Diário de bordo de 29 de Abril de 2012

 

 

 

 

 

 

Jaime Cortesão nasceu em 29 de Abril de 1884.

 

 

Médico de formação, teve uma participação constante na vida política do País, durante a Primeira República e durante a ditadura salazarista. Mas para além dessa actividade, exerceu uma permanente acção cultural, como escritor, como investigador. Desde a revista Águia ao renovador movimento da «Renascença Portuguesa», ao papel desempenhado na direcção da Biblioteca Nacional e à criação da Seara Nova, Jaime Cortesão é um imorredoiro ícone do espírito de cidadania e de entrega aos valores da ética e do amor ao seu País.

 

Como nos fazem falta, no momento presente, homens como Jaime Cortesão e o seareiros!

 

O actual presidente do Parlamento Europeu,  o social democrata Martin Schulz, esteve anteontem em Espanha, mantendo reuniões com membros do Governo, e do Congresso de Deputados e representantes da Oposição. Quis também reunir com jovens espanhóis. No final, declarou aos jornalistas sentir-se deprimido, impressionado, com os efeitos que a crise está a provocar na juventude espanhola. Afirmou saber que existem diferenças claras entre as medidas tomadas por conservadores e socialistas para enfrentar e sair da crise. Expendeu a opinião de que se deve combinar a política de austeridade preconizado por Ângela Merkel com a política de crescimento económico e de estímulo à criação de emprego.

 

Ora, nós não temos uma oposição que apresente alternativas credíveis às medidas de austeridade extrema que esta gente está a aplicar. O secretário-geral do PS vai saindo ao caminho de Passos Coelho, numa tímida política de emboscadas verbais, sem apresentar uma alternativa em que as tais diferenças claras entre socialistas e neo-liberais surjam de forma inequívoca. Fica-nos a ideia de que, grosso modo, Seguro concorda no essencial e discorda no pormenor.

 

 

Quando pensamos que num País com elevados índices de analfabetismo, como era o Portugal da Primeira República, havia políticos como os do grupo da Seara Nova, por exemplo, Raul Proença, Jaime Cortesão, António Sérgio, Raul Brandão, Aquilino Ribeiro, Augusto Casimiro, Câmara Reis… Este núcleo duro da revista definiu-a como sendo um projecto de doutrina e crítica. No editorial do nº 1, de 15 de Outubro de 1921, tinha objectivos pedagógicos e políticos – dir-se-á que, actualmente, com o analfabetismo erradicado ou reduzido a proporções residuais, esse tipo de pedagogia e de esforço doutrinário deixou de ser necessário. Sabe-se, no entanto, como a taxa de iliteracia é elevada – as pessoas sabem ler, juntam as sílabas, formam palavras, mas não lhes compreendem o sentido.

 

Esta iliteracia que afecta uma grande parte da população, está instalada nos partidos políticos do chamado bloco central. E para além do baixo nível de preparação cultural, há um preponderante espírito mercenário. Como nos fazem falta os seareiros. Homens como Jaime Cortesão. Por isso, tanto lamentamos o desaparecimento de Miguel Portas que, não estabelecendo comparações despropositadas, partilhava com Cortesão o conceito de que a política é dar e não apenas receber.

 

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