Selecção e tradução de Júlio Marques Mota
11. MARINE LE PEN: co-habitar com HOLLANDE, que ideia !
MARINE LE PEN: co-habitar com HOLLANDE, que ideia !
Uma perigosa deriva na corrida à normalização
Raoul Fougax, Marine Le Pen : cohabiter avec Hollande, quelle idée ! – Une dangereuse dérive de la course à la normalisation – Metamag.fr
Revista Metamag, 02/09/2014
O raciocínio de Marine Le Pen é à primeira vista coerente. Hollande, pode ser conduzido à uma rápida dissolução, em face da contestação da sua nova política e para salvar o seu septenato.
A co-habitação é necessário contudo recordá-lo, não traz ganhos somente para o presidente. O que for ocupar o lugar de chefe do governo, o que vai para Matignon queima-se e suicida-se. Marine Le Pen prevê, após dissolução, um sucesso da Grande Coligação Azul Marinho que confirma o seu estatuto europeu de primeiro partido da França. O voto indica por conseguinte a vontade dos Franceses de ver enfim a FN no poder para salvar a França. Marine declara-se pronta para o assumir e por conseguinte para dirigir um governo de coabitação com Hollande como presidente. Todo parece conforme e lógico.
E contudo é irrealizável e pior ainda: uma falsa boa ideia bem reveladora
Os que votam pelo FN e que desejam a sua chegada ao poder são partidários convencidos da necessidade de salvar a França de uma ruptura com o estado UM/PS (corresponde ao nosso bloco Central). Não podem compreender que uma vitória eleitoral, divina surpresa tanto esperada, conduz a um resgate político do presidente socialista. É por conseguinte um erro político ainda tanto mais grave quanto o cenário é irrealista.
O regime não aceitará a chancela FN e Marine será talvez um dia a presidente mas nunca será um primeiro-ministro. Esta coabitação é sentida por numerosos eleitores da FN como uma traição por colaboração. Isto iria reconfortar os que se questionam até onde Marine pode ir para participar um poder que ontem seria inimaginável frequentar e que agora parece bruscamente compatível.
Esta estratégia está muito afastada do apoio em certos países a um governo de direita de uma formação nacional que altera as políticas no bom sentido sem que, no entanto, se comprometa e se corrompa. Face à FN histórica, os sinais inquietantes de grande substituição do eleitorado como das ideias multiplicam-se sucessivamente.
Com efeito ela foi quatro dias antes à mesquita de Champs sur Marne para substituir o imam ao sermão da oração da Sexta-feira. Marine confia à sua audiência que foi bem acolhida na mesquita e tão bem que após a sua intervenção na mesquita ela pediu livros emprestados na biblioteca do lugar de culto. Depois de uma rápida leitura, declara-se ter ficado transformada pela beleza e pela sabedoria dos textos para concluir face aos agricultores a sua proximidade para com a segunda religião mais praticada sobre o planeta. Alguns acreditam que se trata de uma montagem, mas o certo é que não houve nenhum desmentido.
Do outro lado, no campo internacional, a viragem pró-israelita
Porque a Frente – a operação militar efectuada em Gaza tê-lo-á mostrado de maneira indesmentível – sempre é puxado entre, a linha “quenelle”, do nome do gesto popularizado por Dieudonné e retomado por Alain Soral, por Jean-Marie Le Pen e Bruno Gollnisch e entre a linha expressa por Louis Aliot que não hesita em pôr à frente de tudo as suas origens judaicas e se tenha deslocado a Israel durante a campanha presidencial de Marine Le Pen.
Aymeric Chauprade o novo estratega da geopolítica da FN retoma de resto a imagem de uma FN “ ponto de referência para os judeus da França”. Mas vai mais longe e formula uma posição clara e nova sobre o conflito israelo-palestiniano. Censura assim um Hamas que põe voluntariamente os seus civis em perigo. Acabada a época de uma Faixa de Gaza assimilada a um campo de concentração por Bruno Gollnisch e Jean-Marie Le Pen. Acabada a época também onde Chauprade ele mesmo declarava que “a França vive uma depuração surda de todos aqueles que não alinham com os interesses americanos e israelitas!” e que conhecem o sofrimento cruel e humilhante infligido pelos israelitas aos Árabes, Libaneses e Palestinianos “ Isto foi na viragem dos anos de 2010. O que é se passou entretanto?
Esta reviravolta ideológica de 180 graus e esta defesa nova da política do Estado israelita deixa-nos de toda a maneira muito perplexos. Bruno Gollnish e não somente. O deputado europeu pensa, explica ele a Marine , como “ligeiramente angélica a maneira que tem Chauprade de retomar o discurso oficial das autoridades israelitas”. “Pelo contrário, penso que é angélico acreditar no Hamas quem agiria como protector, responde-lhe Aymeric Chauprade, é necessário fazer prova de realismo e deixar de estar a adoptar uma posição sistemática mas saber adaptar-se”.
A FN entra, o que é bem evidente, obviamente num período de confrontação ideológica um pouco oculto politicamente pela do PS e da sua remodelação, o que não apaga a reentrada política de Marine que terá deixado perplexo mais de uma pessoa.
A viragem de Marine corre o risco de ser bem superior à de Hollande.
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Illustration en tête d’article : Aymeric Chauprade et Marine Le Pen , des positions à géométrie variable.
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