JÁ O TEMPO SE HABITUA, de JOSÉ AFONSO joaompmachado3 de Dezembro de 20163 de Dezembro de 2016Biografia, Literatura, Música/Dança Navegação de artigos PreviousNext Letra e música de José Afonso In Contos Velhos, Rumos Novos, 1969 Já o tempo Se habitua A estar alerta Não há luz Que não resista À noite cega Já a rosa Perde o cheiro E a cor vermelha Cai a flor Da laranjeira À cova incerta Água mole Água bendita Fresca serra Lava a língua Lava a lama Lava a guerra Já o tempo Se acostuma À cova funda Já tem cama E sepultura Toda a terra Nem o voo Do milhano Ao vento leste Nem a rota Da gaivota Ao vento norte Nem toda a Força do pano Todo o ano Quebra a proa Do mais forte Nem a morte Já o mundo Se não lembra De cantigas Tanta areia Suja tanta Erva daninha A nenhuma Porta aberta Chega a lua Cai a flor Da laranjeira À cova incerta Entre as vilas E as muralhas Da moirama Sobre a espiga E sobre a palha Que derrama Sobre as ondas Sobre a praia Já o tempo Perde a fala E perde o riso Perde o amor Obrigado a Vagalume. In Cantar de Novo, págs. 72-74, Nova Realidade, 1970. Share this:FacebookTwitterLinkedInWhatsAppEmailMorePrintLike this:Like Loading...