Casimiro de Brito (1938)
Memória do Primeiro de Maio
Um país iluminado por ruínas nunca repousada
Em teus olhos cegos subitamente
Rasgados / um país distendido
Entre velha colónias emancipadas
No ardor da guerra / um povo libertando-se
Do seu ovo de silêncio amoras cifrado & usura –
Tubérculo apodrecido
D’onde foi banido
o dente cariado da ditadura
O mar foi o mar na praça pública a luxuriante
Vegetação / a festa solar / a luz crua
Do exílio e da morte / o espectáculo
De um povo (águas
D’abril) a quem foi devolvido
O dom da fala / a mística
Da revolução. Ouve-se
Por toda a cidade
grande coral da liberdade
(Labyrinthus, Lisboa, 1981 e Poemabril, 2ª edição, 1994)
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