Movimentos civis e militares anteriormente organizados, falharam porque aspectos considerados menos
importantes foram descurados. Os homens do MFA sabem isso. A questão relacionada com a senha, ou melhor, com as duas senhas, merecem-lhes toda a atenção.
Às catorze horas, no jornal República sai uma curta notícia, intitulada «LIMITE», com o seguinte teor: “O programa «Limite» que se transmite em Rádio Renascença diariamente entre a meia-noite e as 2 horas, melhorou notoriamente nas últimas semanas. A qualidade dos apontamentos transmitidos e o rigor da selecção musical, fazem de «Limite» um tempo radiofónico de audição obrigatória.»
Por essa mesma hora, o majorNeves Rosa comunica a Otelo que o último elemento de ligação tinha cumprido a missão.
Às quinze horas, há um encontro decisivo de Carlos Albino com Manuel Tomás (técnico da Rádio Renascença e um dos responsáveis pelo programa Limite que regressara de Moçambique com fama de democrata) para a execução da senha e garantia da sua transmissão. Refira-se que, sendo o Limite um programa independente, era obrigado a passar por duas censuras: a da Rádio Renascença e a oficial, esta última corporizada num coronel que acompanhava as emissões em directo e visava previamente os textos. Para maior segurança, retiram-se dos estúdios para um local mais resguardado.
Às quinze e trinta estão ambos na Igreja de S. João de Brito, simulando rezar, combinam todos os pormenores técnicos da senha. A senha é garantida sob o olhar do santo.