agenda cultural de 21 a 27 de Maio de 2012

 

 

 

 

por Rui Oliveira

 

 

 

Cordas sobresselentes (1ª parte)

 

 

 

 

   Na Segunda 21 de Maio, às 21h30 em A Barraca, há o habitual Encontro Imaginário com texto e encenação de Hélder Costa entre as personagens de Göring, Chu En-Lai e Leonardo da Vinci  representados respectivamente por Ruben Garcia, Adérito Lopes e João D’Ávila.

   A trama é introduzida pelo autor com o seguinte texto : “ Como  o nazismo voltou a estar na moda com as eleições democráticas da França e da Grécia e com o aparecimento do assassino e  ideólogo Breivik na civilizada, evoluída e moderna Noruega, chamamos Göring, o nº 2 do regime nazi alemão, para nos contar o incendio do Reichtag e a sua paixão pela pintura concretizada no roubo de 140.000 obras … Facto que irá discutir com Leonardo da Vinci, o génio do século XVI de múltiplos talentos, um  verdadeiro “Príncipe da Renascença”. E o 3º convidado é Chu-en- lai, o génio da diplomacia chinesa, criador da 3ª força politica mundial: o 3º Mundo, englobando os novos países que se libertavam do colonialismo de Africa, Asia e America Latina, e outros que não se sujeitavam à inevitabilidade de terem de escolher entre o bloco dirigido pelos Estados Unidos e a União Soviética”. 

 

   Também na Segunda 21 de Maio, às 18h30, na Sala 2 da Culturgest  decorre a conferência “Recuperação e restauro de salas de espectáculos” pelo Arq. Vitor Mestre e Eng. João Appleton, a segunda dum ciclo semanal dedicado à reabilitação de teatros antigos para a conquista de novos públicos.

 

 

 

   Na Terça 22 de Maio, realiza-se no ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão), às 19h, mais um Concerto Antena 2 (de entrada livre) no qual intervem o conjunto Artensemble, constituído pela venezuelana Ana Beatriz Manzanilla (actualmente na Orquestra Gulbenkian) e por Rui Guerreiro (hoje na Orquestra Sinfónica Portuguesa) ambos nos violinos, pelo venezuelano Pedro Saglimbeni Muñoz (também na OSP) na viola e pela eslovena  Ajda Zupancic (igualmente na OSP) no violoncelo.

   Do programa do concerto constam de Frederico de Freitas  Sonata para violino e violoncelo e de Maurice Ravel  Quarteto de cordas em fá maior. 

   Como esta actuação é a réplica da que noticiámos em 12 de Março passado no T.N.S.Carlos (ver http://aviagemdosargonautas.blogs.sapo.pt/1120114.html) onde mostrámos o Artensemble tocando Schubert, eis aqui a peça de Ravel deste programa executada no ano de 2010 pelo Quatuor Voce, um quarteto francês “filho” do Quarteto Isaÿe :

 

 

 

 

   Na Quarta 23 de Maio, o ciclo Isto é Jazz ? dá oportunidade a ouvir-se na Culturgest um concerto dum free jazz vigoroso (e político) pouco habitual entre nós. Será no seu Pequeno Auditório às 21h30 com a actuação do Trespass Trio + Joe McPhee.

   Como assinala o programa, este projecto (originário da Suécia e da Noruega) de Martin Küchen (saxofones alto e barítono), Per Zanussi (contrabaixo) e Raymond Strid (bateria) não se fica pela sua matriz estilística: nele reconhecemos ainda o tipo de energia identificatório do rock, como também a rítmica e até o entendimento da melodia próprios da África ancestral, objecto de estudo do líder do grupo. Esse apelo à percepção e à consciência é reforçado pela mensagem intervencionista e de protesto transmitida pela música, pois Martin Küchen é um conhecido militante da causa palestiniana e um crítico acérrimo do sionismo e da política externa dos Estados Unidos.

   Não surpreende, pois, que nesta vinda a Portugal o trio se transforme num quarteto com a participação de um convidado muito especial, o americano Joe McPhee, figura pioneira do free jazz de cunho político que se identificou com o Black Power e com as lutas emancipatórias de Martin Luther King e Malcolm X e merecedor, para muitos, de um lugar na história do jazz livre, ao lado de John Coltrane, Ornette Coleman e Albert Ayler.

   Mostramos aqui uma actuação do Trespass Trio na Eslovénia em 2011 e, por contraste, uma homenagem recente (2009) de McPhee a Old Eyes de Ornette Coleman em New York :

 

 
 

 

 

 

 

   Também na Quarta 23 de Maio, chega ao Teatro da Politécnica (vindo do Centro Cultural Malaposta e permanecendo até 9 de Junho), às 21h, “Acamarrados” de Enda Walsh (em tradução de Joana Frazão), numa produção deAntónio Simão, com Carla Galvão e António Simão.

   Sinopse : Um pai e uma filha presos a uma cama suja. Cada um deles conta compulsivamente a sua história: o pai fala da ascensão e queda no Empório de Mobília Robinson, a filha de um dia de passeio na praia, das histórias que a mãe lhe lia – do que quer que seja, desde que encha o silêncio. Até que as histórias se cruzam, neste momento e nesta cama, onde é tudo frenético, cruel e feio, mas onde talvez seja finalmente possível uma verdadeira conversa entre os dois, e talvez consigam então parar e dormir.

 

 

   Na Quinta 24 de Maio, estreia ao público no Teatro Camões, às 21h, um espectáculo duplo composto pela 1º exibição dum filme seguida da 1ª apresentação na sede da Companhia Nacional de Bailado (CNB) dum bailado estreado no CCB em 2010.

   A curta-metragem “La Valse” é uma encomenda/desafio da CNB ao realizador João Botelho e ao coreógrafo Paulo Ribeiro para que explorassem a composição de Maurice Ravel  La Valse, un poème chorégraphique (aqui na versão musical da Orchestre du Théâtre des Champs-Élysées sob a direcção musical do Maestro Pedro de Freitas Branco em 1953) e concebessem um olhar cinematográfico sobre o movimento dos corpos (usando os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado).  

 

   Segue-se “A Sagração da Primavera”, uma coreografia de Olga Roriz para a Companhia Nacional de Bailado, sobre a música de Igor Stravinski  Le Sacre du Printemps, com cenografia de Pedro Santiago Cal e figurinos de Olga Roriz e Pedro Santiago Cal.

 

 

 

 

   Ainda a 24 de Maio (Quinta), estreia no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, às 21h (prolongando-se até Domingo 27/5) “Anatol”, uma peça de Arthur Schnitzler (em tradução de Ludwig Scheidl) numa direcção artística de Tónan Quito e interpretação de  Joana Bárcia, Miguel Borges, Mónica Garnel, Sérgio Praia e Sofia Marques.

   Explicita o programa que : “O ciclo Anatol (1893), é uma peça composta por sete peças de um acto (episódios), faz uma crítica social, tomando por referência as relações íntimas do homem e da mulher. Anatol é um solteirão solitário, sem família, sem profissão, sem idade, sem ocupação, desiludido e decadente que busca a sua afirmação pessoal no amor e que sacrifica a dignidade da mulher ao procurar impôr as suas leis – mas sai vencido e humilhado. E não podia ser de outro modo. A mulher não é o elemento passivo, um simples objecto de prazer, vítima dos caprichos e da obsessão doentia de Anatol, marcado pelo ciúme; ele próprio acaba por ser a única vítima das suas obsessões – de facto ele foi o usado, sempre que recusou o amor da mulher emancipada …” 

 

   Também a 24 de Maio estreiam mais dois eventos do Alkantara Festival 2012.

 

   Na Biblioteca Nacional, em co-apresentação com a Culturgest e até 9 de Junho, das 14 às 19h em sessões de 20 min, mostra-se “The Quiet Volume” de Ant Hampton & Tim Etchells.

   The Quiet Volume é um espectáculo sussurrado, autogerado e “automático” (Autoteatro) para duas pessoas de cada vez, explorando a tensão particular que se encontra em qualquer biblioteca; uma combinação de silêncio e concentração dentro da qual se desenrolam experiências de leitura diferentes para cada um. Dois espectadores/participantes sentam-se lado a lado. Recebendo deixas de palavras escritas ou sussurradas, dão por si a abrir um caminho improvável por entre uma pilha de livros. A peça expõe a intrigante magia que existe no centro da experiência de leitura, deixando que os mecanismos que julgamos internos se debrucem sobre o espaço envolvente, abrindo porosidades entre a esfera de um e outro leitor.

   Da sua estreia em Ciudades Paralelas em Berlim (Setembro 2010) obteve-se este registo :

 

 

 

 

   Entretanto no Museu da Electricidade, às 21h30 (repetindo no dia seguinte) o colectivo holandês Schwalbe (em tradução andorinha, mas também espia género Mata-Hari) cria Schwalbe Perform On Their Own onde se despe o ‘teatro físico’ até ao seu primeiro nível, onde o corpo é o ponto de partida quando os seus membros tomam a fisicalidade de frente, assumindo as derradeiras consequências da sua missão. Esta busca constrói a própria performance, cada noite radicalmente diferente.

   O conceito e a interpretação são de Christina Flick, Marie Groothof, Melih Gençboyaci, Hilde Labadie, Floor van Leeuwen, Kimmy Ligtvoet, Bas van Rijnsoever e Ariadna Rubio Lleó en Daan Simons. 

 

 

   Igualmente nessa Quinta 24 de Maio, estreia no Teatro da Trindade, na sua sala Estúdio às 21h45, a peça “Coisas de Homem”, um texto cruel e comovente do dramaturgo alemão Franz Xaver Kroetz numa encenação e dramaturgia de Maria Emilia Correia, com interpretação de Ângela Pinto e Hélder Gamboa, numa produção da Tenda.

    Trama : De entre cutelos, álcool, um cão e um amante esquipático, Martha, talhante de profissão, mulher de meia-idade e sem encantos, persiste numa relação em que o achincalho, a insensibilidade e o desequilíbrio, são normas. Num universo comportamental curto-circuitado, o seu confrontamento com Otto, traduz o lado mais sombrio e desconforme duma intimidade (conjugalidade) que transporta todas as emoções para o “fio da navalha”…

 

 

   Na mesma Quinta 24 de Maio, das 18 às 20h, no Museu do Oriente, em auditório do piso 4, no Ciclo Diálogos e Expectativas, os conferencistas Jorge Dias de Deus (prof. jubilado do IST e doutorado em Física) e José Sande Lemos (prof. de Física do IST e presidente do centro interdisciplinar de Astrofísica) debaterão o tema  Origem e evolução do universo: andando com o relógio para trás, e mais física formidável. (entrada livre, sujeita a inscrição)

   “É possível fazer cosmologia, isto é, estudar a origem e evolução do universo porque, em grande escala, o universo apresenta uma estrutura simples, homogénea e isotrópica …

   Nesta apresentação, começaremos por estudar o que vemos aqui por perto – o sistema solar – e depois iremos passo a passo para mais longe, para estrelas, galáxias, quasares e radiação de fundo cósmico… Analisaremos a mecânica e a geometria do universo, pautadas por uma força cosmológica repulsiva e pela força gravitacional atractiva que, no balanço final, levam a que o universo esteja em expansão acelerada. Mencionaremos a física do universo primordial envolvendo as interacções fundamentais, a possibilidade de ter havido uma era inflacionária de expansão exponencial, e o início de tudo num big bang.

   Por fim, projectaremos o homem neste contexto cosmológico através de um princípio chamado de princípio antrópico…” 

 

 

   No campo musical, a 24 de Maio, à galeria ZBD vem, às 22h, de novo Laurel Halo na preparação do lançamento do seu álbum de estreia “Quarantine” . Precedem-na no palco o grupo português Gala Drop.

   Segundo diversos críticos, Laurel Halo tem edificado uma obra “tão peculiar quanto acutilante” enquanto exploradora de texturas e brilhante criadora de escapes sonoros. Contrariamente a outros autores contemporâneos, circunscritos a um labor quase científico e até gélido, Halo recorre a uma multiplicidade de idiomas musicais guiada por uma busca intuitiva e segundo uma noção genuína de experimentação, o que se traduz em composições “perdidas no espaço e no tempo, vaporosas e borbulhantes”, de encontro à própria voz da artista e em direcção ao seu preenchimento emocional.

   Esta é a balada “Light and Space” a primeira antevisão do seu novo CD Quarantine :

 

 

 

   Também a 24 de Maio (Quinta), na Sala Principal do Maria Matos Teatro Municipal, às 22h, com o título “Filho da Mãe” – Fazer para Desistir o guitarrista clássico Rui Carvalho, depois do seu primeiro trabalho Palácio (2011), convida para nova fase da sua criação “alguma da impressionante força motriz de projectos como PAUS, Linda Martini, If Lucy Fell ou Riding Pânico”.

   Acompanham-no neste espectáculo Cláudia Guerreiro baixo, João Nogueira guitarra eléctrica, acústica, Makoto Yagyu baixo, Shela teclados e Hélio Morais bateria.

   Era este o seu som :

 

 

   Por fim na Quinta 24 de Maio, às 22h no Coliseu dos Recreios, volta a Lisboa a talentosa artista na nova vaga de cantores/compositores brasileiros Maria Gadú, acompanhada no palco por Marco Rodrigues, trazendo na bagagem a apresentação do seu novo CD “Mais Uma Página”, onde colaboram entre outros Marco Rodrigues e Lenine.

   Desse trabalho eis o tema Encontro

 

 

 

 

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