiado volta a apresentar todas as Quintas-feiras, a peça “As Putas de Lisboa” com autoria e encenação de Ricardo Bargão e interpretação de Ana Paula Mota, Paulo Silva e Mário Oliveira. O espectáculo  resulta de um trabalho de investigação durante mais de dois anos com base em inúmeras entrevistas a pessoas que se dedicam à mais velha profissão do mundo e, baseando-se em histórias reais, conta as aventuras e desventuras de uma prostituta, um prostituto e um travesti que trabalham nas ruas de Lisboa.

 

   No Ondajazz, às 22h30 de 1 de Março, numa sessão chamada “Girls sing” ouvir-se-ão as vozes jazzísticas de Selma Uamusse, Joana Machado, Mariana Norton, Marta Hugon, Joana Alegre e Joana Reais Pinto.

 

   Ainda a 1 de Março, às 18h30, prossegue na Livraria Bulhosa Campo Grande (nº 10B, loja 8) por iniciativa da Casa da América Latina em colaboração com o Instituto de Estudos Ibéricos e Ibero-Americanos (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, UNL) e do Centro de Estudos Comparatistas (Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa) o Ciclo Grandes Escritores, sendo o vulto hoje focado Jorge Luis Borges (Prémio Cervantes 1979), cuja apresentação ficará a cargo de Ângela Fernandes (FL, UL) sendo a leitura de textos do autor feita por Jorge Cabral.

 

   Por último, a 1 de Março no espaço MusicBox, o Movimento Alternativo Rock (M.A.R.), plataforma digital centrada na
promoção e divulgação “da música portuguesa em português”, celebra o lançamento da sua editora com os concertos de “O Quarto Fantasma” (às 22h30), “MulherHomem” (às 23h15) e “Matilha” (às 0h00).

 

 

   Na Sexta-feira 2 de Março estreia às 21h30 mais uma peça no premiado Teatro Meridional com o título Anjos com Fome. Com encenação e dramaturgia de Natália Luíza e construída à base de poemas de Al Berto, Fernando Pessoa, Herberto Helder, Gastão Cruz, Gonçalo M. Tavares e Teixeira de Pascoaes, tem música original de Fernando Mota e o seu elenco interpretativo é constituído por Ana Lúcia Palminha, Carla Galvão e Susana Madeira.

   Diz o resumo no programa que “São «poemas»  e sonhos de mulheres, onde o feminino encontra os seus referentes em contos de fadas, nas deusas gregas e sempre nas mulheres de muitas histórias e de muitos lugares. Povoado de símbolos que despoletam ou prenunciam diferentes acções, procurámos dar voz aos arquétipos, às imagens primordiais femininas, na constante repetição da mesma experiência realizada durante muitas gerações. Diz a tradição que uma das missões dos Anjos é ajudar a humanidade a aproximar-se de Deus. Aqui, as mulheres são alguns dos “anjos” que têm fome do mundo e de si próprias”.

   Permanece em cena até 15 de Abril e o teatro (que recebeu o “Prémio Europa Novas Realidades Teatrais em 2010) localiza-se na Rua do Açúcar, nº 64 (ao Beco da Mitra, no Poço do Bispo). 

 

   No Auditório do Museu do Oriente, às 21h30 de 2 de Março, o projecto RosaNegra reaparece com um novo CD “Fado Mutante”, uma proposta surpreendentemente renovada que sugere uma linguagem mais intemporal  (não confinada ao nosso passado sefardita e moçárabe como em Fado Ladino) mas formalmente mais contemporânea, perspectivando o fado “como um ser vivo que, pela sua condição, sempre há-de estar em permanente mudança”.

   A banda, dirigida pelo músico/compositor Rui Filipe, tem como principais protagonistas a voz de Jonas, o violoncelo e o clarinete de Sandra Martins, o violino de Cindy, o acordeão, os teclados e as guitarras de Rui Filipe são os principais protagonistas, mas também outros músicos e convidados.  

 

   Também às 21h30 desse 2 de Março, no cinema São Jorge, os Fingertips com a sua nova vocalista Joana Gomes divulgam o seu álbum “2” a lançar em breve e com que pretendem iniciar uma digressão nacional.

 

   No Ondajazz, às 22h30 de 2 de Março, o showFrench Swing Café” permite voltar a reunir o quinteto de luxo constituído pelos portugueses Rui Silva (contrabaixo) e Jorge Silva (piano/acordeão), os brasileiros Gabriel Godoi (guitarra e voz) e Milton Batera (bateria) com a voz da francesa Sylvie C. e relembrar o seu CD “La Vie en Rose” (2006) onde estes músicos reinventam o swing dos anos 20, 30 ou 40 e nos remetem para a idade de ouro do Jazz.

Nota : Por défice informático só é possível ouvir a interpretação destes artistas através deste link http://www.youtube.com/watch?v=pKfdfh3a4_M
 

   No MusicBox, às 0h00 de 2 (para 3) de Março, actua o cantor/compositor/guitarrista inglês Fink, autor do recente Perfect Darkness, onde a fusão de folk, dub e blues que tem construído chamou a atenção de artistas como John Legend, Ximena Sarinana, Professor Green ou Amy Winehouse, que o convocaram para colaborações.

Nota : Por défice informático só é possível ouvir a interpretação deste artista através deste link  http://www.youtube.com/watch?v=xELIJ7FrS2M&feature=player_embedded#!  

 

   Finalmente às 18h30 de 2 de Março, no Institut Français de Portugal há um encontro filosófico entre José Gil (autor de O Medo de Existir, professor de Estética e Filosofia na Sorbonne e na FCSH) e Gisèle Berkam, autora do livro em debate “L’effet Bartelby, Philisophes lecteurs” (Editions Hermann, Fictions pensantes, 2011), livro que interroga os comentários que, de Blanchot a Deleuze, passando por Derrida, Agamben ou Badiou, contribuiram para dar ao texto “Bartelby” de Herman Melville, um estatuto especial.

 

 

   No Sábado 3 de Março, no Jardim de Inverno do São Luiz Teatro Municipal, há mais um concerto Nuno Vieira de Almeida & Convidados às 18h30 sob o tema Vera Mantero : Ela também Canta. Com Vieira de Almeida ao piano, serão abordadas pela voz de Vera Mantero canções populares de Charles Trenet, Tom Jobim, Cole Porter, Stephen Sondheim e Friedrich Holländer.

 

   No Ondajazz, às 22h30 de 3 de Março, é a vez de ouvir a voz nova de Joana Espadinha, acompanhada por Afonso Pais  guitarra, João Firmino guitarra, Nelson Cascais contrabaixo e Andre Sousa Machado bateria.

 

   Também a 3 de Março, a Galeria ZDB, às 23h, apresenta o “velho” cantor americano de R&B/soul  Glenn Jones, parceiro de John Fahey (com quem gravou o sublime “The Epiphany of Glenn Jones”) para tocar na guitarra acústica as suas novas texturas melódicas, “afundadas no mago da memória americana, ampliadas por um virtuosismo transversal ancorado nos blues (do Mississipi) e na folk”.

   Será precedido pelo guitarrista português Filho da Mãe.

 

   Por último, no espaço MusicBox, no final de 3 de Março, às 0h00, pode ouvir-se Martina Topley-Bird, uma voz certamente relevante – embora discreta – das duas últimas décadas,  sendo o seu Maxinquaye (1995), álbum do ano para a New  Musical Express, um disco fundamental para a música. À sua carreira a solo, soma diversas colaborações com músicos como Tricky ou Massive Attack.

Nota : Por défice informático só é possível ouvir a interpretação deste artista através deste link http://www.youtube.com/watch?v=hCXF7slaBaM&feature=related

 

 

   No Domingo 4 de Março, há apenas no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, às 11h30, mais uma Caixa de Música – Concerto para as famílias onde a Orquestra de Sopros da Metropolitana, sob a direcção musical de Reinaldo Guerreiro, irá executar um programa de gosto universal que inclui :

        John Williams – Saga Star Wars (arr. Johann de Meij)

        Modest Mussorgski – Uma Noite sobre o Monte Calvo (arr. Marco Tamanini)

        John Williams – Temas do filme “Indiana Jones” (arr. Shans van der Heide)

        Vários – Fantasia Disney (arr. Naohiro Iwai)

        Lalo Schifrin – Tema do filme “Missão Impossível” (arr. Toshio Mashima)

 

   

   Aproveitamos este fim-de-semana tão parco para uma reflexão cinematográfica sobre o conteúdo da mesma, em que o suspense deixado em aberto no Pentacórdio anterior (por o não ter visionado) se resolve no sentido de aconselhar vivamente a visão de “Le Havre” de Aki Kaurismäkin pela simplicidade linear de meios, pela clareza duma visão humanista e esperançosa, pelo estilo retro mas surpreendentemente moderno do finlandês. O final optimista da salvação quer do imigrante clandestino, quer da mulher em doença terminal não surge como irreal, mas como um desejo possível tal como a imagem final da cerejeira em flor. Notável ! 

   Dois outros filmes permanecem com uma crítica mediana, onde duas boas actrizes disputam o favor público (mas de que também só falaremos após a sua visão), “A Dama de Ferro” de Phyllida Lloyd e “Alfred Nobbs” de Rodrigo Garcia. Confirmemos, pois, se, como admite um crítico parcial, não é preferível admirar Meryl Streep que “desaparece” dentro do seu travesti de Thatcher do que observar Glenn Close que, embora masculinizada, nunca “deixa de se ver” em Nobbs.  E há ainda um Spielberg que alguns dizem excessivamente convencional …

   Ia deixar-vos com o trailer de “Le Havre” (cujo link é http://www.youtube.com/watch?v=oKzHv6A5Or0 ) mas a “teimosia” informática deste vídeo “obriga” a fazer-vos apreciar o 1º andamento do Quarteto de cordas em Ré maior, op. 20 nº 4 de Joseph Haydn tocado pelo Attaca Quartet em Fevereiro de 2011, uma das peças do concerto do Quarteto Lacerda que mencionamos acima a abrir o Pentacórdio.

   Boa semana !

                                      

 

 

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