REFLEXÕES SOBRE A MORTE DA ZONA EURO, SOBRE OS CAMINHOS SEGUIDOS NA EUROPA A CAMINHO DOS ANOS 1930

Selecção, tradução e nota de leitura por Júlio Marques Mota

Efeitos passados e futuros dos estímulos económicos

Fabius Maximus

4 DE FEVEREIRO DE 2013
TRADUZIDO DE HTTP://WWW.ECONOMONITOR.COM/BLOG/
2013/02/PAST-AND-FUTURE-EFFECTS-OF-THE-ECONOMIC-STIMULUS/

Parte II

(continuação)

3. Porque é que se continua com os estímulos?

“O longo prazo é um guia enganoso para os nossos problemas actuais. A longo prazo estamos todos mortos. Os economistas terão como profissão um actividade tão fácil como inútil se eles apenas sabem dar-nos a garantia de que, face a períodos muito tempestuosos e difíceis, quando a tempestade passar o oceano fica novamente calmo.”

— John Maynard Keynes, A Tract on Monetary Reform (1923)

Muitos economistas dizem-nos que o estímulo orçamental já não impulsiona o crescimento do PIB; muitos dizem o mesmo sobre os programas monetários do FED (ZIRP, QE∞, ou seja, o quantitative easing). Já não precisamos do estímulo e devemos apenas aguardar o momento oportuno para os reduzir drasticamente. Enquanto as suas matemáticas são, naturalmente, correctas, nisto ignora-se o efeito de remover o estímulo (ou seja, os seus efeitos sobre o nível do PIB).

Considere uma outra forma de adição. Os viciados nas drogas costumam dizer “eu não preciso de drogas; Eu posso parar em qualquer momento”. Podemos facilmente provar que os viciados nas drogas têm razão. Pare-se com as drogas. A vida vai continuar em frente (com vícios de outra natureza, mais químicos). Mas só depois de um período extremamente desagradável e até mesmo violento de privação absoluta de droga. Quanto mais tempo tiver sido a utilização de drogas, mais difícil será a saída da dependência. Os viciados, só muito raramente têm a vontade de resistir à privação sem ajuda médica. O mesmo pode ser dito sobre os nossos programas de estímulos. Quando chegar o momento adequado, será que se vai aceitar a possibilidade de uma saída dolorosa e de redução forte dos programas de estímulo?

Olhemos para isto de uma outra perspectiva: se a economia é forte — como os economistas de Wall Street nos dizem — porque continuar então com estas políticas monetárias extremas? Por que continuar tão lentamente a reduzir o enorme défice? Não é apenas para ajudar os desempregados. Existem métodos mais eficazes para o fazer — melhor para eles e para a nação. Como um exercício intelectual, metade do nosso défice de um milhão de milhões de dólares pode empregar todos os 13 milhões de desempregados a 40 mil dólares brutos por ano (a título de ilustração, embora seja impraticável).

Talvez os nossos líderes continuem a aplicar os vários programas de estímulo porque eles suspeitam da fragilidade oculta da economia americana. Eles falam positivamente para gerir as expectativas. A gestão de informações, a gestão das expectativas — confusões e mentiras tornaram-se uma característica cada vez mais importante em muitos departamentos do governo, sejam militares sejam civis. É a maneira que um povo fraco e tolo tem para ser governado.

4. Analisando os estímulos

(a) Política orçamental

Fomos ensinados — ou treinados — para acreditarmos em nós, como seres excepcionais, de tal forma que os americanos não sintam a necessidade de olhar para as outras nações e de aprender com elas. Isto é a bandeira para apoiarmos as nossas más políticas públicas de apoio em muitas áreas, tais como a saúde, a educação e a segurança nacional. Um olhar para os nossos parceiros mais bem sucedidos, tais como os nossos parceiros no norte da Europa, iria destruir os nossos preconceitos e o nosso sentido de superioridade.

Assim é com alguns aspectos da nossa política económica. Este gráfico do Fiscal Monitor do FMI de Outubro de 2012 coloca os EUA na fronteira (in)eficiente, juntamente com a Irlanda, Itália, Espanha e Portugal. Nós não estamos em boa companhia. Seguem-nos (abaixo e à esquerda) a Grã-Bretanha — talvez agora a voltar para a situação de recessão — além da França e da Bélgica (as nações mais fracas no norte da Europa).

Fabius Maximus - III

IMF Fiscal Monitor, October 2012

(b) A política do Banco Central

Aqui está uma medida da acção do Banco Central, reproduzida do Financial Times’ Alphaville: o crescimento nas contas dos Bancos Centrais.

Fabius Maximus - IV

From FT Alphaville, 31 January 2013

(continua)

Leave a Reply