
Tocaram a terra, o céu de nuvens claras
Poema de Eugénio de Andrade (in “Branco no Branco”, Porto: Limiar, 1984; “Poesia”, 2.ª edição, org. Arnaldo Saraiva, Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 2005 – p. 364-365)
Recitado por Natália Luiza* (in Livro/2CD “Ao Longe os Barcos de Flores: Poesia Portuguesa do Século XX”: CD2, col. Sons, Assírio & Alvim, 2004)
Tocaram a terra, o céu de nuvens claras,
demoraram-se nos ramos,
abriram-se à secura,
por momentos foram constelação.
Chegavam à noite fatigadas,
mal dormiam inquietas com a morte
das águas. O ardor
das manhãs tornava-as diáfanas.
Era seu ofício acariciar a luz,
colher no ar
a forma de um fruto, de uma pedra,
levá-los em segredo para casa.
assim eram as mãos, elas próprias
não o sabiam.
* Selecção de poemas e direcção de actores – Gastão Cruz
Coordenação editorial – Teresa Belo
Gravado e masterizado por Artur David e João Gomes, no Estúdio Praça das Flores, Lisboa, em Outubro de 2004
Supervisão de gravação – Vasco Pimentel