FRATERNIZAR – Senhora de quê? De Fátima?! Imagem de madeira “peregrinou” pela Madeira – por MÁRIO DE OLIVEIRA

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Pelos vistos, todas as semanas há milagres da senhora de fátima nalguma das paróquias das dioceses católicas de Portugal, Regiões Autónomas incluídas. Com a proximação dos 100 anos do teatrinho das “aparições” em Fátima, os bispos portugueses não fazem a coisa por menos. Conseguem que a imagem de madeira “peregrine” pelas vigararias das dioceses, como se fosse Sua Santidade, o Papa, quando deixa o Estado do Vaticano e vai apanhar banhos de multidão nalgum dos muitos estados católicos, ou assim-assim, do mundo. Ser prisioneiro do Vaticano não é pêra doce. Para mais com os cardeais da Cúria sempre de olho nele, não vá ele escapulir-se e nunca mais voltar ao trono. Seria “sede vacante”, sem morte do papa e sem renúncia do papa. E depois? O que seria do estado do Vaticano, das Congregações ou ministérios? Sobretudo, que seria dos próprios cardeais que não sabem fazer mais nada que não ser cardeais, com os seus lacaios clérigos?! Quando assim é, nada melhor do que agendar visitas a um país e ser recebido à chegada ao aeroporto pelo respectivo chefe de estado. Com uma trupe de jornalistas atrás dele e as multidões previamente arregimentadas para, naqueles, dias, horas, locais marcados, não faltarem ao papa, carente que vive de banhos. Não de mar ou de rio, mas de multidões, quanto mais pé descalço e mais humilhadas melhor. Pelo menos, nesses momentos em que fazem de figurantes no show papal, nem sentem fome, nem frio, nem dores. O papa é um potente analgésico que suspende todo o tipo de sofrimento, enquanto está ali ao alcance da vista, com todos aqueles holofotes virados para ele. O facto constitui uma vergonha ao mais alto nível, mas o que se pode esperar de digno do poder?

O mesmo sucede, está a suceder, com a imagem de madeira da senhora de fátima, a da diocese de Leiria-Fátima, que também precisa de ir a ares e, para tanto, é levada a visitar algumas dezenas-centenas de católicos, sobretudo católicas, espalhados pelas dioceses territoriais do país que ela “visitou” em 1917 na Cova da Iria; e, a partir de 1935 em diante até à morte da “irmã” Lúcia, continuou a “visitar” repetidas vezes nos conventos por onde foi condenada a ter de viver até à morte, por parte do clero de Ourém , sobretudo, do bispo da restaurada diocese de Leiria, assessorado pelo famigerado cónego Formigão, ou Visconde Montelo para os não-clérigos de Ourém e do país. É feita de madeira, mas, ao que reza a Agência Ecclesia, a dos bispos portugueses, acaba de passar vários dias a “peregrinar” pela Madeira, onde o bispo António Carrilho atesta, na hora da “despedida”, que ela “ouviu, viu e agiu”. Não diz o quê em concreto. Mas garante que ela, apesar de ser madeira, “ouviu, viu e agiu”. Tal e qual como os Mercados. Ou ela não fosse um Mercado mais. E que Mercado!!!

As populações madeirenses, as poucas que ainda se arrastam pelas apodrecidas e insalubres águas que correm pelos templos paroquiais, totalmente medievos, nada terceiro milénio, não se deram conta de nada do que diz o bispo. Mas ele, como bispo católico que é, ido do Porto para lá, tem poder bastante para garantir que a imagem de madeira ouve, vê e age! O que as humilhadas populações católicas constataram, constatam é que a imagem de madeira, pintada de branco, sempre andou e anda pregada num andor, transportado aos ombros de devotos dela – há gostos para tudo, é como no futebol dos milhões, há quem goste do Porto, ou do Sporting, ou do Benfica, os chamados três grandes, mas também há quem goste dos chamados pequenos em milhões, como o Tondela, o Arouca, ou a Académica de Coimbra – nunca se aperceberam que ela ouviu e viu o que quer que fosse, muito menos, que ela fez alguma coisa. Nunca a viram tocar em ninguém, nem falar com ninguém, nem se comover, nem levantar alguém incapacitado de o fazer sozinho. Mas quem são estas populações para duvidarem do Bispo Carrilho, o do palácio episcopal do Funcchal, que lhes foi imposto pelo infalível papa de Roma?

Está visto que os bispos católicos portugueses não têm emenda. São como o de Roma, que também não a tem. São bispos residenciais, carregados de privilégios e de solidões que os tornam capazes de ver coisas que as populações pé descalço não vêem. São dados a visões, alucinações, miragens. Gozam de certos poderes sobrenaturais, como o de mudar farinha de trigo sem fermento em corpo de cristo com e sem glúten, e vinho de missa, feito de encomenda e pago a bom preço, em sangue de cristo. Não satisfeitos com este “milagre” de altar, que eles repetem todos os dias, às vezes, mais do que uma vez por dia, ainda dão depois a comer e a beber às populações que lhes atribuem tais poderes, esse corpo e esse sangue de cristo. Sem que ninguém os acuse de magia negra, de crueldade, de antropofagia. O que é difícil de aceitar, uma vez que até o falar deles não engana, Tomai e comei o corpo de crristo, Tomai e bebei o sangue de cristo. Primeiro, comem e bebem eles, depois, os que estão a ajudá-los no altar e, por fim, dão-no a comer, não a beber, aos restantes que se aproximam dos altares e voltam aos seus lugares, mãos sobre o peito, olhares baixos, como quem vai concentrado naquela antropofagia sagrada.

Os bispos residenciais e os respectivos párocos que reproduzem nas paróquias o que eles fazem e dizem nas respectivas catedrais, não sabem o que fazem, nem o que dizem. Ou sabem, mas nunca o admitem publicamente. Sabem que aquele corpo de cristo não é corpo nenhum; que aquele sangue de cristo não é sangue nenhum. Tudo é faz de conta. Como é faz de conta o mundo eclesiástico e ritual em que eles vivem, sem arredarem pé. Mas é assim o mundo dos mitos. Só nesse tipo de mundo, o dos mitos, pode falar-se de comer o corpo de cristo e de beber o sangue de cristo, sem se ser acusado do crime de antropofagia. Como também se pode falar de uma imagem de madeira, baptizada de “senhora de fátima” )senhora de quê?!) que “peregrinou” pelas paróquias da Madeira e, nesses mesmos dias, “ouviu, viu e agiu”. Quando, na verdade, não passa de um pedaço de madeira em forma de corpo de mulher, para cúmulo, assexuada, feita por um santeiro alérgico ao sexo e aos corpos sexuados femininos, com seus seios e seus encantos, suas debilidades e sua espantosa fecundidade..

Só não se entende é como os povos das nações continuam a tolerar este tipo de comportamentos e a dar cobertura, com a sua presença física, a este tipo de iniciativas clericais. Tudo é feito, é verdade, ao abrigo da Lei da Liberdade Religiosa. Mas nem por isso deixa de ser crime de lesa-humanidade, porque de lesa-realidade. Se os clérigos do topo à base gostam de viver no mundo dos mitos e do faz de conta, pois que vivam. Mas é imperioso que as populações, vítimas deles, deixem de continuar a dar cobertura a este tipo de mentira e de hipocrisia. Porque fora da realidade, não há salvação, não há saúde, só há mentira, solidão, vazio. Que é o que qualquer mente sadia e cordial sente-vê nos templos paroquais, nas catedrais, nos santuários, nas basílicas, seja de fátima, de lourdes, de guadalupe, seja do senhor santo cristo dos milagres – mentira, solidão, vazio. E covis de ladrões.

Quanto aos bispos residenciais, Suas Excelências Reverendíssimas, fica aqui o apelo: façam o favor de passarem a ser honestos com a realidade. Não continuem a dar gato por lebre às populações, concretamente, cristo, o filho de David bíblico, por Jesus Nazaré, o filho de Maria; o falso evangelho de s. paulo pelo Evangelho de Jesus. Quando as populações pedem pão, não lhes podem dar pedras. Quando pedem Jesus Nazaré, o seu Projecto político maiêutico e a consequente maioridade, não lhes dêem o mítico cristo que as mantém na menoridade, geração após geração. Fazê-lo, é crime, é pecado. Mudem, pois, de Evangelho. De ser. De Deus! Ou renunciem de vez aos vossos cargos!

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