Capitulo IV. 1. Bens e serviços negociáveis e não negociáveis no quadro da economia global: o caso da economia americana. Por Michael Spence e Sandile Hlatshwayo – XI
(continuação)
Valor acrescentado por trabalhador na parte dos não negociáveis internacionalmente
O VAP na parte dos bens e serviços não comercializáveis internacionalmente é mostrada nas figuras 19 e 20. No grupo de VAP mais elevado, quer os níveis quer as taxas de aumento de imóveis, nas rendas e nos serviços de aluguer, leasing, são impressionantes. Presumivelmente, alguma parte destas tendências aqui observadas estará relacionada com a bolha imobiliária que precedeu a crise. O sector do imobiliário, arrendamento e leasing é uma indústria crescente do emprego e em valores mesmo substanciais (representando 2,6 milhões de empregos dos empregos na parte dos não comercializáveis em 2008), mas o seu crescimento em termos de valor acrescentado a partir de 1990 a 2008 (+ 49 por cento) excedeu o seu crescimento visto em termos de emprego, resultando daí um aumento no VAP de 27 por cento. Os serviços públicos básicos, como um grupo, são capital intensivo e têm tido uma produtividade do trabalho crescente o que pode ser então relacionado com a maior intensidade de capital e com os avanços de tecnologia de informação que automatizam alguns dos sistemas de controle. Em termos de VAP, este cresceu 40 por cento. Os sectores de informações e o sector financeiro e dos seguros são largamente serviços negociáveis internacionalmente; aqui estamos a ver principalmente os ganhos nos negociáveis reflectidos sobre a parte mais pequena dos não negociáveis. Curiosamente, os serviços jurídicos, que são em grande parte vistos como não sendo nesta fase inteiramente não negociáveis mostram uma evolução ligeiramente decrescente (-11 por cento de 1990 to 2008).18
Alguns aspectos dos dados sobre o VAP pela parte dos bens e serviços não negociáveis internacionalmente são dignos de nota. Como já mencionámos anteriormente, os gigantes empregadores do grupo dos sectores da parte dos não negociáveis são os cuidados de saúde e a Administração pública, o governo. Ambos estão neste momento numa fase de declínio sobre o valor do VAP (-4 por cento do governo, -9 por cento para os cuidados de saúde). O valor do VAP no sector da construção também tem diminuído em 19% de 1990 a 2008. A predominância destes sectores faz com que o declínio no VAP sejam dominante sobre todos os sectores em que até está a aumentar. Como resultado temos o crescimento modesto do VAP na parte dos bens e serviços não comercializáveis da economia (cerca de 0,7% ao ano). Além disso, os sectores governo e saúde empregam grande número de trabalhadores na posição média na grelha ou escala da repartição do rendimento. O declínio nestes sectores do VAP teve o efeito de reduzir o crescimento dos rendimentos médios e aumentou a desigualdade de rendimentos, assim como cresceram os salários elevados, os altamente especializados, a uma taxa bem mais elevada.
O valor do VAP no comércio por grosso expandiu-se muito rapidamente na década de 90, reflectindo fortíssimos aumentos na produtividade e um crescimento a nível do emprego praticamente nulo. De acordo com um estudo de Bureau of Labor Statistics de 2002, o crescimento da produtividade neste sector foi gerado por três factores: a melhoria nas tecnologias, especificamente a introdução de sistemas como o Electronic Data Interchange (EDI); as ligações pela Internet para comprar e para vender produtos; e uma rápida expansão da dimensão das empresas grossistas e a adopção de novos modelos, novas práticas nos negócios.21 O sector de alojamento, dos serviços de restauração, dos serviços administrativos e dos serviços de apoio às empresas tem um baixo valor do VAP . Mesmo tendo em conta o trabalho a tempo parcial, os números são baixos. Além disso, os serviços de alojamento e os serviços de alimentação são sectores de emprego elevados e de emprego crescente, portanto é o seu baixo valor de VAP que ajuda a perceber a estagnação dos salários. A educação tem estado também a descer em termos de VAP, tal como a construção, que é um outro sector de emprego elevado.
Uma possível razão para o declínio do VAP nestes sectores é o efeito sobre os salários que resulta do aumento da concorrência para empregos parte da economia constituída pelos bens e serviços não negociáveis internacionalmente, porque o volume de postos de trabalho no sector dos transaccionável ficaram estáveis e a população assalariada continuou a crescer. O VAP no sector Governo é essencialmente estável, talvez porque o sector das administrações públicas é um sector relativamente protegido, abrigado, dos efeitos preço do excesso da oferta de trabalho.
(continua)