UMA CARTA DO PORTO – Por José Magalhães (55)

CARTA DO PORTO

FÉRIAS

Durante o período de férias que recentemente terminou, fiz o possível por andar pela cidade. Andei a pé durante quilómetros, como se estivesse numa cidade que visitava pela primeira vez. Corri o Porto, quase de lés a lés. Faltou-me, por falta de tempo e de capacidade física, a zona Oriental.

No entanto, e apesar de querer passar a quase totalidade do tempo disponível a calcorrear as ruas que aos poucos vou aprendendo, alturas houve em que tive, por motivos comezinhos, de me dirigir a um Centro Comercial. Um dos que, implantado numa entrada da cidade, captam os forasteiros, aliciando-os a ficarem por ali.

Aconteceu-me num dos últimos Domingos de Agosto. Reparei que me faltava uma coisita de que necessitava, não quis esperar por segunda-feira para a comprar no chamado Comércio Tradicional, e dirigi-me a um desses Centros. A minha ideia era a de entrar e sair o mais rapidamente que me fosse permitido.

Estava um lindo dia de sol, quase sem nuvens. A temperatura do ar mantinha-se nuns agradáveis vinte e oito graus, e a da água do mar, disseram-me mais tarde, nuns aceitáveis dezassete ou dezoito. Dia propício a uma ida até à praia, ou pelo menos até uma esplanada, ou ainda até ao centro da cidade, onde sempre há muitas coisas para fazer e ver.

Foz-1000x

A entrada no Centro Comercial foi demorada, lenta, exasperante. Uma interminável bicha de automóveis impedia a entrada. Alguma coisa estava a acontecer. Se calhar estavam a dar alguma coisa no Centro Comercial, e nós sabemos como são os Portuguesinhos! Após cerca de vinte minutos de espera para conseguir entrar e de procura até conseguir encontrar um lugar para estacionar, longe das entradas e dos elevadores, lá me dirigi ao piso que me interessava. O tipo de loja a que eu ia só se encontrava aberta, aos fins de semana, em centros comerciais.

À entrada para o piso  do espaço comercial, tive um “baque”. Gente e mais gente e mais gente, acotovelavam-se nos corredores.

Era difícil caminhar com criancinhas a correr por todo o lado, mamãs com carrinhos de bébé, idosos agarrados às suas bengalas, famílias inteiras a passear lado a lado, gritos, gente a falar ao telemóvel possivelmente com um interlocutor que estivesse longe e por isso precisava de falar mais alto, tão alto que toda o restante pessoal que ali se encontrava no redor de alguns metros, muitos, ficava a saber de toda a sua vida, como se semelhante coisa interessasse fosse a quem fosse. Um autêntico mar de gente!

Mas no Centro não estavam a dar nada. Não havia qualquer evento especial. As lojas estavam vazias, com a excepção da Fnac e do Ipermercado. Mas os corredores do centro comercial estavam apinhados de gente. As pessoas estavam somente a passear! A fazer nenhum! Simplesmente ali, a possivelmente considerarem que estavam a ter um “tempo de qualidade” com a família.

Tudo isto em vez de estarem ao ar livre, a apanhar sol ou a tomar banhos de mar, numa esplanada ou sentados num qualquer banco de jardim, a gozar da sombra e da brisa, ou da paisagem, linda, que o Porto e arredores têm.

Fiz a minha comprita, rapidamente, e fugi dali, a sete pés. À saída, a bicha de carros continuava. Contei mais de trinta, parados, ao sol, à espera de lugar disponível para estacionar.

Fiquei triste pelos meus conterrâneos e pelos os seus familiares, muitos deles vindos de muito longe, para os visitarem.

 

DESCOBERTAS

Num dos dias dedicados aos passeios pela cidade, dei comigo a passear rio acima. Tinha estacionado o carro em Massarelos e dirigia-me à Ribeira.

Ao chegar à Alfandega, lembrei-me da minha promessa de visitar o World of Discoveries. Nem perdi tempo a pensar duas vezes e, lá entramos nós três, nestas andanças é sempre bom andar com a família, na que se tornou numa das mais maravilhosas visitas dos últimos tempos.

Fomos recebidos pelo Infante D. Henrique que nos disse ao que íamos, e, depois de uma ligeira conversa com a excelente e competente funcionária da recepção, entramos.

A primeira parte da visita transformou-se numa excepcional aula de história. O Museu interactivo, permite-nos, desde que assim o queiramos, passar em revista tudo, com pormenor, o que se passou naquela época, a dos Descobrimentos Portugueses. Os assessores que acompanham os visitantes, são para além de simpáticos, sabedores.

Depois passamos à segunda parte da visita.

Só posso dizer que, se a primeira parte foi muito agradável e nos transmite conhecimentos relevantes, a segunda parte excedeu as minhas expectativas.

O VELHO DO RESTELO
O VELHO DO RESTELO

O passeio, feito de barco, faz-nos passar por todos os lugares que os Portugueses descobriram.

A visão rejubila com o que vê, mas não são só os nossos olhos que se deliciam com os quadros que se nos apresentam, outros sentidos são acariciados. Os sons levam-nos para outros lugares e outras gentes. E há também os cheiros, os cheiros … !

Foram os cheiros que mais me impressionaram.

Uma delícia!

Cada local, cada terra, cada gente que se nos apresenta, vem acompanhado de um cheiro característico, o que mais facilmente nos remete para o local respectivo. Parece que estamos lá, a ver, a ouvir … e a cheirar.

No fim da visita, a loja de recordações é um mundo quase mágico para os mais pequenos, e não só.

Não tive oportunidade de ir ao restaurante, de que já ouvi muitas boas críticas. Fica para outra visita, já que, tudo isto é digno de uma repetição.

Este Museu é do melhor que tenho visto, e porque é “nosso”, todos nós deveríamos fazer por ir até lá, e publicitá-lo “ad nauseum”.

O ADAMASTOR
O ADAMASTOR

Parabéns, Porto (e evidentemente a quem a idealizou e implementou), por mais esta “obra” de enorme qualidade!

 

FEIRA DO LIVRO

Continua, agora com horário mais alargado, até ao dia 21.

Como tenho referido, amanhã, sexta-feira, das 20h30 às 23h, estarei no Pavilhão nº 94, da Livraria ORFEU,  a ajudar  nas vendas e a assinar quem pretenda comprar o meu livro de poesia.

PAVILHÃO DA LIVRARIA ORFEU FEIRA DO LIVRO DO PORTO
PAVILHÃO DA LIVRARIA ORFEU
FEIRA DO LIVRO DO PORTO

 

 

 

5 Comments

  1. Como sempre muito rica a narrativa e sobretudo o “recado” pedagógico.
    Muito importante exaltar o que é bom e nosso impelindo outros a dizer presente.
    Grande abraço Zé.

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