MOVIMENTO DE VIATURAS LOGÍSTICA
“A Logística é o ramo dos conhecimentos militares que tem por fim proporcionar às Forças Armadas os meios humanos e materiais necessários para satisfazer as exigências de guerra.” Serviço de intendência: abastecimento de víveres, combustíveis e lubrificantes, de fardamento, calçado, equipamentos e material de aquartelamento. Em Angola, no início da guerra não existia estrutura capaz de apoiar as unidades do Exército, que chegavam em ritmo crescente, e a sua criação assentou no estabelecimento de uma base logística em Luanda e na divisão da região militar em duas áreas logísticas, uma englobando o Norte (ZIN) e a outra o restante território. Os reabastecimentos processavam-se a partir de Luanda aonde serviços estavam centralizados.
A partir dos depósito-base dos vários serviços eram enviadas para as unidades remessas periódicas dos artigos requisitados, em transportes terrestres, marítimos e aéreos, civis ou militares. Os abastecimentos eram levados para todo o território de Angola, excepto Cabinda, em viaturas militares ou civis fretadas, através dos movimentos logísticos, os MVL, como ficaram conhecidos. A Força Aérea e a Marinha participaram também no sistema de transporte. A partir de Caxito todos os MVL eram escoltados por grupos de combate, para a região dos Dembos, tais como: Quicabo, Balacende, Beira Baixa, Nambuangongo, Maria Fernanda etc.
Um dia chegamos a Nambuangongo escoltando o MVL, e as ordens eram para regressar imediatamente a Balacende, quando estávamos para iniciar a marcha, vêm o 1º Cabo Amadeu e diz: Furriel Cruz o “porras” do Silvério tirou a cavilha a uma granada, e agora está “aflito” o que faz com a mesma? O Cruz vai ter com o Alferes Pereira e informa-o do mesmo, este vai dar conhecimento a quem de direito, que na picada a cerca de 2 km de Nambo se iria “estourar” a granada, quando íamos a subir para o Unimog (burro do mato) o Cruz escuta o Amadeu a dizer para o Silvério: meu sacana se tu largas essa porra, antes de a lançares eu dou-te um tiro. O Cruz comentou para os seus botões, dás sim, talvez no outro Mundo, porque na viatura eles iam ao lado um do outro. E numa curva da dita picada entre Nambo/Beira Baixa o rapaz Silvério procedeu ao lançamento de uma granada defensiva. UNIMOG O Unimog oferecia algumas qualidades tais como: força, robustez, durabilidade e confiabilidade, veículo ideal para operações em terrenos íngremes e acidentados. Na guerra do Ultramar, normalmente servia para o transporte de uma Secção de Combate (6/8 homens) em diversas operações no terreno. Era conhecido como “Burro do Mato” pelo facto de ser alto e estreito, com a distância dos eixos muito curta, e o seu comportamento em picadas com buracos ou terreno acidentado, dava a sensação de um burro aos pinotes. O pessoal tinha que ir sempre bem agarrado, senão iam borda fora. Um dia o Cruz (escolta nocturna) com a secção não foram pela borda fora mas sim por uma ribanceira abaixo, porque iam todos a dormir, felizmente ninguém se feriu, e o “burro” voltou à picada pelos seus meios.