CRÓNICAS DO QUOTIDIANO – AINDA NO EURO, MAS COM PUTIN POR PERTO – por Mário de Oliveira

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O poder político, como o poder religioso e financeiro, não olham a meios para se perpetuarem. Numa Europa que recusa reconhecer-se nos respectivos povos, apenas numa moeda única que criou para, com ela, tentar manter o seu domínio em todo o mundo, aqueles são mais estorvo do que valia. Foi preciso acontecer a Grécia do Syriza para esta realidade vir mais a nu, mascarada que tem andado com os discursos dos governantes, dos deputados, dos clérigos. Tudo gira em torno do Dinheiro, o sol da Europa do euro. A ostentação, o esbanjamento, os encontros ao mais alto-nível politico-financeiro – por isso, ao mais baixo-nível humano! – multiplicam-se, sem alguma vez terem como objectivo o bem-estar dos povos. Quando o Dinheiro é o rei, os povos são o escabelo dos seus pés. Podem não ser gazeados como os milhões de judeus e outros por Hitler, com o apoio dos bispos da altura e do Vaticano, mas são mortalmente atingidos todos os dias, todas as horas, nas suas mentes-consciências pela ideologia/teologia do Dinheiro. O encontro da Grécia do Syriza com a Rússia de Putin, realizado ontem em Moscovo, não visou o dinheiro de que precisa para saciar o devorador apetite dos grandes financeiros do FMI. Vai mais além, mais fundo. Grita à Europa do euro que os grandes financeiros em que ela se apoia, são os grandes inimigos dos povos. Por mais que se mascarem de benfeitores, de regimes democráticos, peritos em genocídios. Lá, onde se instalam, comem tudo. A começar pela mente-consciência dos povos que, depressa, são povos sem alma, sem identidade, sem afectos, sem reciprocidade, meras coisas-que-mexem, nenhumas Causas, nenhuns Projectos pelas, pelos quais valha a pena darem as próprias vidas. Ora, quando falham os que vestem de benfeitor, o desamparado recorre ao rival deles, ali tão perto. O pacto é demoníaco. Vale como um sinal/grito. Ou mudamos todos de rumo, ou vamos todos pelos ares. Na guerra entre grandes financeiros rivais do séc. XXI, todos saem a perder. Não só o mexilhão.

9 Abril 2015

1 Comment

  1. Sempre tive noção que quando se abre uma porta tanto serve para entra ou para sair. Neste caso fecha-se uma abre-se outra.

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