SOBRE OS LEOPARDOS QUE QUEREM BEM SERVIR BRUXELAS – DA FRANÇA, FALEMOS ENTÃO DA POLÍTICA DE HOLLANDE. – MARINE LE PEN: CO-HABITAR COM HOLLANDE, QUELLE IDÉE! – por RAOUL FOUGAX

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 Selecção e tradução de Júlio Marques Mota

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11. MARINE LE PEN: co-habitar com HOLLANDE, que ideia !

Leopardo - XXIII

MARINE LE PEN: co-habitar com  HOLLANDE, que ideia !

Uma perigosa deriva na  corrida à normalização

Raoul Fougax, Marine Le Pen : cohabiter avec Hollande, quelle idée ! – Une dangereuse dérive de la course à la normalisation – Metamag.fr

Revista Metamag,  02/09/2014
Leopardo - XXIV

O raciocínio de Marine Le Pen é à primeira vista coerente. Hollande, pode ser conduzido à uma rápida dissolução, em face da contestação da sua nova política e para salvar o seu septenato.

A co-habitação é necessário contudo recordá-lo,  não traz ganhos  somente para o  presidente. O que for ocupar o lugar de chefe do governo, o que vai para  Matignon queima-se e suicida-se.  Marine Le Pen prevê, após dissolução, um sucesso da Grande Coligação Azul Marinho  que confirma o seu estatuto europeu de primeiro partido da França. O voto indica por conseguinte a vontade dos Franceses de ver enfim a  FN no poder para salvar a França. Marine declara-se  pronta para o assumir e por conseguinte para dirigir um governo de coabitação com Hollande   como presidente. Todo parece conforme e lógico.

E contudo é irrealizável e pior ainda: uma falsa boa ideia bem reveladora

Os que votam pelo FN e que desejam a sua chegada ao poder são partidários convencidos da necessidade de  salvar a França de uma ruptura com o estado UM/PS (corresponde ao nosso bloco Central). Não podem compreender que uma vitória eleitoral, divina surpresa tanto esperada, conduz a um resgate político do presidente socialista. É por conseguinte um erro político ainda tanto mais grave quanto o cenário é irrealista.

O regime não aceitará a chancela FN  e Marine será talvez um dia a presidente mas nunca será um primeiro-ministro. Esta coabitação é sentida por numerosos eleitores da FN  como uma traição por colaboração. Isto  iria reconfortar os que se questionam  até onde Marine  pode ir para participar um poder que ontem seria inimaginável frequentar  e que agora parece bruscamente compatível.

Esta estratégia está  muito afastada do apoio em certos países a um governo de direita de uma formação nacional que altera as políticas no bom sentido sem que, no entanto, se comprometa  e se corrompa. Face à   FN  histórica, os sinais inquietantes de grande substituição do eleitorado como das  ideias multiplicam-se sucessivamente.

Com efeito ela foi  quatro dias antes à  mesquita de Champs sur Marne para substituir o imam ao sermão da oração da Sexta-feira. Marine confia à sua audiência que foi bem acolhida na mesquita e tão bem  que após a sua intervenção na  mesquita ela pediu livros emprestados na  biblioteca do lugar de culto. Depois de  uma rápida leitura, declara-se ter ficado  transformada pela beleza e pela sabedoria dos textos para concluir face aos  agricultores a sua proximidade para com a segunda religião mais praticada sobre o planeta. Alguns acreditam que se trata de uma montagem, mas o certo é que não houve nenhum desmentido.

Do outro lado, no campo internacional, a viragem pró-israelita

Porque a  Frente – a operação militar efectuada em  Gaza tê-lo-á  mostrado de maneira indesmentível –  sempre é puxado entre, a linha “quenelle”, do nome do gesto popularizado por Dieudonné e retomado por  Alain Soral, por Jean-Marie Le Pen e Bruno Gollnisch e entre a linha expressa por  Louis Aliot que não hesita em  pôr à frente de tudo  as suas origens judaicas e se tenha deslocado a  Israel durante a campanha presidencial de Marine Le Pen.

Aymeric Chauprade o novo estratega da geopolítica da FN  retoma de resto a imagem de uma FN  “ ponto de referência  para os judeus da França”. Mas vai mais longe  e formula uma posição clara e nova sobre o conflito israelo-palestiniano. Censura assim um Hamas que põe voluntariamente os seus civis em perigo. Acabada a época de uma Faixa de Gaza assimilada a um campo de concentração por Bruno Gollnisch e Jean-Marie Le Pen. Acabada  a época também onde Chauprade ele mesmo declarava que “a França vive uma depuração surda de todos aqueles que não alinham com os interesses americanos e israelitas!” e que conhecem o sofrimento cruel e humilhante infligido pelos israelitas aos Árabes, Libaneses e Palestinianos “ Isto foi na viragem dos anos de 2010. O que é se passou entretanto?

Esta reviravolta  ideológica de  180 graus e esta defesa nova da política do Estado israelita  deixa-nos de toda a maneira muito perplexos. Bruno Gollnish e não somente. O deputado europeu pensa,  explica  ele a Marine , como “ligeiramente angélica a maneira que tem Chauprade de retomar o discurso oficial das autoridades israelitas”.  “Pelo contrário, penso que é  angélico  acreditar no Hamas  quem agiria como protector, responde-lhe Aymeric Chauprade, é necessário fazer prova de realismo e deixar de estar a adoptar uma  posição sistemática mas saber adaptar-se”.

A FN entra, o que  é bem evidente,  obviamente num período de confrontação ideológica um pouco oculto  politicamente pela  do PS e da sua remodelação, o que não apaga a reentrada política de Marine que terá deixado perplexo mais de uma pessoa.

A viragem de Marine corre o risco de ser bem superior à de Hollande.

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Illustration en tête d’article : Aymeric Chauprade et Marine Le Pen , des positions à géométrie variable.

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Ver o original em.

http://www.metamag.fr/metamag-2212-Marine-Le-Pen–cohabiter-avec-Hollande-quelle-idee–Une-dangereuse-derive-de-la-course-a-la-normalisation.html

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