LENDA GREGA – por Fernando Correia da Silva

Um Café na Internet

 

Um dia Perigona ouve um restolhar. Vira-se, é um homem a sair da moita. Além do pai nunca vira um outro homem vivo. Avisa:

– Foge, antes que chegue o meu pai.

Ele não foge e ela tenta adivinhar a intenção oculta.

– Tu, que és macho, vieste para me fazer um filho?

Ele responde:

– Se quiseres, faço-te um filho.

Ela quer. Despe a pele que lhe oculta o corpo, ajoelha-se, dobra-se, encosta a testa ao chão e oferece-lhe os quartos traseiros. Ele vira-a suavemente. Deita-a de costas sobre a terra e ensina:

 – Não és bicho, não sou bicho. Ficamos frente a frente, assim, homem e mulher somos nós.

 A jovem sofre dor que o prazer logo dilui. Beijos e afagos concluem o sacrifício a Afrodite. Perigona volta a pedir ao seu parceiro:

– Foge, antes que chegue o meu pai.

Ele não foge, diz até que matou Sinis. Ela começa a chorar mas acaba a rir:

– Então já podes ficar comigo e para sempre…

Convite que o seduz, mas resiste:

– Lamento, gostaria muito mas tenho que seguir o meu caminho. Vais ter um filho, dá-lhe o nome de Menalipo. Será um fundador de cidades.

Por entre lágrimas ela pede:

– Ao menos dá-me o teu nome…

Ele grita, levantando os braços:

– Sou Teseu, sou imortal. Sou filho de Poseidon, o deus do mar!

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