CRÓNICAS DO QUOTIDIANO – O QUE É MAU PARA A EUROPA, PODE SER BOM PARA ÁFRICA – por Mário de Oliveira

 

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O vírus ébola acaba de entrar na Europa. Uma enfermeira espanhola foi infectada. O alarme está hoje em tudo quanto é órgão de informação. E, com ele, o desassossego. Mas o que é mau para a Europa, pode ser bom para as populações dos países africanos, condenadas, há séculos, a ter de viver em desumanas condições de insalubridade. Que faz doer o coração, até, do mais insensível entre os humanos que as visitem. Mas não o dos grandes financeiros do mundo, que é movido exclusivamente pelo amor ao Dinheiro. Os quais sempre sonharam um continente africano livre de populações, para poderem esventrá-lo sem quaisquer escrúpulos. Onde humanos vêem outros humanos como nós, os grandes grupos financeiros cristãos laicos vêem as riquezas que o continente africano guarda no seu chão. E agem em conformidade. Mas eis que o vírus ébola, que eles mesmos, directa ou indirectamente, ajudaram a nascer e a propagar-se como arma letal de extinção das populações empobrecidas, emigra agora para a Europa e ameaça invadir as suas cidades, as suas grandes superfícies, os seus palácios, as suas catedrais, os seus grandes santuários. A criatura vira-se contra os seus criadores. E agora, Europa/Ocidente? Em verdade, em verdade vos digo: Pior do que todos os terrorismos do mundo, os do Estado Islâmico, dos Estados Unidos da América, da União Europeia, é o vírus da miséria/pobreza mundial, cientificamente provocada pelos grandes grupos financeiros, os mesmos que fabricam as bombas nucleares e de neutrões e, depois, ainda se apresentam aos povos da terra como os messias/cristos/salvadores. Decididamente, o Ocidente com o seu Cristo vencedor, reinador, imperador – em latim, Christus vincit, Christus regnat, Christus imperat – é o pai de todos os males que assolam hoje o mundo. Absorveu o que de pior tinham as antigas civilizações e tornou-se o sistema de poder global mais refinadamente cruel e sádico da história. O vírus ébola é só um exemplo mais! Dos menos letais. Sobretudo, a partir do momento em que deixou de estar confinado às populações de África, condenadas a ter de viver em desumanas condições de insalubridade.

7 Outº 2014

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