Há poemas de António Gedeão pelos quais tenho uma admiração extraordinária. A Pedra Filosofal é um dos que mais admiro. “O sonho é uma constante da vida tão concreta e definida, como outra coisa qualquer”.
Mas será que os sonhos são concretos e definidos?
Sinceramente, duvido. Quer os sonhos aconteçam a dormir ou acordados, são um emaranhado de “bocados dispersos” que na maior parte das vezes esquecemos, e que nem têm sequer sentido.
Sonhamos para esquecer? Para Lembrar? Para Criar? Para Solucionar Problemas? Para nos desculpar? Para acreditar num futuro melhor? Para procurar a felicidade?
Por termos sonhos seremos mais ou menos concretizadores? Haverá semelhança entre sonho e crença? Ou o sonho será qualquer coisa que não se apoia em dados reais?
E a crença? Terá ela mais a ver com o desejo de realizar, de acreditar? Se assim for mobiliza forças para se concretizar aquilo que se pretende, e assim concretiza o sonho.
E o que dizer dos sonhos simbólicos? Nesses sonhos nem sequer há nada de estranho no facto de por exemplo um gato procurar uma enxada, e apanhá-la. Nesse caso não admira que as conversas se tornem incongruentes e sem fim. Pergunta-se ao gato, para que queres a enxada? E ele responde, porque estou com sede tento abanar um coqueiro. É-lhe então feita outra pergunta, e porquê um coqueiro? E o gato responde: Não te dei o meu micro-ondas? Tu deste-me o micro ondas? E a conversa nunca mais tem fim, até que a pessoa acorda ou inicia outro sonho!
Seria possível este sonho acontecer em qualquer pessoa, ou só numa que tenha vivência com os utensílios descritos?
Se o sonho comanda a vida esta comanda o sonho. Volto à minha primeira pergunta e o sonho será concreto e definido?
Estou a ver que não consigo sair disto! Será que fiz bem a pergunta? É porque é difícil encontrar respostas sem saber fazer bem a pergunta!
Mas enquanto eu estou neste nem sim nem não, “o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”. Tire partido dele, do mundo claro. Sonhe, porque o “sonho comanda a vida”