Selecção e tradução de Júlio Marques Mota
5. A mentira do pleno emprego americano : 23% de desempregados nos Estados Unidos!
por Anthony Alberti
11 de Maio de 2016 – 24h Gold
Desde há 2 anos que os Estados Unidos se elogiam por terem atingido o pleno emprego, ou seja cerca de 5% de desemprego de acordo com os critérios da OCDE. Ora a realidade está muito longe destes bons resultados afixados, porque na verdade o número de desempregados nos EUA situa-se doravante em redor de 23% da população activa, ou seja é mais ou menos o mesmo nível de desemprego que na Espanha ou na Grécia.
Como é que uma tal diferença é possível? Simplesmente fazendo o que fazem todos os governos, incluindo o nosso: publicar unicamente os números que lhe convêm.
Comunicar os números mais favoráveis
Concretamente, quando a Administração americana indica a partir de 2014 que o nível de desemprego é de 5,6% da população activa, contabiliza realmente os únicos indivíduos que têm procurado activamente um emprego que se verifica durante 4 semanas precedentes. Ora, aos Estados Unidos como por toda a parte noutros lugares, a crise de 2008 deixou vestígios duradouros na economia, incluindo e sobretudo no mercado do emprego, o que tem como consequência não somente um prolongamento da duração de inactividade para os requerentes de emprego mas igualmente uma probabilidade mais importante de não encontrar rapidamente um posto de trabalho que corresponda ao seu perfil. Assim, assim como na França temos várias categorias de desempregados (A, B, C, D, E…), os Americanos dispõem de uma classificação em parte baseada no nível “de desencorajamento” dos requerentes de emprego.
Mais exactamente, se um requerente de emprego não se manifestar durante 4 semanas, sem, no entanto, ter encontrado um trabalho, ele entra na categoria dos que se chamam “os discouraged workers “, ou seja os desempregados admissíveis ao emprego e capazes de trabalhar, mas que provisoriamente (ou duravelmente) têm renunciado a procurar um emprego por falta de oportunidade disponível ou de formação adequada. Classicamente, distinguem-se “short-term discouraged workers “, que pararam de procurar emprego desde há semanas a alguns meses e “long-term discouraged workers”, cujo desencorajamento data desde há mais um ano. Alguns acabam por se marginalizar e outros acabam por decidir voltar a viver com os seus pais, sendo assim muito difícil contabilizá-los de modo preciso e é doravante admitido que os números anunciados são geralmente muito subestimados.
Quando o desencorajamento os faz sair das estatísticas
Sob a pressão da opinião pública, o governo aceitou comunicar por meias palavras este fenómeno e integrou mesmo os trabalhadores desencorajados de curto prazo nas estatísticas “internas” do desemprego aos Estados Unidos (ou seja aquelas que são reservadas aos investigadores, aos universitários, às instituições mas sobre as quais se evita falar demasiado junto do grande público, e ainda mais no estrangeiro). Assim, em Abril de 2016, o Bureau of Labor Statistics (BLS) calculava efectivamente em 5% a proporção de requerentes de emprego “activos” (categoria U3). No entanto, dado que se acrescentam os desempregados desencorajados desde há menos de um ano (categoria U6), o rácio salta para 9,7%, ou seja perto do dobro.
Mas é somente se integrarmos todos os que deixaram de procurar trabalho desde há mais de um ano (estes famosos “long-term discouraged workers “) que as coisas se estragam , porque o número de requerentes de emprego americanos explode então para 22,9%, num cenário baixo, ou seja dificilmente são melhores que os números do desemprego na Grécia.
Gráficos alternativos sobre o desemprego
A Taxa de Desemprego sazonalmente ajustada SGS Alternate Unemployment Rate reflecte a metodologia de divulgação de desemprego corrente ajustada para os trabalhadores desencorajados de longo prazo por estima SGS, que foram definidos oficialmente em 1994. Esta estimativa é adicionada à estimativa BLS na categoria U 6-desemprego, qui inclui os trabalhadores desencorajados de curto prazo.
A taxa de desemprego L-3 é a informação chave dada mensalmente. A taxa de desemprego U-6 é mais ampla medida de desemprego fornecida pelo Bureau of Labor Statistics ‘(BLS), incluindo os trabalhadores desencorajados de curto prazo e outros trabalhadores marginalmente inscritos, bem como aqueles que são forçados a trabalhar a tempo parcial porque não conseguem encontrar um emprego em tempo integral.
http://www.shadowstats.com/alternate_data/unemployment-charts