Filme realizado em 1950 por Arthur Duarte, que, sem quebrar a tradição inaugurada por A Canção de Lisboa, procurou renovar a “comédia portuguesa” dos anos 30 e 40.
O Grande Elias, adaptação de uma peça de teatro, o filme narra-nos a história de uma família portuguesa em crise – um pai viciado no jogo e a filha que dança num cluube noturno – a família sobrevive mercê das quantias avultadas de dinheiro que uma tia envia mensalmente do Brasil, onde vive há muito tempo. Um dia, a tia, que acredita que a sua família em Lisboa é igualmente rica, decide visitá-la e tudo se complica. António Silva, Ribeirinho e Milú interpretam os principais papéis.
Curioso como esta questão da riqueza simulada é recorrente nos guiões dos filmes da época – Em O Pai Tirano, O Leão da Estrela, O Costa de Àfrica e também em O Grande Elias, a ilusão da riqueza é criada para no final se fazer o elogio da pobreza. Argumentos há, como em A Menina da Rádio– o artifício é o inverso, um rico que se faz passar por pobre para conquistar a rapariga de família humilde.
Quando tivermos encerrado a extensa galeria de filmes portugueses desse período do Estado Novo, apresentaremos um balanço da cinematografia nacional – grandes actores, engenhosos realizadores que procuravam branquear a política miserabilista do regime.