A guerra na Ucrânia — “A NATO liderada pelos EUA afoga a Ucrânia num banho de sangue”, por Strategic Culture

Seleção e tradução de Francisco Tavares

5 min de leitura

A NATO liderada pelos EUA afoga a Ucrânia num banho de sangue

Editorial de  em 4 de Agosto de 2023 (original aqui)

 

                      Foto: domínio público

 

Este banho de sangue é uma obscenidade, um vasto crime imperial, sem qualquer esforço dos líderes americanos e europeus para prosseguirem um processo de paz.

Novos números indicam que o número de mortos militares ucranianos é de pelo menos 400.000 após 500 dias de conflito. O número real pode realmente ultrapassar 500.000. Isto é muito maior do que se estimava anteriormente, e que já era terrível. No entanto, Washington continua incoerentemente a empurrar, até ao “último ucraniano”, a fracassada contra-ofensiva.

Este banho de sangue é uma obscenidade, um vasto crime imperial, sem qualquer esforço dos líderes americanos e europeus para prosseguirem um processo de paz. Dito de modo mais rude, a guerra é um negócio e os belicistas fazem um dinheirão com ela.

Não é de surpreender que os números reais de baixas sofridas pelos militares do regime de Kiev sejam um segredo bem guardado. Os patrocinadores da NATO também estão a manter a boca fechada sobre as perdas macabras, porque fazê-lo seria uma admissão do fracasso abismal da sua guerra por procuração contra a Rússia, e isso implicaria incorrer numa poderosa reação política do público ocidental. Aí reside uma diabólica situação impossível.

No entanto, apesar dos melhores esforços para esconder a carnificina, até recentemente vários observadores independentes estimaram que o número de mortos para as forças ucranianas era de cerca de 250.000 a 300.000 desde que o conflito eclodiu em 24 de fevereiro de 2022. As baixas militares russas foram colocadas em cerca de 10% das infligidas ao lado ucraniano.

Novos dados desta semana, no entanto, indicam que a escala de perdas do regime de Kiev apoiado pela NATO é muito maior.

Imagens de satélite citadas pelo Canal Intel Republic’s Telegram de cemitérios recém-escavados em território ucraniano sugerem que pelo menos 400.000 militares morreram em batalhas com as forças russas. As sepulturas presumem corpos individuais enterrados. Além disso, não estão registados os inúmeros mortos que foram destruídos em campos de batalha ou deixados a apodrecer pelos comandantes do regime de Kiev.

Outra medida é obtida a partir de relatórios sombrios esta semana nos media dos EUA de que houve 50.000 amputados entre os soldados ucranianos, de acordo com o número de próteses de membros fornecidos por fabricantes alemães. A extrapolação desse número de vítimas corrobora a estimativa muito mais elevada de mortos de guerra.

Consequentemente, à luz do número de amputados, foram feitas comparações até mesmo pelos meios de comunicação dos EUA com o nível de atrito observado durante a Primeira Guerra Mundial. Este último é conhecido pela sua horrenda e insensata matança de homens. As comparações estão corretas, mas estranhamente passadas por alto pelos media dos EUA, sem se deter no que deveria ser uma convincente aversão à violência.

Se as batalhas na Ucrânia foram anteriormente chamadas de “picadora de carne”, então seria correto referir-se ao país mais como um banho de sangue.

O que torna isto ainda mais criminoso e desprezível é que o conflito e as mortes poderiam ter sido evitados. Washington e os seus aliados europeus da NATO optaram por ignorar todos os apelos da Rússia para negociar uma solução política para as preocupações de segurança estratégica de longa data de Moscovo sobre a expansão da NATO para o leste e a armamento do regime de Kiev. Os esforços diplomáticos de Moscovo foram repudiados em Dezembro de 2021, dois meses antes do agravamento das hostilidades.

Antes disso, o armamento do regime continuou durante oito anos depois de a CIA ter apoiado o golpe de estado em 2014 contra um presidente democraticamente eleito. (O que, a propósito, mete a ridículo as condenações dos EUA e da Europa esta semana de um golpe militar na nação do Níger, na África Ocidental. Tamanha preocupação selectiva com as legalidades!)

Desde que o conflito na Ucrânia eclodiu em Fevereiro passado, quando a Rússia interveio para defender os seus interesses vitais, o bloco da NATO intensificou deliberadamente a violência com um fornecimento implacável de armas. Washington enviou até 50 mil milhões de dólares em apoio militar ao regime de Kiev. A Grã-Bretanha, a Alemanha, a França e outros membros da NATO também utilizaram quantidades infinitas de armas, desde tanques a mísseis de cruzeiro.

Além disso, a administração americana do presidente Joe Biden rejeitou qualquer sugestão de negociar o fim do conflito com a Rússia. Os líderes europeus seguiram servilmente a insanidade e a criminalidade de Washington ao frustrar qualquer solução diplomática.

Isto apesar de as sondagens mostrarem que a maioria dos cidadãos americanos e europeus se opõem ao armamento contínuo do regime de Kiev. Muitas pessoas no Ocidente e em todo o mundo estão, com razão, horrorizadas com o massacre e com o perigo de este derramamento de sangue se transformar numa guerra total entre potências nucleares, o que seria, sem dúvida, catastrófico à escala global.

Os meios de comunicação americanos e europeus promoveram a guerra na Ucrânia com mentiras e falsidades sistemáticas. A chamada informação noticiosa tornou-se flagrante propaganda de guerra por órgãos autodeclarados vencedores do Prémio Pulitzer. As origens do conflito foram distorcidas e a natureza Nazi do regime de Kiev foi assiduamente ocultada.

A Ucrânia nunca teve uma chance de vitória contra forças russas muito superiores. No entanto, desde o início, os media ocidentais entregaram-se à ilusão de que a NATO estava “defendendo a democracia da agressão russa” (invertendo descaradamente a realidade) e alegando que o lado da NATO acabaria por vencer. Em seguida, os media ocidentais promoveram a seguinte ilusão de uma “contra-ofensiva de mudança de maré”.

É evidente que a contra-ofensiva que a NATO lançou belicosamente a partir do início de Junho revelou-se um completo e absoluto fiasco. As defesas russas em torno de territórios recém-adquiridos na região de Donbass e Zaporozhye têm sido invulneráveis a ondas após ondas de ataque. As perdas militares ucranianas são estimadas em cerca de 43.000 apenas nos últimos dois meses.

Os Estados Unidos e os seus parceiros da NATO pressionaram o regime de Kiev a embarcar numa contra-ofensiva suicida. Sem cobertura aérea e contando com ataques de infantaria contra terrenos fortemente minados, os ucranianos foram lançados na luta como carne para canhão.

Ainda mais condenáveis, os dirigentes americanos e europeus sabiam que a contra-ofensiva ucraniana não teria êxito. Reportagens do New York Times e de outros meios de comunicação admitiram timidamente isso.

O desastre iminente para a NATO é colossal. Esta calamidade faz com que o desastre da derrota da NATO no Afeganistão, faz exactamente dois anos este mês, pareça, em retrospectiva, um piquenique.

O presidente Biden pretende ser reeleito no próximo ano e o facto inevitável é que ele tem sangue a escorrer das suas mãos pela barbárie na Ucrânia. O horror épico – que arriscou imprudentemente uma guerra nuclear com a Rússia – é uma abominação monumental de inteligência, política, militar e moral para Washington e os seus vassalos europeus.

Esta semana, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria, Peter Szijjarto, revelou que os homólogos da União Europeia estão a calcular insensatamente que a guerra na Ucrânia pode continuar por mais quatro anos. Mais quatro anos! E estes líderes europeus estão dispostos a continuar a apoiar o regime de Kiev com até 20 mil milhões de fundos adicionais devido à sua deferência servil aos objectivos imperialistas de Washington. Esses objectivos têm tudo a ver com confrontar Moscovo para reforçar a hegemonia americana em declínio. A sua russofobia irracional também desempenha um papel nefasto.

Os regimes ocidentais que não respondem perante os seus povos são responsáveis por uma guerra criminosa histórica na Ucrânia. Biden e os seus cúmplices europeus encontram-se num dilema diabólico criado por eles próprios. Eles não podem admitir a derrota pela destruição e morte, e por isso continuam incoerentemente insistindo para que a Ucrânia se afunde mais no banho de sangue.

Se houvesse justiça, Biden não deveria enfrentar o eleitorado em breve. Ele e os seus sequazes ocidentais, incluindo meios de comunicação, deveriam ser processados por crimes de guerra.

 

Leave a Reply