Selecção e tradução de Júlio Marques Mota

16 números que mostram quem paga a dívida grega
Audrey Duperron, 16 chiffres qui montrent qui paye la crise grecque
Les Crises.fr, 4 de Julho de 2015
No blog económico Macropolis, Nick Malkoutzis, editor chefe-adjunto do jornal grego Kathimerini, apresenta números que nos mostram a enorme devastação que a crise da dívida já causou no seu país.
Visto do exterior, os diversos atenienses relaxados que saboreiam a sua chávena de café nas esplanadas ou aqueles que saboreiam lentamente os seus aperitivos terão muita dificuldade em descrever as consequências bem concretas desta crise para o homem da rua. E como não nos confrontamos com o que se passa nos salões , nos escritórios, nas construções fabris e nos hospitais, não podemos ver o terrível e incómodo impacto real da crise grega. Os indicadores seguintes recordam-nos contudo como este país da UE foi catapultado no século passado:
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34,6% da população vive na pobreza ou em exclusão social, ou é susceptível de aí cair rapidamente (números de 2012).
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Desde o início da crise, o rendimento disponível das famílias caiu de 30%.
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34,8% das famílias gregas têm pagamentos em atraso relativamente ao Estado, aos bancos, à Segurança Social, e a outros serviços públicos.
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Mais de 40% das famílias pensam que não estão em condições de cumprir com as suas obrigações financeiras este ano.
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O Serviço Público de fornecimento de electricidade corta o abastecimento eléctrico de cerca de 30.000 famílias e empresas cada mês devido a facturas não pagas.
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. Desde o início da crise, o desemprego aumentou de 160%. Quase 3,5 milhões de empregados trabalham para apoiar 4,7 milhões de desempregados e inactivos.
7. Os desempregados recebem uma indemnização de desemprego de 360 euros durante os 12 primeiros meses do seu desemprego. Consequentemente, apenas 15% dos 1,4 milhões de desempregados recebem subsídios de desemprego. Os trabalhadores independentes (25% do número total de pessoas activas) não têm direito à estes subsídios.
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As transferências sociais deveriam ser reduzidas de 18% este ano. O orçamento da saúde foi reduzido de 11,1% entre 2009 e 2011. Nenhum país da OCDE realizou um corte tão importante sobre este orçamento.
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A pensão média de base é inferior a 700 euros, e desde 2010, esta foi reduzida de um quarto. Está previsto que este montante ainda seja reduzido de metade sobre os próximos anos.
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Para 48,6 % das famílias a pensão é a principal fonte de rendimentos.
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Segundo um estudo da Universidade de Atenas, 12,3% dos gregos sofrem de depressão clínica. Eram apenas 3,3% em 2008.
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Cerca de 800.000 pessoas vivem sem ter direito aos cuidados de saúde e em certas regiões, organizações humanitárias como Médecins du Monde tiveram de se substituírem ao sistema de saúde nacional para fornecer cuidados e medicamentos às pessoas mais vulneráveis
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A redução do número de seringas e preservativos disponíveis para os toxicodependentes provocou um forte aumento dos casos de infecção ao VIH, que passaram de 15 em 2009 para 484 em 2012.
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Os investigadores notam igualmente um aumento de 21% do número de crianças natimortas , o que se atribuí às restrições de acesso aos cuidados pré-natalidade .
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A mortalidade infantil aumentou de 43% entre 2008 et 2010.
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Por último, a taxa de suicídio está igualmente em alta e enquanto que se tinham registado 400 suicídios em 2008, registaram-se 500 casos de suicídios em 2011.
Fonte : Audrey Duperron, para Express.be, 18 Março de 2014.
Tenho uma tristeza tão grande, por este povo sofrer o que sofre, e dizerem o que dizem. Só inconsciêntes o fazem porque crêem que é tudo mentira. Mas sem tempo nada se consegue.