Daqui a cerca de quatro meses e meio teremos eleições autárquicas em Portugal. Como já tem sido assinalado em vários quadrantes, são as primeiras eleições no período pós gerigonça, e assim as intervenções dos partidários da direita são no sentido de procurar pôr em evidência as contradições que eles julgam haver na coligação que suporta o governo de António Costa. Há dias um comentador televisivo afecto ao PSD, perguntava a outro, afecto ao BE, como é que este partido pode apoiar o actual governo, e defender ao mesmo tempo que Portugal deve deixar a NATO. Se bem entendemos a resposta, foi de que o PSD não deveria procurar dar lições de coerência, na medida em que, ao contrário do que o seu nome indica, não tem dado prioridade a pôr em prática os princípios sociais-democratas. Tudo indica que disputas como esta, talvez com interesse sob o ponto de vista filosófico, mas pouco útil para um debate que deveria ser dirigido para os problemas práticos das populações que são chamadas a votar para escolher os autarcas que deveriam ter como prioridade defender os interesses daquelas no dia a dia.
Outro sinal deste avivar da luta política tendo em vista a disputa das eleições autárquicas foi a proposta, no Parlamento, de Assunção Cristas, candidata pelo CDS à Câmara de Lisboa, de criar vinte novas estações no Metro de Lisboa. Trata-se de uma proposta que poderá ter interesse no longo prazo, que em quaisquer circunstâncias requereria discussão aprofundada, e um grande financiamento. Na situação em que se encontra actualmente o Metro de Lisboa, com grandes problemas financeiros, que afectam a sua manutenção e mesmo o seu funcionamento diário, a proposta de Assunção Cristas, de acrescentar 20 estações às 56 existentes, é sobretudo uma tentativa de chamar as atenções para a sua candidatura.