Caderno de notas de um etnólogo na Grécia – uma análise social diária da crise grega – Introdução por Júlio Marques Mota

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Introdução por Júlio Marques Mota

 

Hoje, iniciamos uma série sobre a Grécia, viagem de um etnólogo neste país agora ao que parece amaldiçoado pelos Deuses. Uma série que tem como título : Caderno de notas de um etnólogo na Grécia – uma análise social diária da crise grega. Uma série por onde passa o povo grego, os seus dramas, por onde passam os políticos gregos, as suas aspirações, as suas traições, por onde passam os políticos europeus, os seus golpes, a sua frieza, mas sobretudo por onde passa e bem o povo grego.

Uma série excepcional, do meu ponto de vista, que nós iniciamos uns dias antes de 25 de Janeiro para se ter uma ideia do que sentia o povo antes das eleições que deram o poder ao Syriza, para se ter uma ideia igualmente dos comportamentos dos principais actores políticos nessa altura. Depois tomaremos sobretudo datas marcantes nas crónicas do nosso etnólogo grego, antes e depois dos acontecimentos a que se referem essas datas. Os textos são todos eles retirados do sítio Greekcrisis, na edição francesa, cujo sítio tem como endereço: http://www.greekcrisis.fr/

Podem utilizar o sitio na versão em inglês e o seu endereço é :

http://www.greekcrisis.net/

É uma série bem longa, de textos sérios, por vezes pesados, mas sempre bem ilustrados sobre a vida na Grécia. Uma série que me deu muito prazer recriar apenas com os principais textos de uma série que queremos datar de Janeiro a Setembro de 2015.

Como primeiro título, um texto muito simples, um texto feito apenas de imagens, imagens da crise. O resto é acrescento nosso.

Uma longa viagem ao mundo turvo da política e à maior experimentação já feita até hoje do neoliberalismo, a austeridade na Grécia, para transformar toda a Europa sem excepção sob o domínio de verdadeiros crápulas, protegidos eles sob a bandeira da globalização, globalização ao nível dos produtos, globalização ao nível da financeirização da economia, globalização ao nível da precariedade total da força de trabalho, globalização ao nível das deslocalizações, mesmo que deslocalizações no local, com os chamados destacados, a trabalhar em qualquer país e contratados sob os salários do país de origem.

Dessa Europa diz-nos Auran Derien da Revista Metamag num texto que iremos publicar:

A Europa, dominada pelos odiosos da finança mundialista, destrói pelo contrário toda e qualquer forma de homogeneidade e liquida a hierarquia pelo mérito: mais etnias brancas, mais formação filosófica, mais direito romano objectivo, mais música, pintura e outras artes que embelezam a vida, mais paisagens harmoniosas, nada. O nada! De Sarkozy a Hollande, de Cameron a Merkel, de Juncker a Rajoy, as bestas humanas estão à solta e tudo espezinham. Reconhecer-se-á o talento de destruidores dos donos de tudo e de todos, estes “sovietes da finança”, estas congregações multinacionais, estas organizações de hipócritas de verdade revelada que tudo dissolvem suprimindo ao mesmo tempo de modo sistemático a hierarquia do mérito e qualquer forma de homogeneidade para os autóctones. A constituição de castas de traficantes no Ocidente acompanha-se de uma necessária exploração dos não-membros, de acordo com o princípio da dupla moral.

A Europa sofre do novo obscurantismo monoteísta e da sua metodologia terrorista. Ninguém hoje sabe o que será salvo desta queda do continente no subdesenvolvimento, o que se transmitirá ás novas gerações do vasto mundo e como serão “executados” os velhos europeus. A menos que, no caos, as elites resistentes, na Rússia, na Índia, a China, venham ajudar os europeus a quebrarem as suas cadeias, a eliminarem os pequenos ditadores à Juncker, Hollande, Merkel, Rajoy, etc…

E dir-me-ão depois se dão ou não o tempo por bem gasto com esta série.

 

Coimbra, 7 de Outubro de 2015

Júlio Marques Mota

 

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