CRÓNICAS DO QUOTIDIANO – PARA QUANDO O FIM DA TRAGÉDIA DO MECO? – por Mário de Oliveira

quotidiano1

Dos sete estudantes da Lusófona, apenas um sobreviveu às loucuras das praxes académicas. Uma estupidez com foros de inumanidade, acolhidas/ enquadradas por escolas que se dizem superiores e são a superior estupidez. A tragédia foi há mais de um ano. Continua aí na ordem do dia. O ministério público deste país-sem-governo, apressou-se a mandar arquivar o processo. Ou os seus juízes, super-juízes não se comportem como braços compridos institucionais das máfias do poder político, numa luta pelo controlo dos órgãos máximos do Estado, com as populações como capacho dos seus pés. Terá pensado que silenciava a tragédia. Pô-la aos gritos. Sucede que o sobrevivente da tragédia é o próprio “dux”/chefe das praxes que, naquele fim de dia, iriam até à Praia do Meco e incluiriam, entre outras coisas impróprias para universitários, simulacros de afogamento, coisas de terror, faz-de-conta. Os seis estudantes praxados, obedientes às ordens do chefe, quais infantes aterrorizados perante um domador de animais ferozes a actuar num circo, foram ao afogamento-faz-de-conta e não mais regressaram. O afogamento foi real. A arma que todos tinham como de pólvora seca apontada à sua cabeça, afinal, estava carregada com balas a sério. E por mais que se gritasse aos seis estudantes que regressassem à praia, para prosseguirem o programa daquela noite, nenhum regressou. O mandante sobrevivente é, desde então, o mais atormentado dos estudantes da Lusófona, logo seguido pelos responsáveis máximos da instituição que deu cobertura/apoio a toda esta superior loucura e tem lavado, obscenamente, as mãos, como Pilatos. Para quando o fim desta tragédia? Provavelmente, só quando a Lusófona a assumir por inteiro e com todas as consequências. E o “dux” sobrevivente que tudo organizou, conduziu, for capaz de voltar a sentar-se com os seis estudantes, desde então, definitivamente viventes, e receber deles, via mães, pais, o seu perdão, o seu colo. Enquanto fugir, como o Caim do conto bíblico, vive o pior dos tormentos!

7 Fevº 2015

 

 

Leave a Reply