PASSAROLA – por Fernando Correia da Silva

Um Café na Internet

Ó Bartolomeu de Gusmão:

Bem sei que nasceste em 1685 em Santos, Brasil. Mas também sei que hoje, já com uns 23 ou 24 anos, vives em Lisboa. Apesar de padre, estás sempre a inventar coisas novas…

 

Ó Bartolomeu:

Um dia reparas que uma bola de sabão, ao passar sobre a chama de uma vela, é impelida para o alto. Ou seja: o ar quente tem poderosa força de ascensão. É quanto basta para quereres inventar um aparelho de andar pelo ar. Apresentas o plano a El-rei D. João V. Ele apoia-te e tu constróis um primeiro balão de papel montado sobre uma tigela onde arde fogo. Nada acontece, o balão não se move, acaba por incendiar-se. Mas o segundo balão, esse sim! Sobe até ao teto da Casa da Índia onde está a ser feita a demonstração. Espantados ficam El-rei, a Rainha, toda a Corte, também o núncio apostólico de Lisboa, futuro Papa Inocêncio XIII.

 

Ó Bartolomeu:

Esse primeiro sucesso empurra-te, com o apoio real, para a aventura decisiva. Em 1709 armas um imenso balão de seda impermeável e um recipiente com fogo. Por baixo, uma barcarola para ser tripulada. O gigantesco balão, a que dás o nome de Passarola,é lançado da parte alta para a parte baixa de Lisboa; melhor dizendo: do Castelo de São Jorge para o Terreiro do Paço. E tu lá dentro, um sucesso!

 

Adeus, ó Bartolomeu de Gusmão:

Com a tua Passarola inventaste um aeróstato 74 anos antes daquele que os irmãos Montgolfier irão forjar em França. Foste o primeiro, ó Padre Voador!…

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