ESCRITOS NA AREIA . O GESTOR E O MOTORISTA VIII – por António Mão de Ferro

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No texto anterior, o gestor tinha dito, mas há sempre ovelhas ranhosas e passou a explicar porquê.

Uma vez estavam os meus colaboradores interessadíssimos a ouvir-me falar sobre princípios de gestão. Ainda me lembro de estar a dizer: o trabalho varia em função do tempo disponível e não do necessário. Eis senão quando o energúmeno do Sarmento disse que só é pena que nesta empresa estes princípios não sejam aplicados. O Senhor faz-me lembrar a noiva da época Vitoriana, que segundo consta, ia para o casamento com uma considerável bagagem de conhecimentos de ordem social, moral e doméstica. Só lhe faltava saber um pormenor, o que iria acontecer quando o marido a levasse para a cama.

Perante tamanha desfaçatez diz o gestor, podia na minha qualidade de responsável máximo, pô-lo na rua e levantar-lhe um processo disciplinar que o castigasse seriamente. Mas não o fiz, usei da diplomacia e dos conceitos pedagógicos que me orgulho de possuir. Dei dois passos em frente como quem lhe vai dar um sopapo, contei até três e disse-lhe amigavelmente: O Sr. cale-se porque não sabe o que diz.

O Sr. deve apresentar soluções e não estar a arranjar problemas. Dei-lhe um conselho em vez de o castigar. É claro que tendo-lhe falado do modo firme como lhe falei, ganhei um admirador, que estou certo, deve ter apreciado a minha maneira de dar formação. Respeitei o direito de ele errar.

Já há quem me chame Guru da Gestão. Ensino os outros a aprender a gerir o tempo para que consigam solucionar problemas, construir carreiras profissionais, atribuir valor à vida, ao tempo que passam no trabalho e ao que passam com a família.

Sou muito humano, se há trabalho têm que ficar depois da hora. Alguns não concordam. Pior para eles. Exijo que vistam a camisola. Há muitos períodos em que estão quase sem fazer nada, porque eu muitas vezes não tenho possibilidade de ir resolver os problemas. Esses tempos mortos têm que ser compensados. Comigo não brincam!

A secretária bate à porta, e entrega-lhe uma carta da administração e diz-lhe que é importante.

O Gestor diz que devemos fazer o que é importante, antes do que é urgente, mas deixe-me ver o que é que querem desta vez e lê, Sr. Gestor está despedido.

O gestor surpreendido ainda disse, este País assim não avança.

levanta-se e de seguida, atira-se para cima da cadeira e vê ainda escrito: Não interessa só o que sabemos, pois o mais importante é o que fazemos com o que sabemos.

FIM

 

 

 

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