Selecção e tradução por Júlio Marques Mota
10. Compreender a finança – De que mercados financeiros temos nós necessidade?
Finance Watch, Dezembro de 2014
(CONCLUSÃO)
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O que pensa Finance Watch? Promover o investimento, não a especulação.
Os esforços de (re)regulamentação iniciados nos Estados Unidos e na Europa deveriam assentar numa avaliação realista do comportamento dos actores de mercados e dos critérios sobre os quais tomam as suas decisões. O período recente (e nomeadamente os quinze últimos anos) mostraram que a auto-regulação sobre os mercados de acções, de obrigações e de produtos derivados não era sinónimo de estabilidade financeira e repercussões positivas para a sociedade.
O sistema de auto-regulação dos mercados num objectivo de concorrência na realidade conduziu a uma concentração dos mercados entre as mãos de alguns actores muito potentes, a um aumento da complexidade das estruturas de mercado e a uma desregulamentação do sector. Os reguladores devem atacar a estes problemas para restaurar a estabilidade e a equidade sobre os mercados financeiros, mantendo presente que cabe aos mercados financeiros adaptarem-se às regulamentações, e não o inverso. Sem uma regulamentação adequada, as más práticas espalham-se rapidamente, como ficou claramente demonstrado pela crise dos subprimes.
O objectivo anunciado pelos legisladores é – num período económico difícil como o que atravessamos – reorientar o capital para estratégias de investimento a longo prazo em proveito da economia real. Esta mudança terá um custo para os especuladores e outros beneficiários de estratégias de curto prazo. Mas esta mudança de modelo é necessária e será para benefício da maioria da população.
Convém igualmente manter presente que o objectivo principal dos mercados financeiros é contribuir para a afectação do capital às actividades reais da economia, e que o custo da mediação financeira é justificado apenas se e só se servir o mais amplamente possível as necessidades da economia e a sociedade.
De acordo com Finance Watch, os legisladores deveriam pôr seriamente em questão a utilidade das actividades financeiras que não estão ao serviço dos utentes finais e que não contribuem directamente para o financiamento da economia real. Se desejar aprofundar estes assuntos, consultar o nosso relatório sobre a regulação dos mercados financeiros europeu (MIFID II) intitulado “Investing not betting”.
Mais recentemente, a Comissão Europeia lançou uma iniciativa intitulada União dos mercados de capitais. Enquanto que uma mudança de estratégia é necessária para que o investimento seja encarado como prioritário face à especulação, a União dos mercados de capitais pretende promover mais ainda um crescimento a curto prazo, em detrimento de um investimento a longo prazo e este seria em benefício da economia e da sociedade em geral. Para saber mais sobre a União em mercados de capitais e a análise que relativamente a esta Finance Watch realizou, consulte-se o nosso recente relatório bem como a nossa banda desenhada.
Relatório sobre o financiamento a longo prazo, a titularização e as operações de concessão/contracção de empréstimos, texto na versão inglesa com intitulado:
A missed opportunity to revive “boring” finance?
A position paper on the long term financing initiative, good securitisation and securities financing – disponível em:
file:///C:/Users/Julio%20M/Downloads/FW-report-LTF-dec-2014%20(3).pdf
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Leia a Parte V deste texto da ONG Finance Watch, publicada ontem em A Viagem dos Argonautas, acedendo ao link seguinte:
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Ver o original em:
http://www.finance-watch.org/informer/comprendre-la-finance/1142-comprendre-finance-3?lang=fr