
Um dia Perigona ouve um restolhar. Vira-se, é um homem a sair da moita. Além do pai nunca vira um outro homem vivo. Avisa:
– Foge, antes que chegue o meu pai.
Ele não foge e ela tenta adivinhar a intenção oculta.
– Tu, que és macho, vieste para me fazer um filho?
Ele responde:
– Se quiseres, faço-te um filho.
Ela quer. Despe a pele que lhe oculta o corpo, ajoelha-se, dobra-se, encosta a testa ao chão e oferece-lhe os quartos traseiros. Ele vira-a suavemente. Deita-a de costas sobre a terra e ensina:
– Não és bicho, não sou bicho. Ficamos frente a frente, assim, homem e mulher somos nós.
A jovem sofre dor que o prazer logo dilui. Beijos e afagos concluem o sacrifício a Afrodite. Perigona volta a pedir ao seu parceiro:
– Foge, antes que chegue o meu pai.
Ele não foge, diz até que matou Sinis. Ela começa a chorar mas acaba a rir:
– Então já podes ficar comigo e para sempre…
Convite que o seduz, mas resiste:
– Lamento, gostaria muito mas tenho que seguir o meu caminho. Vais ter um filho, dá-lhe o nome de Menalipo. Será um fundador de cidades.
Por entre lágrimas ela pede:
– Ao menos dá-me o teu nome…
Ele grita, levantando os braços:
– Sou Teseu, sou imortal. Sou filho de Poseidon, o deus do mar!