A DIABOLIZAÇÃO DO CONSUMO INTERNO, E O “MILAGRE ECONÓMICO” DE QUE PASSOS COELHO E PORTAS TANTO SE GABAM
Passos Coelho e Portas têm diabolizado o consumo interno, ou seja, fundamentalmente o consumo das famílias, e defendido as exportações como a única solução para o país poder se desenvolver. Construíram esta “teoria” das exportações como a solução para o país para justificar também os cortes brutais que a “troika” e o governo PSD/CDS fizeram nos rendimentos dos portugueses através do congelamento e cortes nos salários e nas pensões, e em outras prestações sociais, e por meio do enorme aumento de impostos, o que reduziu o consumo interno à custa do agravamento das condições de vida da maioria dos portugueses.
No entanto, a realidade desmente a “teoria” económica da coligação PSD/CDS como revelam os dados do INE do quadro 1 pois o reduzido crescimento económico tem sido conseguido fundamentalmente à custa do consumo interno e não das exportações.
Quadro 1-valores anuais da “Despesa de consumo, da Exportações e do PIB em Portugal em volume (a preços constantes de 2011) no período 2006-2014
Segundo o INE em volume, portanto anulando o efeito do aumento de preços, os anos de 2009, 2011, 2012 e 2013 foram anos em que se verificou uma redução do consumo e foi também nesses anos em que se registou um crescimento económico negativo (redução do PIB) apesar das exportações terem diminuído 10,2 em 2009, mas aumentaram 7% em 2011, 3,4% em 2012 e 6,4% em 2013. Nos restantes anos em que se verificou aumento da “Despesa de consumo” registou-se crescimento económico, já que o PIB aumentou.
Mas esta correlação positiva entre aumento consumo e crescimento económico é mais visível no gráfico 1, construído também com dados INE,que abrange um período maior.
Gráfico 1 – Correlação positiva forte do PIB com consumo final e não com exportações
É visível a forte correlação positiva entre o consumo final e o PIB em termos reais, pois um e outro estão perfeitamente colados (um ao outro), e não com as exportações. A coligação PSD/CDS ao diabolizar o consumo interno, está a diabolizar o crescimento económico e o aumento do bem-estar das famílias portuguesas.
ESTADO, EMPRESAS, PARTICULARES E PAÍS CONTINUAM ALTAMENTE ENDIVIDADOS, E O DÉFICE ORÇAMENTAL ELEVADO APÓS 5 ANOS DE GOVERNO PSD/CDS E “TROIKA”
Após 5 anos de governo PSD/CDS e depois da intervenção da “troika” encontramos na situação em que temos um país, um Estado, particulares e empresas altamente endividados, e ainda com um défice orçamental elevado, como revelam os dados do Banco de Portugal e do INE constantes do quadro 2. Eis o “milagre económico” tão apregoado pela propaganda da coligação PSD/CDS e por Passos Coelho e Portas.
Quadro 2 – Dimensão e evolução das dividas do Estado, das empresas, dos particulares e do país
O endividamento do Estado, das empresas privadas e das famílias atingiu, em Junho deste ano, 695.574 milhões €, ou seja, cerca de 4 vezes o PIB português, e a divida do país ao estrangeiro 407.143 milhões €. Este enorme endividamento é um dos principais garrotes à recuperação da economia, ao desenvolvimento do país e ao aumento do bem-estar das famílias. O Estado para pagar aos credores sobrecarrega famílias e empresas com enormes impostos causando o seu estrangulamento, o que determina a quebra na procura agregada interna, que leva à falência milhares de empresas, agravando o desemprego e todas as os males associados. O elevado endividamento das empresas reflete graves desequilíbrios na estrutura financeira das empresas que não foram resolvidos, o que impede o investimento e o desenvolvimento, levando à ruina milhares delas. O endividamento elevado de particulares (famílias), associado a uma quebra de rendimentos, causada por congelamento e cortes nos salários e pensões, e pelo despedimento de milhares de trabalhadores torna a situação insustentável para centenas de milhares de famílias que se agravará com o aumento da taxa euribor, a que estão indexados os empréstimos para habitação. E o aumento da divida ao estrangeiro, torna o país mais dependente e condicionado no crescimento económico e desenvolvimento.
Se adicionarmos a tudo isto um défice orçamental elevado que se mantém (Segundo a informação 28/2015, da UTAO, unidade técnica da Assembleia da República , até Julho de 2015, o défice orçamental em contabilidade pública já tinha atingido 6,492 mil milhões €, quando o previsto para todo o ano de 2015 é 6 mil milhões € e, como se sabe, o défice de cada ano é acrescentado à divida pública), que é um indicador seguro de que os cortes nos rendimentos vão continuar, que o enorme aumento de impostos vai-se manter, fica-se assim já com uma ideia clara do “milagre económico” tão apregoado pela propaganda eleitoral da coligação PSD/CDS, e por Passos Coelho e Portas. E como eles também dizem e prometem, se forem governo, que esta politica é para continuar e reforçar porque, segundo eles, é a necessária e a melhor para o país.
Assim, as contas certas de que se gabam Passos Coelho e Portas, são: um enorme aumento da divida pública; a manutenção do elevado endividamento das famílias e das empresas e o aumento da divida e da dependência ao estrangeiro, e a intenção, se forem governo, de continuar e mesmo reforçar esta politica. É isso que é importante que os portugueses tenham sempre presente quando votarem no dia 4 de Outubro de 2015.