CARTA DE BRAGA – “de pardais e da estupidez” por António Oliveira

Os pardais estão a desaparecer das nossas cidades!

Mas não é só cá!

Em Londres, Hamburgo ou Glasgow, a dimensão do desaparecimento atingiu já os 95% e ninguém os consegue ver noutras cidades europeias, como Bruxelas ou Praga.

Este passarito minúsculo que, dizem os especialistas, vive junto dos humanos há uns dez mil anos, transformou-se num dos indicadores da saúde das cidades e, se eles estão a desaparecer, será porque alguma ou muitas coisas, as estão a tornar insalubres.

As causas dessa perda podem encontrar-se entre a contaminação atmosférica, visível até a olho nu pela nuvem que se forma diariamente sobre as cidades, no uso de pesticidas inadequados e na construção desenfreada nos espaços das árvores abatidas exactamente para isso.

Não é fácil arranjar uma solução, tal como não é fácil arranjar solução para outro número mais grave, as mais de oitocentas mil pessoas mortas pela contaminação só na Europa.

Difícil é aceitar uma solução ‘à chinesa’ onde os pardais foram abatidos nos anos 60 para evitar que comessem os grãos dos agricultores, mas alguma coisa deverá ser feita e hoje, nem será conveniente pedir uma opinião ao pindérico mandachuva dos states!

Este passarito é o que nos está mais próximo mas também se está a reduzir drasticamente o número aves, quatro de cada de dez espécies do mundo, algumas que também nos são bem próximas, como as andorinhas e as codornizes.

Estes números constam da ‘Lista Vermelha’ todos os anos divulgada pela IUCN, União Internacional para Conservação da Natureza, um sério aviso para a perda da biodiversidade provocada pelas alterações climáticas negadas pelo tal pindérico, agora mal acompanhado por outro que também nem quer assumir a sua parte do ‘Prémio Pessoa’ para Chico Buarque de Holanda. A cultura incomoda sempre!

Diz ainda o mesmo relatório ‘é necessário e urgente devolver a vida ao campo, com asas ou sem elas, e devolver a natureza às cidades. São o meio que nos dá de comer e o meio em que vivemos

Mas o problema é muito mais dramático entre os humanos – 41,3 milhões de pessoas deslocadas devido à violência, só em 2018, a que se juntaram mais 17,2 milhões devido às inundações e aos ciclones, embora grande parte tenha regressado ao seu lar algum tempo depois.

De todas as maneiras, o aumento da temperatura e a variação das normas na regularidade da chuva, está a levar a fome a muitos lugares do mundo pela destruição das colheitas, falta de água, morte e perda de gado, cuja consequência imediata é o aumento do número de deslocalizados.

E no meio desta destruição e deste cepticismo criminoso, uma agitadora de consciências, só com 16 anos, Greta Thunberg, nas Nações Unidas olhou de frente todos os pindéricos e demais climatocépticos* ‘eu não deveria estar aqui! Devia estar no lado de lá do oceano. Roubastes os meus sonhos e a minha infância com as vossas palavras vazias. E há gente que sofre e que está a morrer! Como vos atreveis?

Tenho a sensação de que aquela menina sueca nunca irá ter uma resposta porque, dizia Camus, ‘A estupidez insiste sempre’, Einstein afirmava ‘Duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta’ e uma frase de Schiller é bastante mais elucidativa ‘Contra a estupidez até os deuses lutam em vão

*-nem sei se este palavrão existe!

António M. Oliveira

Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor

5 Comments

  1. Camus, ‘*A estupidez insiste sempre*’, Einstein afirmava ‘*Duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta*’ e uma frase de Schiller é bastante mais elucidativa ‘*Contra a estupidez até os deuses lutam em vão*’ **-nem sei se este palavrão existe!* *Sempre aprendendo e andando -ADOREI!* *Maria *

    Sem vírus. http://www.avast.com

  2. Mau grado já ter havido, pelo menos, quatro glaciações, os pardais – às dezenas – continuam a frequentar diariamente o meu quintal CLV

  3. Tem de se sentir satisfeto, até por serem desses!
    Os outros, há muitas mais gerações,, não nos deixam respirar como deve ser!
    Abraço
    A.O.

  4. Se está a pensar nuns outros que muito abundam e têm presença em todo mundo, então, tenho receio que nem o inevitável aquecimento global e a consequente “desglaciação” consigam dar-lhes fim. CLV

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