POESIA AO AMANHECER – 44 – por Manuel Simões

Manuel de Freitas – Portugal

( 1972 –   )

THE HEART OF SATURDAY NIGHT

Noites. Demasiadas noites,

sobre um cinzeiro repleto

onde os nomes dos amigos que

não tinhas deixaram de caber.

E, no entanto, parecia tão fácil.

O acaso de uma boleia

que te pusesse à mercê de um charro

e das piores companhias.

Quase gostavas do abandono

que cerzia solidão e solidão,

entre esses que bebiam

por cima de escuros degraus,

parados num arco como nunca viste.

Desceste, voltas a descer com eles,

para a mesma áspera certeza.

Nomes que naufragavam,

evocações inúteis. A casa

que mais querias foi sempre essa:

o esquecimento.

(de “O Coração de Sábado à Noite”)

Da sua obra poética destacamos: “Todos Contentes e Eu Também” (2000), “Os Infernos Artificiais” (2001), “Game Over” (2002), “Levadas” (2002, versão revista em 2004), “Beau Séjour” (2003), “O Coração de Sábado à Noite” (2004), “Juros de Demora” (2007), “A Última Porta”, antologia (2010). Em 2002 organizou a antologia  “Poetas Sem Qualidades”, objecto de animada polémica.

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