Novas Viagens na Minha Terra, Série II, Capítulo 74. Por Manuela Degerine.

Um Café na Internet

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Num Jardim da China: as crianças

 

 

        Dois rapazes brincam com pássaros, que lhes poisam nas mãos, enquanto o terceiro traz uma gaiola; mais adiante dois outros miúdos aproximam-se das flores – terão visto uma borboleta? Noutro grupo os pequenos divertem-se com um caranguejo enquanto o terceiro, mais crescido, observa a brincadeira. À beira do lago, abre-se uma porta, duas mulheres espreitam e, junto delas, um menino cuja mão esquerda está oculta no interior da longa manga.


        Estes rapazes usam roupas coloridas, calças largas e compridas, casacos que lembram roupões, sapatos que parecem de pano preto ou vermelho. O mais estranho é o penteado: a cabeça encontra-se totalmente rapada mas deixaram-lhes uma mecha de cabelo comprido no cimo da testa, enrolado numa espécie de carrapito preso por uma fita.


     Exceto o mais pequeno, acompanhado por duas mulheres, os miúdos prosseguem os seus jogos enquanto a maioria dos adultos, amos e criados, participa numa cerimónia pomposa. Os rapazes parecem dispor de liberdade nos interstícios desta casa labiríntica e, por serem crianças, não respeitam a separação dos espaços masculino e feminino; alguns aparecem do lado esquerdo do biombo. As brincadeiras relacionam-se com o lugar onde vivem: o caranguejo talvez venha do lago, os pássaros, mesmo amestrados, são um complemento das árvores onde, sem dúvida, em dias de menos tumulto, outros pássaros cantam.


      Distinta é a situação das raparigas: não vemos nenhuma a brincar. Aliás identificamos inequivocamente apenas uma; de pé, junto à Primeira Esposa, representa um papel neste evento social.


       As esposas, as concubinas, as criadas são necessárias, quantas mais, melhor, realçam o estatuto de uma alta personagem, em contrapartida as filhas em nada contribuem para engrandecer o Senhor, pois terá que pagar um dote para as casar numa família que o dignifique. Podemos portanto concluir que a circunstância de haver aqui numerosos rapazes e poucas raparigas sublinha não só o poder do Dono da Casa mas até a proteção divina de que ele beneficia.

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