CARTA DE BRAGA – “relato sobre as minhas algibeiras” por António Oliveira

Aceito lições de quem é virtuoso, mas da Holanda, transformado no maior paraíso fiscal europeu, não aceito lições, era o que faltava! As lições aceito-as em alemão, não em flamengo!

Este ‘desabafo’ de Romano Prodi, o economista italiano presidente da União Europeia de 1999 a 2004, apareceu no ‘La Vanguardia’ do passado 17 de Maio.

Lembrei-me disto por ter lido hoje, dia 25, a propósito da crise global do ‘coronavirus’, que os países do norte europeu, Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia, só aceitam um plano de recuperação se baseado em créditos e condicionado a reformas.

Basta lembrar-me da cara de ‘diácono’ antigo, do primeiro ministro holandês, para perceber como por lá não compreendem que a Europa é apenas uma união de minorias, onde os holandeses vivem bem, em parte à custa dos grandes capitais dos outros países da união, para ali levados para fugir aos impostos.

Mais uma vez afirmo que de economia só percebo, sinto, os vazios das minhas algibeiras, mas voltando a Prodi, ‘França, Itália e Espanha jogaram excepcionalmente o mesmo jogo nos últimos tempos. Se isto se mantiver mudará a Europa, por representarem metade da população e se juntarmos outros como Portugal… não deixará de ter consequências’.

Se a França fizer valer a sua importante posição internacional, por ser o único país da União com armas nucleares, aproximamo-nos do discurso do equilíbrio europeu’.

E continuo a tentar investigar o que se passa nos vazios das algibeiras, as minhas!

Por coincidência, no mesmo jornal vem uma outra entrevista, mas a George Soros, um dos homens que fazem mexer os cordelinhos das Bolsas internacionais.

Também a propósito e tendo em conta estes considerandos, diz Soros ‘A União Europeia é particularmente vulnerável, por estar fundamentada no Estado de direito e sabe-se bem como as proverbiais rodas da justiça giram devagar. Contrastando com tudo isto, o ‘coronavirus’ move-se muito rápido e de modo imprevisível. É por isso que é necessário emitir bonos perpétuos. Se não for capaz de considerar essa hipótese, dado o excepcional das circunstâncias, é possível que a União Europeia não sobreviva!

Mas cada vez me rala mais, o que se passa nos vazios das minhas algibeiras!

E volto para casa, por um dos nossos mais respeitados analistas, Viriato Soromenho Marques que, um dia antes destes ‘desabafos’, escreve no jornal habitual, ‘Tal como nos ensinou José Régio, temos de nos unir contra o que não queremos. Não queremos perder a dimensão europeia, apesar de hoje não existir um único dirigente capaz de pensar e agir em nome da União. Se perdermos a escala europeia, não regressaremos ao Estado-nação, mas cairemos sem rede no tribalismo e na subserviência aos impérios, decadentes e/ou emergentes’.

É óbvio que perante e depois destes três ‘desabafos’, prefiro chamá-los assim, recorri ao meu banco das reservas e, mesmo podendo ser considerado subversivo, encontrei um ‘bono’ categórico do Marquês de Sade, apropriado para diáconos antigos, ‘Não há outro inferno para o homem, além da estupidez ou da maldade dos seus semelhantes’.

E lembrando-me da cara do tal diácono, bem antigo, pensei na lentidão das rodas da justiça e, com o ânimo nas últimas, parei de catar o fundo das minhas algibeiras.

António M. Oliveira

Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor

 

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