EDITORIAL – LIBERDADE DE APRENDER OU DE NÃO APRENDER

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Parece que no congresso do CDS se vai discutir a liberdade de aprender. Isto porque cinco secretários de estado do mesmo partido estarão “legitimamente preocupados com o impacto que o alargamento da escolaridade obrigatória” possa ter no abandono escolar e na empregabilidade. Veja-se no Diário de Notícias em:

http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=3626344

O assunto será objecto de uma moção a apresentar ao Congresso do partido que decorre este fim de semana. Segundo a mesma notícia um dirigente da Juventude Popular fala mesmo em reduzir o ensino obrigatório do 12º para o 9º ano, medida introduzida em 2012. E que os cinco secretários de estado consideram que a liberdade de aprender é um direito fundamental de cada pessoa.

Dizemos desde já que não conhecemos o texto da moção. Mas nem o CDS, nem mais ninguém, levará com certeza a mal que nós falemos um pouco sobre o assunto. Considerando as preocupações, referidas na notícia, dos secretários de Estado e a proposta de Miguel Pires da Silva, o dirigente da Juventude Popular, vamos esperar que a liberdade não venha ser invocada para justificar uma redução do ensino obrigatório.

A liberdade tem sido usada para justificar os cortes no serviço nacional de saúde (“a liberdade de escolher o médico”, quando muita gente tem dificuldade em arranjar médico), na educação (“liberdade para escolher a escola”, quando ainda há muita gente que não mandaria os filhos à escola se o ensino não fosse obrigatório) e mesmo na segurança social (liberdade de optar por um seguro). Claro que estes slogans têm sido postos a circular sobretudo para justificar os cortes orçamentais todos os anos, mas o facto é que têm feito caminho. Quem acompanha estes assuntos de perto sabe que este tipo de cortes sai muito mais caro à sociedade do que o dinheiro poupado no ano em que foram feitos, e que perder direitos não é liberdade, é sim opressão. Não se é pobre, nem ignorante por opção livre.

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