A CANETA MÁGICA – etimologia, sexismo e democracia – por Carlos Loures

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Há movimentos feministas, da corrente radical, que se queixam de desvios etimológicos que levam à masculinização de uns vocábulos e à feminização de outros, vendo nesse fenómeno linguístico o reflexo da teoria do Patriarcado.  Perguntam – por que há-de Deus ser masculino? E mesmo em inglês onde os substantivos e os adjectivos são neutros, o problema subsiste – He ou She?

Não me parece haver dúvidas de que essas atribuições de género a entidades divinas tem a ver com a prevalência que o masculino tem assumido ao longo da História – uma herança da pré-história. Mas levar a discussão a pormenores tão ínfimos, só contribui para tornar ridículo um ideal que corresponde a um anseio legítimo – o da total igualdade de direitos entre todos os seres humanos, como o determina a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Volto a recordar o que Shakespeare diz sobre o nome da rosa – se a flor tivesse outro nome, acaso o seu odor seria diferente?

Nos idiomas novilatinos, Democracia é substantivo feminino. O que não melhora, nem piora, a sua condição de sistema aberto a adulterações daquilo que, a partir das raízes etimológicas, se podia pressupor que a palavra significa. Naturalmente que essa adulteração não decorre do género atribuído ao termo, mas sim da nossa condição animal. Na natureza a competição é permanente e a competição como factor decisivo de sobrevivência é a negação da Democracia. O que se pede é a superação dos atavismos – que Deus se chame Jeovah ou Jeovanna, para quem crê e para quem não crê, é a mesma coisa. Pode discutir-se o sexo dos anjos e, se quiserem, em vez de Cupido, passar a designar a criança do arco e da flecha por Cupida. O feminismo que defende a igualdade de todas as pessoas perante a lei é um ideal pelo qual se deve dar tudo – a vida se for preciso. O feminismo que pretende substituir preconceitos sexistas por outros preconceitos igualmente sexistas, é estúpido e ridículo. A Humanidade tem dois sexos, a Natureza tem leis – adequar a moral e o comportamento à verdade dessas leis, faz todo o sentido. Querer alterar essas leis ou substituir uma tirania baseada na ancestralidade cavernícola por uma tirania baseada em pressupostos que valorizam as características femininas é uma tontice. A humanização das mentalidades, é tarefa importante.

Quanto ao sexo de Deus, para mim é uma questão sem sentido. Não creio em deuses, por que havia de acreditar em deusas? Uma coisa me parece justa – em nome dos princípios democráticos e da equidade, se as feministas querem Deus terão de levar também o Diabo.

Até à próxima, se a deusa quiser…  A diaba que carregue os exageros sectários que prejudicam o que dizem defender!

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