Selecção e tradução por Júlio Marques Mota
Attac-França
A ATTAC congratula-se com a derrota de Nicolas Sarkozy, que pode representar a primeira derrota política na Europa para os apoiantes da politica de hiper-austeridade. Os resultados punem a arrogância de um Presidente ao serviço de uma oligarquia insaciável. Estes resultados expressam a resistência popular para com as políticas de austeridade, que se manifestaram em França pelo grande movimento de 2010 contra a reforma das pensões. É a esperança dos povos do Sul da Europa, confrontados com as terríveis devastações geradas pelas políticas da “Troika”, a Comissão Europeia, o BCE e o FMI. Evolução tanto mais importante quando ao mesmo tempo se desenha um avanço histórico da esquerda nas eleições parlamentares na Grécia, com uma queda dos dois partidos do governo que conduziram a Grécia aos planos de austeridade e à dissolução do país.
Mas se o alívio é grande, a esperança é frágil. A pressão dos mercados financeiros irá aumentar nas próximas semanas para forçar François Hollande a ratificar o Pacto de orçamental imposto por Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, com algumas declarações vagas em termos de crescimento como sendo a “renegociação” . Este novo Tratado que proíbe os défices públicos e impõe uma austeridade sem limites, também está assente num produtivismo de tal modo cego que coloca em dificuldades a natureza, o trabalho e o trabalhador e ainda vai mergulhar a Europa numa grave recessão.
A social- democracia francesa e europeia não percebeu ainda a dimensão das medidas a tomar, das rupturas a enfrentar para inverter a tendência. Contudo, as forças progressistas não têm o direito a errar. Em caso de falhanço em França, a direita e a extrema-direita, cujas convergências xenófobas e autoritárias se afirmam hoje de modo inequívoco, serão elas a ganhar com a decepção e o desespero que dai possam resultar.
Existe uma maneira e apenas uma, para que os cidadãos possam evitar isso: a mobilização social, a intervenção directa nos assuntos da cidade. À imagem de Junho de 1936, mas numa dinâmica de imediato europeia, podemos impor as nossas exigências para responder às urgências sociais, ambientais e democráticas postas em dificuldade pelas políticas atuais. Fortaleçamos os nossos sindicatos, as nossas associações, os nossos partidos progressistas, ocupemos os lugares, os espaços públicos; imponhamos um debate democrático sobre as políticas económicas e sociais, em especial a nível europeu, com um referendo sobre o Pacto orçamental. Nos dias 18 e 19 seremos dezenas de milhares em Frankfurt, a responder ao apelo dos movimentos sociais alemães, para dizer ao Banco Central Europeu: não à austeridade, sim à solidariedade!
Attac France, le 8 Maio de 2012