Depois de muito palmilhar, de tropeçar em ruinas romanas a cada esquina, demos com a Praça de Espanha, a sua imponente escadaria e a fonte de Trevi de onde não vi a Anita Ekberg sair. Tentando fugir ao bulício – era domingo e a praça estava ao rubro de agitação – dei com o café Greco. Fundado em 1760 e por onde passaram figuras notáveis da cultura : Casanova, Luis da Baviera, Stendhal, Goethe, Byron, Liszt, Ibsen, Andersen, Mendelssohn. Percorrendo-o conseguimos imaginar o anterior clima, e apetecia-nos ter a vida calma que permitia ali passar tardes inteiras. Cá por mim só pude tomar um café – excelente, por sinal.
Vendo as informações turísticas percebi que numa das esquinas da Praça fica a casa onde Keats tinha falecido.
John Keats(1795-1821), doente, instalou-se em Roma na Praça de Espanha, no ano de 1820. Foi sepultado no cemitério protestante de Roma, perto da pirâmide de Caius Cestius. Próximos dele iria jazer no ano seguinte outro poeta inglês, Shelley, que ao ser retirado do mar onde morrera afogado trazia num dos bolsos o livro de Keats.
Diz-nos o site “Vidas lusofonas” sobre este poeta: “Poeta inglês. De origem modesta, estuda e pratica Medicina até aos vinte e dois anos, altura em que abandona esta profissão e publica o seu primeiro volume de Poems.
Três anos mais tarde, já seriamente afectado com tuberculose, publica uma série de poemas escritos numa rápida sucessão, entre os quais se encontram alguns dos mais belos da língua inglesa: Lamia, Isabella, The Eve of Saint James and Other Poems, La belle dame sans merci, um soneto, Bright Star, e Otho the Great, teatro. Num último esforço para cuidar da sua saúde parte para Itália, onde morre aos vinte e cinco anos.
A poesia de Keats vem a ser um culto incontaminado e puro à beleza e à arte; de facto, Keats não tem nenhuma
mensagem para expressar, nenhuma teoria para defender: a sua arte, simples, sensual e apaixonada, procura a beleza em si mesma e apela directamente aos sentidos, não à razão ou ao pensamento.”
A casa onde viveu, um prédio de cinco andares, bem ao pé da escadaria famosa, foi aberta ao público em 1909, contendo uma considerável colecção de pinturas, escultura, manuscritos e primeiras edições dos poetas Keats, Shelley e Byron. Já na altura seria o que hoje vemos: uma bela praça, a de Espanha, bem alegre, cheia de gente, já com a bela fonte de Bernini no final da Via Condotti.