Lawrence George Durrell nasceu em 27 de Fevereiro de 1912 (m.1990) – passa hoje o seu centenário.
Embora funcionário do Estado Britânico, foi frequentemente desconsiderado no seu país por ser considerado pouco britânico. Como disse Anthony Burgess, o autor de A Laranja Mecânica, «era primordialmente um homem mediterrânico e a opulência do seu verso e da sua prosa parecia abençoada ou amaldiçoada pelo sol»(…)«empapada em vinho e em azeite» foi considerado «uma espécie de traidor barroco da tradição insular».
Talvez seja verdade, embora possamos acrescentar que essa influência propiciou páginas admiráveis e, por outro lado, que alguns dos maiores escritores britânicos incorreram nesse tipo de traição – Byron , para não irmos muito longe. Shakespeare também se inspirou no Sul europeu com resultados brilhantes. Adido de imprensa em Atenas, no Cairo, Alexandria e Belgrado, funcionário da Coroa em Kalamata na Grécia e em Córdoba, na Argentina, Durrell habituou-se ao exotismo e a não seguir a tradição inglesa do rigor narrativo e de uma imagética contida, de que Charles Dickens é um excelente exemplo.
Sei que esta opinião não é consensual, mas acho que apesar da sua prosa poética e de um ou outro exagero formal, Durrell pode ser considerado um escritor realista. A sua obra capital é o quarteto de Alexandria que publicou entre 1957 e 1960 – Durrell classificou a sua tetralogia como «romance relativista» – Justine, Balthazar, Mountolive e Clea, contam a mesma história vista de ângulos diferentes, o que resulta em quatro narrativas diferentes, o que nos faz meditar sobre a essência da realidade. Talvez, de facto, a realidade seja um valor relativo e o real absoluto não passe de um mito.
Seja como for que se classifique a sua obra, Lawrence Durrell foi um grande escritor.