Na acção psico-social e reordenamento das populações, a acção das nossas tropas foi relevante, conseguindo-se resultados muito positivos com o regresso das populações, excepto à do Zôvo, Funda e Tximinha (região de Caúngula). De salientar a captura na mata de diversos elementos civis pertencentes ao Congo (Kinshasa).
Notou-se também uma melhoria nos abastecimentos de material e géneros frescos à nossa companhia pelo P. INT (Pelotão de Intendência) e FAP (Força Aérea Portuguesa) elevando os níveis do moral dos nossos militares.
Registou-se também uma baixa no Quadro Orgânico da Unidade, o 1ºCabo António Joaquim da Silva Carvalho, motivada por desastre em serviço numa escolta, tendo sido evacuado para o HMP.
Efectuaram-se diversas inspecções de Contabilidade e outros assuntos de Secretaria, assim como várias visitas do tenente-coronel de Infantaria Segismundo da Conceição Revés, comandante do Batalhão de Caçadores 1982.
Durante o mês de Setembro de 1968, houve um reforço dos patrulhamentos, destacando-se o bom empenho no controlo das populações civis e a obtenção de informações pelas secções do Destacamento do Cuílo sob o comando do Alferes Miliciano de Cavalaria António Abreu Pires Pereira, que se reflectiu na resposta enérgica da sanzala Caúngula (Cuílo Velho) repelindo um ataque dos bandoleiros do grupo «Noé» provocando dois mortos e dois feridos nas hostes inimigas, fugindo os restantes elementos para os seus santuários na República Democrática do Congo.
Numa operação secreta, para o ataque a Shauianga onde se localizava o acampamento base do inimigo em território da República Democrática do Congo, um avião de transporte militar (Nord 2501-F Noratlas com o registo de matrícula nº. 6404) da Força Aérea Portuguesa (FAP), aterrou ao final da tarde na pista do Aeródromo de Manobra (AM42) no Camaxilo, e desembarcou um contingente de tropas «fiéis» catanguesas, que de imediato foram transportadas em viaturas Unimog para a parada da nossa unidade e posteriormente encaminhados para o refeitório, onde lhes foi servida uma refeição quente. Equipados com fardamento, armamento e munições não usadas pelas tropas portuguesas, foram pela calada da noite, acompanhados por elementos da PIDE/DGS e com escolta de dois grupos de combate das nossas tropas, deixados na fronteira com a República Democrática do Congo. As nossas tropas (NT), fazendo cobertura de apoio ao regresso aos elementos catangueses, posicionaram-se na fronteira, emboscando trilhos pedonais usados habitualmente pelos bandoleiros. O relatório da operação, refere inúmeras baixas causadas ao grupo da UPA.
No mês de Outubro de 1968, a Companhia continuou a patrulhar a zona fronteiriça, desta vez com duas secções e elementos fiéis da população civil da região de Caúngula, tendo havido reencontros com o inimigo, causando-lhe baixas e destruindo o seu acampamento.
Houve neste período mudança no comando da Companhia, ocasionando oscilação no seu modo de actuar no terreno. O pessoal rapidamente se adaptou, contribuindo para mais alguns êxitos operacionais neste período.
A Companhia, deixou de ser comandada interinamente pelo Alferes Miliciano de Cavalaria Hernâni Duarte da Silva Rodrigues, passando o comando a ser exercido também interinamente pelo capitão de Infantaria Luís Armando Florenço Tovar de Lemos.
No início de Novembro de 1968, novas operações com a colaboração de elementos fiéis da população civil, registaram êxitos na zona anteriormente referida e agora também em Canzage.
Nova alteração no comando da Companhia, saindo o capitão de Infantaria Luís Armando Florenço Tovar de Lemos por impedimento psíquico, e entrando o capitão de Infantaria Manuel Carreiro Barbosa. Apesar do curto espaço de tempo que este oficial comandou a unidade, conseguiu implementar aos seus subordinados, um espírito de trabalho, disciplina e moral, proporcionando mais regalias (alimentação e viaturas) do Comando do Batalhão, Intendência e Comando da Zona Militar Leste (ZML).
Mais uma vez houve alteração no comando da unidade, motivado pela transferência capitão de Infantaria Manuel Carreiro Barbosa para uma outra unidade, tendo sido nomeado o capitão de Infantaria Rui Fernando Leal Marques que alegando também impedimento psíquico, foi de imediato substituído pelo capitão de Artilharia José Henrique Rola Pata.
De notar que neste período, registaram-se algumas baixas no Quadro Orgânico da Companhia, com bastantes militares em consulta externa.
Começou, nos inícios de Dezembro de 1968, a Companhia a adaptar-se aos procedimentos do novo comandante que, apoiado pelas informações da PIDE/DGS e pelas informações militares, implementou uma maior dinâmica operacional, dando uma maior visibilidade do nosso empenho junto das populações civis, ajudando-os na reconstrução de sanzalas e prestando o apoio psico-social.
Neste período, com reforço de pessoal da Companhia de Caçadores 205 (sediada no Lubalo), elementos do Batalhão de Caçadores 1920, Companhia de Cavalaria 2331 e Apoio Aéreo da FAP, efectuaram-se mais duas operações, com população fiel na região de Caúngula, de que resultaram êxitos semelhantes aos anteriores, com inúmeras baixas ao inimigo.
Regista-se a má qualidade da alimentação na sede da Companhia no Camaxilo e no destacamento de Caúngula, reflectindo-se na festa de Natal.
Acresce ao Quadro Orgânico da Companhia o Furriel Miliciano SAM – José Manuel Rosado Pinto preenchendo a vaga deixada pelo Furriel Miliciano SAM – Arlindo da Silva Miguel.
Impulsionados pela dinâmica operacional do comando, iniciamos o mês de Janeiro de 1969 com redobrada movimentação nos patrulhamentos (operações de quadrícula), reflectindo-se finalmente com a retirada de «Noé» e do seu grupo, calculados em cerca de 300 elementos UPA para outras zonas, já relativamente distantes da região do Zôvo ( Caúngula).
No mês de Fevereiro de 1969, não se reduziu a actividade das nossas tropas mantendo-se estreita vigilância sobre a zona fronteiriça, colaborando com as populações civis. Neste mês, a Companhia completou o seu primeiro ano, na sua zona de intervenção.
De referir que, o Furriel Miliciano SAM – José Manuel Rosado Pinto por terminando a sua comissão de serviço, foi substituído pelo Furriel Miliciano SAM – Carlos Manuel Ribeiro Ferreira.
Durante o mês de Março de 1969, a Companhia, apoiada por uma importante rede de informações, continuou com frequentes patrulhamentos na totalidade da sua zona de intervenção, contribuindo para que a população civil se sentisse segura em relação aos bandoleiros da UPA.
Quanto aos assuntos internos da unidade, o problema das instalações, da alimentação, do mau estado das picadas e pontões, não ficaram de acordo com os desejos e necessidade do pessoal.