Fui ao Teatro. Vi Georges Dandin, de Molière. Por João Machado.

Um Café na Internet

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No sábado passado, dia 14 de Abril, fui  ao Auditório Municipal Lourdes Norberto, em Linda-a-Velha, com a Cooperativa Alves Redol,  ver o Intervalo Grupo de Teatro apresentar a peça de Molière, Georges Dandin.  O Intervalo Teatro é uma companhia que já leva mais de quarenta anos de trabalho. Começou em Algés, sob o nome Primeiro Acto Clube de Teatro. O Caderno de Apoio facultado pelo Intervalo Teatro informa-nos que já vão no 82º espectáculo.


Foram cerca de quarenta pessoas de Vila Franca de Xira a Linda-a-Velha, numa camionete cedida pela Câmara Municipal. A Cooperativa Alves Redol organiza regularmente estas idas ao teatro, facilitando assim que vilafranquenses vão regularmente assistir a peças apresentadas nos vários teatros da Grande Lisboa, por uma quantia acessível.


A representação de Georges Dandin foi bastante apreciada e aplaudida pelo público presente. A direcção e encenação são de Armando Caldas, que também escreveu um texto introdutório sobre Molière. Iniciou-se a representação com o actor Fernando Tavares Marques encarnando Molière e comentando a sua própria vida e os tempos actuais. A propósito da problemática tratada na peça, a convivência e os atritos entre a aristocracia, classe dominante à época, e a burguesia que aspira a tomar-lhe o lugar e que já detém o poder económico, logo no início passaram um trecho do filme de Visconti,  O Leopardo, em que o príncipe de Salina trata do casamento do sobrinho Tancredi  com Angélica, filha de um homem rico, Don Calogero, portanto  uma situação semelhante à de Georges Dandin.


A peça em si está bem representada, os actores aplicam-se com muito brio e mostram boa qualidade, a encenação pareceu-me boa, assim como o acompanhamento musical. Os conflitos entre as diferentes classes sociais estão bem retratados, num tom de comédia, logicamente. É preciso realçar que o divertimento proporcionado não oculta a problemática social tratada e a crítica aos costumes. Pode-se dizer que o Intervalo Teatro atingiu o seu objectivo e que a peça vale bem a deslocação a Linda-a-Velha.


A sala do Auditório Municipal Lourdes Norberto é pequena, mas de boa qualidade, parecendo bem adequada à representação teatral. Estava quase à cunha.


O Caderno de Apoio também é de boa qualidade, facultando informação sobre o Intervalo Teatro, a vida de Molière, a sua carreira teatral, e o teatro em França e na Europa. Para esta representação de Georges Dandin foi utilizada a versão livre de Jean-Christophe Bouvier e a tradução para português de Dulce Moreira. A propósito, o Caderno informa que a primeira tradução da peça para português foi da autoria de Alexandre de Gusmão (1695 – 1753), estadista e irmão de Bartolomeu de Gusmão. 

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