Não sei se conhecem Kagemusha, aquele filme chanbara (de samurais) jidaigeki (drama do período histórico, preferentemente Edo), dirigido pelo grande Akira Kurosawa, a começos dos anos 80, que narra as peripécias de um ladrão e sósia forçado do grande daimyõ Takeda Shingen.
A morte fictícia do senhor da guerra, à bala, como explicação à misteriosa desaparição histórica nos meses finais da vida, é a origem do filme. Tragicomédia, no estilo visual episódico de Kurosawa, que conforma uma farsa demorada de substituição e equívocos, que oculta por meses a morte e permite manter a fição de poder e predomínio do clã Takeda.
A filosofia e arte da guerra de Shingen vai definida pelo lema que porta o seu estandarte: “Rápido como o vento, tranquilo como a floresta, como um fogo no ataque, imutável como uma montanha”. Motto que o sósia repete como resposta a graves decisões políticas e militares e que permite o exército Takeda manter o predomínio militar.
A descoberta da fição e a chefia do filho mais velho, que só baseiam no ímpeto, a precipitação e o ataque, resultam porém fatais na batalha, e demolidoras para o clã Takeda, que mais nunca se recupera.

Na guerra de clãs aberta que tem hoje o PP na Espanha, não deixa de ser curiosa a atitude tomada pelo Presidente do Governo da Galiza, Alberto Nuñez Feijó, nestes dias passados de visita por Portugal, retirando-se inesperada e calmamente da concorrência, quando os mais dos prognósticos o situavam na dianteira entre as possíveis candidaturas.
Entre a comédia e o drama. Impostor, sósia, imitador, acaso, ou fição de líder, mas parvo não é. Tem anos por diante e vai deixar que todos os grandes barões e baronesas se machuquem e exterminem, numa guerra terrível e na que pode sair à luz qualquer cousa e na que se quer obrigar, por um ou outra candidata, a posicionar-se a toda a militância e maquinária (maquinária e militância que no exemplo de Feijó parece querer safar sem se posicionar).
Uma vez termine a guerra, num processo que joga determinado contra um tempo eleitoral ao que o PP pode chegar ainda mais fragmentado e queimado, uma vez saibamos quem e que poderes mandam no PP, ele “au dessus de la mêlée” todo o tempo, e desde o seu feudo intacto, no que todo parece indicar (com uma oposição fragmentada, desnortada e mareada) continuará com as mesmas, ou mais possibilidades.
Porém, neste panorama, o que podia ser verdadeiramente interessante é ver em que se transformaria o PPG, se o da Espanha terminasse esfarelado. Quem os veria, na Galiza, proclamando-se mais Espanha que nunca e fechando-se no seu território, com a maquinária caciquil à solta e as dinâmicas organizativas próprias reforçadas.
A mim, pessoalmente, mesmo que não aconteça assim e fique tudo numa fição e roteiro de filme de samurais, parece-me uma exemplificação a considerar do jeito em que poderia acontecer a Independência da Galiza: sem procurá-la, sem que se movimente pouco ou nada no equilíbrio, instituições e poderes locais, apenas por desgaste e rotura do Império.
Enfim. Os caminhos da Galiza e os seus tempos são claramente outros. Talvez para entendê-los haja que estudar mais o Yamato.
FEIJÓ não se apresentou porque a Soralla e as suas informações e gravações e botaram fora… E isso é uma espada de Damocles que não pode afastar.
Por isso o aparato galego se vazou com a Cuspedal, e a Tvg foi firme no sesgo informativo a prol da Cuspedal. NA GALIZA ganhou Cuspedrinos deixando ver as misérias do Nunes.
E, como o império anda a meter água por outros poros, é natural que acabe afundado. Viva o Estado Galego,CLV
Sem dúvida Alexandre… Não era este momento nem campo de batalha do que não fosse a sair mais que tocado em Madrid e fora da Galiza (onde lhe fazia também um dano grande ao PPG de liscar)… eis a “prudência” aprendida do grande farsante…