PELO DIREITO À UNIDADE EUROPEIA, PELO DIREITO A UM IALTA II OU DA DESESPERANÇA DE HOJE AO DIREITO À ESPERANÇA, AMANHÃ – CRIMEIA – SÉRVIA: O FACTO NACIONALISTA

Selecção e tradução por Júlio Marques Mota

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5. CRIMEIA-SÉRVIA: O facto nacionalista

A democracia globalista tropeça na história dos povos

sérvia - I

Jean Bonnevey

Revista Metamag – Março 2014

 

 

Putin é um nacionalista russo que recusa a normalização mundialista. Defende todos os Russos e indirectamente todos aqueles que se sentem mais russos que simpatizantes da lógica de Bruxelas.

O referendo da Crimeia ilustra com efeito a resistência nacionalista das pátrias de carne e de sangue em frente do mundialismo de massas e do nivelamento político e societal. Numerosos são aqueles que, no mundo, pensam que a defesa da herança de uma cultura enraizada e o sangue da história merecem pelo menos também ser tão respeitáveis como a defesa dos impulsos sexuais erigidas em valores democráticos superiores ou a defesa das leis do mercado.

“O nacionalismo, é a guerra”, dizia François Mitterrand, certo, mas a democracia também (a guerra contra a Sérvia – o Iraque – a Líbia guerras ideológicas face à recusa da normalização política). A Crimeia é a resposta legítima ao pecado original do Kosovo onde as fronteiras nacionais foram julgadas menos importantes que as reivindicações da Comunidade Europeia. Os cidadãos do Kosovo, tornados em albaneses e muçulmanos, seria formidável e os cidadãos da Crimeia que querem tornar a ser russos e ortodoxos, gente horrorosa. … Compreende-se pois tudo isto.

Os povos têm o direito de dispor de eles mesmos e os Estados têm a obrigação de defender as fronteiras adquiridas pela história. O mundialismo é uma utopia destrutiva que conduz às desordens mundiais nomeadamente desde o fim da URSS. Os soviéticos acreditavam ter destruído o sentimento nacional. Em todos os países do Leste, este sentimento nacional está de regresso, na Rússia mais que noutro lugar. Acontece o mesmo retorno na Sérvia que se quer, apesar de tudo, aproximar-se de Bruxelas por razões económicas. Mas Bruxelas é um totalitarismo que recusa as vontades políticas divergentes do seu constrangimento burocrático que lhe serve de patriotismo.

Aleksandar Vučić, novo dirigente eleito da Sérvia, é um antigo ultranationalista reconvertido à Europa, defensor nesse tempo do chefe de guerra Ratko Mladic, mas que organizou a sua imagem, e que promete doravante efectuar reformas para lutar contra a corrupção e o desemprego. O Primeiro-ministro socialista Ivica Dacic é apresentado como o grande perdedor. Estima-se que irá ter apenas um terço ou menos dos votos que o seu rival, mas isto é o nunca visto desde a queda de Slobodan Milosevic. Os meios de comunicação social preocupam-se com os resultados de sondagens a favor de Aleksandar Vucic que, quando era ministro da Informação sob Milosevic, amordaçou a imprensa que lhe hostil. Mas é também um homem de ferro, uma qualidade apreciada dos Sérvios, inquietos com a o seu futuro económico.

Duas lições eleitorais, Crimeia e Sérvia, mostram que a cenoura da economia é forte, mas a motivação nacionalista não pode ser ignorada. É a respeitar a identidade histórica dos povos que a compõem que a Europa pode ter um futuro do Atlântico até aos montes Urais, mas nunca, certamente, a apresentar-se como a executora das baixas obras e dos ainda mais baixos objectivos do modelo americano que se quer impor como uniforme e mundial.

O Kosovo permitiu a Crimeia. O voto sérvio acaba, no seu pragmatismo , de no-lo lembrar e muito claramente.

Jean Bonnevey, Revista Metamag,  Crimée-Serbie : le fait nationaliste – La démocratie mondialiste butte sur l’histoire des peuples CRIMÉE-SERBIE : LE FAIT NATIONALISTE, Março de 2014

 

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