Um dos meus amigos dilectos é Príncipe (1). E um dos meus livros preferidos é “O Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry. Mas, apesar de gostar muito deles, gosto muito pouco ou nada de príncipes, princesas e dos totós que os aplaudem e imitam.
Reconheço, porém, que o defeito é meu. Só pode ser! Tal é o circo que já está montado a propósito do casamento de Henry Charles Albert David – um dos filhos de Diana e Carlos e um dos netos da longeva Isabel.
Harry, que alguma imprensa já apelidou de Harry Potty, casa ao meio-dia em ponto do dia 19 de Maio, com a actriz afro-americana Meghan Markle que, seguramente, não tem “sangue azul”.
O casamento de Harry e Meghan vai encher os cofres da casa da avó Isabel. Tal é o comércio montado ao seu redor. De t-shirts a canecas, como aquelas da nossa portuguesíssima Caldas, há de tudo. E tudo exibe a carinha do moçoilo ruivo e da sua amada Meghan.
Em boa verdade, pode-se dizer que esta será a primeira vez que Harry trabalha ou se preferirem contribui para as contas do governo chefiado por Theresa May. Explico: é que Harry para além de ter nascido “príncipe” até agora só se distinguiu por más razões:
– Em 2005, e a duas semanas dos 60 anos da libertação de Auschwitz, apresentou-se numa festa com um uniforme nazi a que nem faltou a cruz suástica;
– Em 2009, foi tornado público um vídeo gravado três anos antes em que se ouve Harry a descrever alguns dos seus companheiros do exército com adjectivos racistas e nomes pejorativos.
Tais actos e ditos, que obrigaram a casa da avó Isabel e ele próprio a apresentar desculpas públicas, não abonam a favor do noivo “real”; ou indicam, simplesmente, que a sua educação e formação foram mal ministradas e que a sua máscara caiu.
Apesar dissso, dizem-me que Harry é uma estrela que os britânicos adoram e é certo que o seu enlace vai ser visto por milhões em todo o mundo. Por “aristocratas”, burgueses, grandes e pequenos patrões e por uma imensa maioria de “proletas” que aplaudirão Harry e Meghan – “príncipes” de um mundo onde 22 milhões de crianças morrem de fome.
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(1) O Príncipe que é meu amigo dilecto é o César. O César Príncipe. Um príncipe da Língua Portuguesa. Um aristocrata da amizade e da camaradagem, que urge (re)ler e ouvir. Com a atenção que é devida a quem sempre pega o mundo pelos cornos.