Da América à Europa, de Trump a Clinton, de Marine Le Pen a Macron, o estado subterrâneo em ação. Texto 16 – Macron apresenta-se como campeão da Europa em Berlim, por Reuters France

Seleção e tradução de Júlio Marques Mota

Texto 16. Macron apresenta-se como campeão da Europa em Berlim

Publicado por Reuters France, em 16 de março de 2017

Da América à Europa texto 16

BERLIM Reuters) – Emmanuel Macron apresentou-se na 5ª feira passada em Berlim como o candidato mais europeísta da eleição presidencial franccesa e um defensor da dupla franco-alemã, durante uma visita que lhe permitiu ter um encontro com a chanceler Angela Merkel.

Um privilégio raro que ela nunca concedera senão em 2012 a Nicolas Sarkozy e, no âmbito da atual campanha, ao candidato da direita, François Fillon, que passa hoje por grandes dificuldades. Em contrapartida tinha-o recusado a François Hollande.

O ex-ministro da Economia disse ter ficado «muito sensibilizado com este gesto», tanto mais que ele está classificado como estando mais à esquerda, ainda que defenda uma superação das clivagens políticas.

“Encontrei uma interlocutora que me pareceu estar muito aberta a um eixo franco-alemão ainda mais forte” declarou aos jornalistas à saída do encontro. “Encontrei na chanceler uma verdadeira vontade de avançar”.

“Acontece que eu sou hoje o único candidato verdadeiramente pro-europeu e estou orgulhoso disso”, declarou mais tarde, à margem de um encontro com o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Sigmar Gabriel.

Um título de europeísmo que o social-democrata, membro do governo de coligação da democrata-cristã Angela Merkel, lhe conferiu em breves declarações à imprensa.

“Nós não queremos interferir (na campanha presidencial), mas tenho uma coisa a dizer: tu és (…) em França o único candidato presidencial com uma visão clara (…) para a Europa” disse ele.

“A Europa precisa de uma França forte e de um presidente com uma orientação europeia clara”, acrescentou. “Um candidato na eleição presidencial francesa, que segue uma abordagem pró-europeia certamente merece, e terá, o nosso apoio (…) A Europa é o objetivo que nos une.”

“AS REFORMAS PRIMEIRAMENTE”

Após o Conselho de Ministros franco-alemão de 31 de março de 2015 em Berlim, Emmanuel Macron, então ministro da Economia, e Sigmar Gabriel assinaram uma declaração conjunta sobre a integração económica europeia.

O projeto económico do candidato En Marche! insere-se nos critérios europeus defendidos tenazmente em Berlim para controlar os défices públicos e a dívida pública e propõe uma série de reformas estruturais.

Estas reformas “são a condição da nossa credibilidade a nível europeu”, em particular junto da Alemanha, argumentou ele em 2 de março, durante a apresentação do seu programa.

Ele reiterou em Berlim que o “centro” do seu “combate” era “um combate pelas reformas em França, por uma política de promoção da inovação, do crescimento (…), da educação”.

Macron deseja nomeadamente convencer os parceiros da França para se estabelecer um orçamento e um Ministro das Finanças e Economia da zona euro, mas também para se desenvolver a cooperação em defesa e controlo das fronteiras.

“O projeto europeu, para mim, vem na sequência destas primeiras reformas, a partir do outono-inverno de 2017”, disse em 2 de março. Um roteiro que ele confirmou junto de Angela Merkel na quinta-feira.

“Temos de fazer as primeiras reformas”, disse ele numa conferência sobre o futuro da Europa com Sigmar Gabriel e o filósofo Jürgen Habermas na Hertie School of Governance.

Reuters, (Michel Rose e Michelle Martin, com Emmanuel Jarry em Paris, edição por Yves Clarisse). Texto disponível em:

http://fr.reuters.com/article/topNews/idFRKBN16N2MR-OFRTP?pageNumber=2&virtualBrandChannel=0

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AF-flyer-A5-inequality-2016

Dia 11 de maio, pelas 18 horas no Grande Auditório do ISCTE-IUL: Conferência sobre como a desigualdade nos Estados Unidos criou Trump. Com a presença de Robert Reich, antigo Secretário de Estado do Trabalho (1993-97) na Administração Clinton. Especialista na área Económica e do Trabalho, Robert Reich é hoje um comentador político com grande reconhecimento nos Estados Unidos, bem como internacionalmente, tendo sido colocado pelo Wall Street Journal em sexto na lista dos “Mais Influentes Pensadores de Negócios”. Nos últimos anos tem-se dedicado ao combate à desigualdade, sendo um defensor do aumento dos salários e das condições laborais como forma de resolver as crises económicas e financeiras.

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