A EXPLOSÃO DOS DESEMPREGADOS “OCUPADOS” EM PORTUGAL E A DIMINUIÇÃO DO DESEMPREGO OFICIAL – por EUGÉNIO ROSA – I

POR QUE RAZÃO O DESEMPREGO OFICIAL ESTÁ A DIMINUIR EM PORTUGAL?

(Inclui no fim do artigo as respostas do INE às questões que lhe coloquei sobre os “ocupados”)

Nestes últimos dias, aproveitando a divulgação dos dados do Eurostat sobre o desemprego nos países das U.E. que inclui Portugal, os media têm matraqueado os portugueses com a diminuição do desemprego em Portugal, que os atingidos não sentem pois continuam a não encontrar emprego. Quem se dê ao trabalho de analisar com atenção os dados oficiais sobre o desemprego e o emprego, não poderá de estranhar um estranho paradoxo que é o seguinte: por um lado, os dados oficiais do desemprego são todos diferentes embora com um ponto comum que é a diminuição; e, por outro lado, embora oficialmente o desemprego esteja a diminuir, o emprego não aumenta; pelo contrário, até diminuiu. Mas observem-se os dados do quadro 1, que são os dados oficiais sobre o desemprego e o emprego em Portugal.

 Quadro 1- Variação do desemprego e do emprego em Portugal segundo os dados oficiais

desempregooficial - I

Segundo o Eurostat, entre Maio de 2013 e Maio de 2014, a taxa de desemprego em Portugal diminuiu de 16,9% para 14,3%; de acordo com os dados divulgados pelo INE, entre o 1º Trim.2013 e o 1º Trimestre de 2014, a taxa de desemprego baixou de 17,5% para 15,1%.

Em valor absoluto também se observa idêntica tendência nos dados oficiais sobre o desemprego. Segundo o Eurostat, entre Maio de 2013 e Maio de 2014, o número de desempregados em Portugal desceu de 881.000 para 736.000. De acordo com o INE, entre o 1º Trim.2013 e o 1º Trim.2014, o número de desempregados diminuiu de 926.800 para 788.100; e, finalmente, o IEFP divulgou que, entre Maio de 2013 e Maio de 2014, o número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego baixou de 703.205 para 636.410. O que não deixa de ser estranho em todos estes números é que apesar do desemprego oficial diminuir o emprego não aumenta. Segundo dados do INE, entre o 4º Trimestre de 2013 e o 1º Trimestre de 2014, o emprego até diminuiu em 41.100, pois passou de 4.468.000 para 4.426.900 como consta também do quadro 1. Mas são estes os dados do desemprego que a propaganda oficial utiliza na sua tentativa de manipulação da opinião pública procurando convencer os portugueses que a situação do país está a melhorar, que os media acriticamente divulgam, e que por isso interessa esclarecer de uma forma objetiva.

COMO É QUE O GOVERNO PODE DIMINUIR ARTIFICIALMENTE O DESEMPREGO OFICIAL

Para responder a essa questão observe-se o quadro 2 que contém o número de desempregados “ocupados” no mês de Abril de 2014 segundo o IEFP, por tipos de ocupação.

 Quadro 2 – O número de desempregados que estavam “ocupados” em Abril/2014

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Em Abril de 2014, segundo o IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional), 30.193 estavam em “trabalho socialmente necessário, 92.376 estavam “ocupados” em ações de formação e 39.299 em estágios profissionais, o que dá 161.868. Se estes desempregados, por estarem na situação de “ocupados”, não forem considerados nas estatísticas oficiais como desempregados, o desemprego oficial em Portugal baixa significativamente.

(continua)

Eugénio Rosa – edr2@netcabo.pt – 2.6.2014

2 Comments

  1. … O que eu não percebo, Eugénio Rosa, é porquê e como as entidades responsáveis pelo emprego, melhor dizendo, pelo desemprego, fazem as medições tendo por base a totalidade da população!
    Grosso modo, apenas 1/3 da população se encontra em idade activa, logo, por uma questão de bom senso, os cálculos devem ser feitos tendo por base esse subconjunto de indivíduos (os que se encontram idade activa). Nesse cado, a taxa dee desemprego, anda em torno dos 20%… Certo?

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