09h00 – A fragata Almirante Gago Coutinho, comandada pelo capitão-de-fragata Seixas Louçã, toma posição no Tejo, em frente ao Terreiro do Paço, intimidando directamente as forças de Salgueiro Maia. Perante esta situação, a artilharia do Movimento, já estacionada no Cristo-Rei, recebe ordens do Posto de Comando para afundar a fragata no caso desta abrir fogo. O vaso de guerra terá recebido ordem do vice-chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Jaime Lopes, “para se preparar para abrir fogo”. A ordem de disparar nunca chegou. – O major Cardoso Fontão detém, nas imediações do Q.G./R.M.L., o brigadeiro Serrano que, no 16 de Março, comandara o cerco ao RI 15.- Chega à residência de Spínola o médico Carlos Vieira da Rocha, amigo do general e proprietário do automóvel Peugeot que os haveria de transportar, no final da tarde, ao Quartel do Carmo.
09h15 – Uma força da EPC, com uma AML e uma ETT/Panhard, comandadas pelo alferes Sequeira Marcelino e pelo aspirante Pedro Ricciardi, vai reforçar a protecção do QG/RML, em São Sebastião da Pedreira.
09h35 – Chega ao Terreiro do Paço uma força comandada pelo brigadeiro Junqueira dos Reis, 2º comandante da RML, constituída por 4 CC/M47, uma companhia de atiradores do Regimento de Infantaria 1 e alguns pelotões da Polícia Militar. Dois dos carros de combate, comandados pelo major Pato Anselmo, tomam posições na Ribeira das Naus, enquanto os outros dois, sob o comando do coronel Romeiras Júnior, penetram na Rua do Arsenal.
09h40 – Protegidos pelos blindados do RC 7, os ministros da Defesa, Silva Cunha, do Interior, César Moreira Baptista, do Exército, Andrade e Silva, da Marinha, Pereira Crespo, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Joaquim Luz Cunha, o governador militar de Lisboa, Edmundo Luz Cunha, o subsecretário de estado do Exército, coronel Viana de Lemos e o almirante Henrique Tenreiro, fogem pelas traseiras do Ministério do Exército, abrindo um buraco na parede que comunica com a biblioteca do Ministério da Marinha. No parque de estacionamento interior tomam lugar numa carrinha que os transporta ao Regimento de Lanceiros 2, onde instalam o Posto de Comando das tropas leais ao Governo.
Vamos ler a opinião do argonauta Dorindo Carvalho. Acha que nestes 38 anos que decorreram desde a alvorada luminosa, passámos do Portuagal de Abril para o Portugal suicidado. E Dorindo Carvalho chama José Carlos Ary dos Santos a depor.
O 25 de Abril determinou um grande salto no desenvolvimento político-social do país. Todos sabemos.
Mas muitas das conquistas de então, foram eliminadas.
O agravamento da situação económica do nosso país é resultante dessas conquistas desfeitas pelos governos subsequentes a 1975.
É preciso salvar Abril
Temos que ser todos nós a criar um Portugal diferente, um Portugal de Abril, cada vez menos dependente das grandes poderes mundiais.
Há um Abril já feito, mas há muito Abril ainda por fazer.
As portas que Abril abriu não podem der fechadas.
«As Portas que Abril abriu» de Ary dos Santos quase que se mantém actual.
(…) Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado. (…)