EDITORIAL – DOS ORÁCULOS AOS ESTUDOS DE OPINIÃO

Imagem2Adivinhar o futuro sempre foi um desejo dos seres humanos – oráculos, deuses, adivinhos, bruxos… Na China, alcançou o estatuto de ciência e assumiu um carácter filosófico. Até na arte da guerra, prever o futuro parecia essencial – de Átila a Hitler o papel dos adivinhos não foi dispensado. Sondar o futuro, saber o que vai acontecer, é um anseio que, enquanto a Ciência não tornar possível, estará a cargo de bruxos, do Tarot… e dos institutos de sondagens.

 O primeiro estudo de opinião data de 1824 e foi feito antes da eleição para a presidência dos Estados Unidos, que se disputava entre Andrew Jackson e John Quincy. Não tinha qualquer base científica e era um mero instrumento de propaganda, dando como vencedor quem se pretendia que vencesse. Foi quase um século depois, em 1916, que, sempre nos Estados Unidos, uma sondagem realizada a nível nacional previu de forma mais ou menos consistente a eleição de Woodrow Wilson. E o mesmo sistema acertou nas quatro eleições seguintes. Foi em 1936 que George Gallup iniciou a sua actividade e deu asas ao negócio das sondagens. O seu sistema comportava uma margem de erro mínima e as previsões revelavam-se certeiras. As filiais do Instituto Gallup foram tomando conta do mercado e as sondagens de opinião passaram a fazer parte do «jogo democrático».

Uma sondagem foi levada a cabo pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica para diversos órgãos de comunicação social, nos últimos dias de julho. Com um universo alvo composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram seleccionadas aleatoriamente dezanove freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões NUT II e por freguesias com mais e menos de 3200 recenseados»… etc.

Os resultados? Não interessam. Saliente-se apenas que Paulo Portas está desacreditado e o seu partido teria, se as eleições se realizassem hoje, o pior resultado de sempre – nem seria o «partido do táxi». Talvez o «partido da bicicleta»… Mas seria necessária uma sondagem para chegar a tal conclusão?

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