“EVOCAÇÃO DO PADRE MÁRIO OLIVEIRA por António Oliveira

Em Outubro de 2010, tive a honra de fazer a apresentação do ‘Livro da Sabedoria’, escrito pelo Padre Mário Oliveira.

Repito o texto que então arrumei, por falar bem mais do homem simples que conheci, livre de preconceitos e de barreiras.

– – – – –

Permitam que vos fale de mim, de mim pecador por orgulho, e vos peça perdão por isso!

E permitam também que vos explique porquê.

Quando o editor Jorge Castelo Branco, me convidou para apresentar o livro que têm à vossa frente, aceitei sem hesitar. 

Bem me avisou, o Jorge, que tinha pela frente uma empreitada de quase 400 páginas, mas eu, orgulhoso, nem disse que não!

Só pedi para conhecer pessoalmente o Pe. Mário, o padre da Lixa, de quem só sabia de alguns escritos e também de ouvido, como a maioria das pessoas.

Quando lá cheguei, a Macieira da Lixa, e lhe estendi a mão para um cumprimento respeitoso e formal, o Pe. Mário esticou os dois braços e respondeu-me com um abraço.

Nem sequer ainda tinha pegado no livro, mas aquele abraço ainda mais me atiçou o orgulho.

E hoje confesso, sinceramente, que devia ter tido a Sabedoria que esta obra explica e defende para, humildemente, reconhecer a quase impossibilidade de fazer uma apresentação a condizer com a dimensão desta escrita.

Cinquenta capítulos a explicar, maieuticamente, que é possível trazer a verdade à luz do dia, se descobrirmos que o Essencial só se deixa ver com Afecto!

Cinquenta capítulos a percorrer a influência do Poder na vida dum Ser Humano.

Logo ao princípio fiquei, ficamos a saber, que nos roubaram a Palavra e não fazemos mais nada do que articular sons, nestes tempos de mercado em que não há lugar para o Ser Humano porque só há lugar e tempo para a Mercadoria!

Tempos em que o mercado estrutura o Saber, mas não a Sabedoria, porque esta não se compra nem se vende!

E, humildemente, não devia ter passado do primeiro capítulo, porque este “Livro da Sabedoria” não é para ler, é para ir meditando devagarinho, aceitando o desafio que cada linha nos propõe, descobrindo-nos Humanos, sabendo da meditação o silêncio, a grande palavra da Sabedoria.

Porque estes tempos, diz o Pe. Mário, são os da incomunicação global, do ruído, do barulho e da intoxicação verbal, tudo através dos meios da Comunicação social, poderosíssimos meios de propaganda e difusão do mentiroso e assassino evangelho do Império Financeiro Global que os pariu a todos. 

Tempos em que a Sabedoria, perseguida, caluniada, ostracizada e crucificada, é o Grão de Trigo que morre sob a Terra, mas que dá fruto e é Luz, e é Vida, e é Ternura, e é Lucidez Desarmada.

E em pleno século XXI é ainda no Medo gerador de Submissão e de Menoridade, que as populações hoje vivem e não na Sabedoria da Liberdade e da Maioridade, porque os três poderes, o Patriarcal/Político, o Económico/Financeiro e o Sacerdotal se uniram num só, o Poder Financeiro Global. 

E, por isso, afirma o Pe. Mário, as dioceses, as paróquias, as catequeses, os cultos, as liturgias, as universidades, os múltiplos meios de comunicação das múltiplas igrejas e congregações, toda a actividade editorial, os santuários, as basílicas, as peregrinações, as viagens do Papa, tudo está pensado, montado e em acção, para impedir que as pessoas cheguem a ser sábias, e que os povos cheguem a ser sábios.

Só há uma solução, e é ir por Jesus e pelo seu Espírito, como ele afirma que vai, e todos os dias! 

E acrescenta, convicto, que todo o que também quiser ir, ateu, agnóstico ou religioso que se diga, a primeira coisa que tem a fazer, é mudar de Deus e, depois, ou ao mesmo tempo, mudar de Ser (Nascer de Novo), fazer-se pobre por opção e por toda a vida! A Sabedoria é por aqui que navega! Só assim seremos Seres Humanos cada vez mais plena e integralmente Humanos. Da mesma estatura de Jesus, o camponês/artesão de Nazaré, o filho de Maria!

E sei do que falo, diz o Pe. Mário, porque esta é a via que procuro frequentar e percorrer, desde que nasci da Ti Maria do Grilo, jornaleira pobre a vida inteira, e do Ti David, operário pobre a vida inteira, ambos felizes, cheios de Sabedoria, sem quaisquer ambições em ordem ao Saber e ao Ter, ao Poder e ao Lucro!

Já roubei tempo de mais ao tempo do Pe Mário Oliveira, ao tentar, agora pobremente, dizer de uma obra que, por orgulho encavalitei, e que, só agora também, mas humildemente, vou ter muito tempo para ler e aprender!

António M. Oliveira

Não respeito as normas que o Acordo Ortográfico me quer impor

 
 

3 Comments

  1. Além do prazer da escrita que me dão as tuas cartas, nuca se fica indiferente ao que dizes: as palavras ficam a ressoar, a retinir dentro de nós…Falas de um HOMEM LIVRE, talvez o mais livre que conheci: rebeldia saudável, ant-sistemas, crítico dos preconceitos…Associo-me a ti, homenageando o HOMEM!

Leave a Reply