VAMOS BEBER UM CAFÉ? – 5 –  por José Brandão

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Histórias do café

 

Desengane-se! Não, não foi um português a lançar o gosto pela bica. Nem foi um italiano, nem sequer um turco… O café é apenas mais uma das descobertas do acaso, há milhares de anos, publicitada por um holandês de quinhentos. Conta-se que o café nasceu, como bebida, na Abissínia.

café - VII

Descoberta casual de um pastor, foi aproveitado por monges das redondezas para, ingerindo-o como infusão, melhor resistirem às noites de vigília e oração. A planta do café desceu então das montanhas da Etiópia para se aclimatar aos vales da região havendo notícia da sua produção em larga escala no lémen. No século XVI, o café espalhou-se pelo Oriente, Damasco, Istambul e Cairo, cidade que se tornou no grande mercado distribuidor do produto Também aqui surgiu a dada altura a ideia de monopólio.

Para manterem o domínio da cultura desta rubiácea os árabes impunham que a exportação se fizesse unicamente com grãos previamente fervidos – que não germinariam noutras terras Apesar disso os holandeses conseguiram levar a planta para Java, Sumatra e Ceilão, mais a Oriente, e também para as Antilhas holandesas (na América do Sul). Seriam também os holandeses a divulgar o cafeeiro pelo velho continente, com a oferenda a várias instituições europeias de mudas de um espécimen que fora trazido de Java para o Jardim Botânico de Amesterdão. Pelo porto de Veneza, o café entra em Itália no início do século XVII. Deparou com a resistência de católicos extremistas que viam nela uma invenção do Diabo. Porém, o Papa provou e determinou: «Esta bebida é tão deliciosa que seria um pecado deixá-la somente para os infiéis». Reza a história que o café vinga na Europa graças às suas alegadas propriedades medicinais e grande poder curativo, que o tornam numa verdadeira panaceia, fazendo-o atingir preços proibitivos. E é, como referimos, no século XVII que o café se vulgariza como bebida entre os europeus. Em 1650, um judeu libanês chamado Jacobs abre, em Oxford, o primeiro estabelecimento que comercializa café. Dois anos – depois, em Londres, um grego abre o primeiro café europeu e faz publicar o primeiro anúncio de café.

Nele se elogiavam as suas propriedades, convidando clientes a provar uma bebida «portadora de excelentes virtudes: fecha o diafragma, aumenta o calor interno, ajuda a digestão aguça o espírito, dá leveza ao coração, é boa para dor de olhos, tosse, gripe, resfriados, tuberculose, dor de cabeça, hidropisia, gota, escorbuto, escrofulose e muitas outras moléstias».

A América do Norte conheceu o café em meados do século XVII graças aos holandeses que então ocupavam Manhattan. E, em 1732, funcionava já, em Wall Street, a Exchange Coffee House of New York, depois substituída pela Merchanfs Coffee.

O café só chegou ao Brasil em 1727, levado da Guiana Francesa por um enviado do Governo, que se deslocou ao território vizinho com o propósito explícito de conseguir mudas do produto. A obtenção de sementes – praticamente um monopólio holandês – estava interdita aos portugueses.

 

A seguir – Um Fenómeno Social

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