Que respostas à crise da zona euro? Por Jean-Louis Bianco e Philippe Douste-Blazy

Selecção e tradução por Júlio Marques Mota

 

 

TRATADO EUROPEU

 

Jean-Louis. Bianco, MP PS, antigo secretário-geral do Eliseu, conselheiro de François Hollande: “os tratados foram assinados, eles não foram ratificados.” Não é um caminho fácil, há um número de países europeus onde isto levantará grandes problemas. Às vezes, eles devem  fazer a escolha do referendo. E além disso não se esqueça que, semana após semana, o plano de austeridade infernal em que a Grécia está sujeita coloca as opiniões  públicas contra esta visão excessivamente legalista e punitiva da Europa. Por conseguinte, mesmo se não houvesse nenhuma mudança eleitoral, considero que a ratificação do Tratado não seja dada por  adquirida. (…) Pode-se mexer num certo número de coisas. E há uma parte que é evidente, é necessário  solidariedade. É necessário fazer mais  e fazer mais cedo. “Temos de conseguir juntar as obrigações europeias para que se mutualize a dívida Europeia.”

 

Philippe Douste-Blazy, antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros, apoio de François Bayrou: “Eu não creio que é por ir ver ou não ver Merkel que François Hollande pode resolver o problema de um Tratado.” Pode tomar-se este Tratado, refazer um outro a seguir, então ele pode trabalhar para melhorar os textos, é possível. Mas fazer crer  que uma vez indo a  Berlim, poderá resolver o problema, isso não é verdade. No entanto, penso que a Europa sofreu muito nesta crise mas que ela se reforçou. O grande tema da eleição presidencial, para mim, a nível europeu, é passar do período de resposta urgente para uma nova governação. “Eu acho que deve haver um Presidente da zona euro, com um secretário-geral, um ministro das finanças e um Ministro da indústria da zona do euro”

 

AJUDA À GRÉCIA 

 

J.L.B.: “Eu acho que nós estamos a matar o doente, e digo-o muito seriamente.” O que é imposto sobre a Grécia é profundamente injusto – e é sempre mais, sempre mais. O poder de compra dos gregos foi reduzido em 25%, será ainda diminuído de  mais 25%, e há muito tempo de atraso para se tomarem  medidas para que toda gente pague  o imposto, para se  repatriar dinheiro, para se reduzir os orçamentos militares. A Europa errou no seu  diagnóstico  porque se está perante uma política ultra-repressiva , e de toda a  maneira, digamos, que é mesmo uma política de desprezo,  de um certo número de países do Norte da Europa sobre o tema “os países do Sul gerem mal”.  Isto vem, em especial, da  Alemanha e deve ser conhecido.”


P.D.B. Fez-se um enorme erro logo no início: o Banco Central Europeu deveria ter dito, logo, desde o primeiro dia, que era garante perante todos os bancos  que tinham dívida grega.” E os especuladores nunca teriam atacado. Agora estamos numa situação onde se corre sempre atrás e permanentemente. (…) Abandonar a Grécia seria um erro colossal. O que é necessário, é mostrar que países como a Grécia – amanhã, poderá ser Portugal, a Espanha ou a Itália – não podem  ser abandonados aos mercados  e não podem ser atacados  pela especulação. Hoje, este é o grande tema da Europa. Se não se conseguir fazer isto, em seguida, é claro, será a confirmação de um falhanço. “Devemos ter, e imediatamente, uma governação económica, muito mais de uma  Europa  política, e  vgeremos que assim a Europa será respeitada.”


J.-L. B. : “As consequências (de uma falência da Grécia) seriam  catastróficas.” Primeiro, para os gregos, porque estes seriam apanhados numa situação de muito mais fragilidade ainda do que já estão hoje  – simbólica, politica, psicologicamente, mas também virtualmente através da guerra que as agencias de rating fazem  sobre os títulos de dívida soberana.  A mecânica infernal da especulação financeira, da dívida pública, das agências de notação, faz com que , de seguida, a situação se estendesse a outros países. .”

 

Jean-Louis Bianco, antigo Ministro.

 

Philippe Douste-Blazy, antigo ministro, conselheiro do Secretario geral da ONU.

 

Afirmações recolhidas por  Luc Bronner, Gilles Leclerc e Jacques Monin, Le Monde 

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